As 10 músicas da minha vida

Bem, fazer listas e escolher os melhores entre tantas opções é sempre difícil. Mas como fiz um post sobre dez filmes recentemente, gostei dessa coisa "Alta Fidelidade" (lembram do filme?) e resolvi atacar em outros lados. Aqui, tento resumir o melhor da música em apenas dez canções, sendo que todos sabem que o meu gosto é pop e muito anos 80. Mas há surpresas, certamente, para aqueles mais críticos. Algumas escolhas não tem explicação. Simplesmente acontecem. E não as "as melhores", e sim talvez "as mais importantes composições da história da música" ao meu ver.

A ordem dos títulos não revela maior ou menor importância, qualidade ou preferência pessoal.
 
1. "Bohemian Rahpsody", do Queen. Uma obra-prima musical, em todos os sentidos. Melodia, harmonia, letra, ritmo e homenagem ao lírico. Resultadode um grande trabalho dessa que pra mim é a melhor banda de todos os tempos (outra lista vem aí!).

2. "Cantaloop", do US3. Gosto do jazz mais tradicional e sou fã de Herbie Hancock. O original é maravilhoso e tenho um vinil clássico da Blue Note, que é maravilhoso. Mas quando os caras resolveram botar uma batida pop, um rap em cima e aceleraram o andamento de "Cantaloup Island", tudo ficou melhor ainda.

3.  "Can't Go Back", do Fleetwood Mac. Na verdade gosto de todo esse álbum deles, o "Mirage", que tem uma cara muito pop e o sucesso "Hold Me", a mais baba. "Gipsy" é muito legal, por exemplo. Mas essa faixa tem uma levada legal e uma caixa de bateria sem igual, marcando o compasso de maneira que fica difícil tirar do córtex. 

4. "I've Got You Under my Skin", com Frank Sinatra e Bono Vox. De autoria de um dos maiores compositores americanos, Cole Porter, é uma obra-prima em áudio. Na voz do "The Voice", mais rapidamente se tornou um clássico. Eu já tinha a canção como de cabeceira, mas quando saiu no disco "Duets" do Sinatra essa versão com o Bono passou a ser a minha preferida. E olha que eu não sou um fã ardoroso de U2.

5. "Mr. Roboto", com Styx, uma verdadeira banda dos anos 80 criada nos anos 60. É que eles fizeram muito sucesso nos EUA antes disso e estouraram aqui no finalzinho da década de 70 com "Babe" (trilha sonora da novela Água Viva). Essa faixa de 1983 fez a banda ficar mais conhecida ainda, mas em seguida eles se separaram. Mr. Roboto é uma ópera-rock de uma trama que nunca foi encenada, mas bem que poderia ser. Um arranjo pop primoroso como o vocal poderoso de Dennis de Young.

6. "Wanna be Startin' Somethin'", do tempo em que a gente comprava o vinil e curtia desde a primeira faixa. E esta é a primeira música do álbum Thriller, o mais perfeito da carreira de Michael Jackson, e talvez o disco mais bem acabado da história da música pop. Todas as músicas são boas, com a produção de Quincy Jones e os músicos de estúdio integrantes do Toto. Agora que o cara morreu parece chover no molhado, entrar na moda gostar de Miko, mas sempre gostei. E em especial, desta faixa. Não tocou tanto, pois foi abafada pelo sucesso de "Beat It", "Billie Jean" e a faixa-título "Thriller". Mas é uma loucura só.

7. "Hooked on Classics", com a Royal Philarmonic Orchestra. Uma música comercial de um disco comercial, de uma onde extremamente comercial: encadear músicas uma atrás da outra, tipo medley, com batida disco embaixo. Acontece que além ser muito bem executada e gravada, esse poup-pourri me ajudou a despertar ainda mais para a importância da música erudita. Foi com esse vinil na mão que eu passei a tentar descobrir de que trecho era cada música, e aí ouvia as originais (também em vinis do meu pai) e com isso conhecia a vida e a obra dos autores como Beethoven, Chopin, Mozart e Tchaikowsky, os mais populares - e melhores, claro.

8. "I Cannot Believe it's True", com Phil Collins. Não tem muita explicação, a não ser o fato de ter surgido nos anos 80 e ter feito minha cabeça. Mas é uma música elaborada, com melodias e estruturas mais complexas do que o pop normal. Hoje não tocaria nas FMs - tanto que nem toca mais como flash-back. Mas é uma grande composição. E com a bateria do próprio Phil, do disco "Hello, I Must be Going".

9. "Smoke on the Water", do Deep Purple. São apenas três acordes que aprendi a tocar no violão com meu irmão sem mesmo conhecer a gravação. Mas mesmo nem eu nem meu mano roqueiros - éramos muito mais black music nos anos 70 -, ele tinha lá alguns vinis, entre eles o "Machine Head". Uma obra, um vinil de largas faixas com sulcos bem separados que davam um sonzão. Redescobri a música mais de 10 anos depois quando comecei o projeto Cena de Cinema, pois ela faz parte do filme Howard Stern, o Rei da Baixaria. Um clássico que representa aqui nesta lista o melhor do rock.   

10. "48 Horas", do projeto Muzik. Pensei e pensei para tentar botar um som brasileiro na lista. Infelizmente não tem nenhuma composição que eu incluiria. Mas representando o setor, vou deixar a vaidade de lado e colocar uma música minha, que só poderia estar numa lista como a minha, pois ninguém mais incluiria. Essa canção foi um momento de inspiração e realmente eu gosto de ouvi-la. Acho que consegui um misto de melodia e letra sem comparação, ainda mais se comparar com o resto da minha "obra" - cerca de 50 composições ocultas. Mas essa ganhou duas ou três gravações com dois grandes amigos (Bado Souza e Marcos Feix) que integraram um projeto chamado Muzik, onde ganhamos algumas etapas de festivais de música e entramos para o CD oficial do Festival de Porto Alegre. A produção da faixa foi de Pedrinho Figueiredo, este sim um astro da música gaúcha. Recentemente esta mesma música saiu numa coletânea chamada "Sete Jornalistas e uma Pauta". Minha carreira de músico e compositor nunca decolou, embora eu e muita gente achasse que daria certo. Mas só o fato de ter entrado em estúdio e ter esses CDs em casa me gratificam. A composição "48 Horas" surgiu quando conheci minha mulher, Silvia, e mãe dos meus filhos, em 1998. A letra e a estrutura harmônica "baixaram" em pouco mais de 48 horas mesmo. E nosso primeiro encontro durou isso, e depois demorei a revê-la. Se a carreira musical não deslanchou, adivinha se o romance deu certo....

Faltou muita coisa. Dez é muito pouco.

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