SAÚDE: Infectologista orienta sobre como se proteger da Covid no carnaval

Os cuidados que devem ser tomados no carnaval para evitar o contágio e a transmissão de doenças foram tema do CB.Saúde, que teve como convidada a infectologista Joana D’Arc Gonçalves, do Centro Especializado em Doenças Infecciosas (Cedin-DF). À jornalista Carmen Souza, a médica chamou atenção especial quanto às precauções para quem apresenta sintomas de covid-19 e afirmou que é possível se divertir este ano com mais tranquilidade. Ela apontou ainda os riscos de contrair moléstias como a doença do beijo e a herpes.

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É o primeiro Carnaval na pandemia em que estamos em uma situação controlada e com número reduzido de óbitos. Dá pra cair na folia com tranquilidade?

Temos que buscar sempre a proteção. Estamos num cenário bastante favorável, com todos loucos para a folia, depois desses dois anos (de isolamento), mas ainda temos que tomar alguns cuidados. Isso vale, principalmente, para aquela turma que ainda não fez nenhum esquema vacinal ou não o completou. Mas, sim, dá para ter mais tranquilidade. Inclusive, sabemos que o número de casos já está aumentando no pré-carnaval, mas não temos alta mortalidade, óbitos, ou pacientes graves. Isso é muito bom.

Quem está com sintomas de influenza ou de covid-19 pode sair de casa e ir para os bloquinhos?

Recomendamos que quem tenha sintomas respiratórios, febre, mal-estar etc. não compareça a essas atividades. O ideal é se recolher e manter um certo isolamento, porque isso pode ser ruim para a população e você pode expor outros às doenças. Não é só a covid, tem outras doenças semelhantes que circulam muito em situações de aglomeração e proximidade. As pessoas podem pegar citomegalovírus (herpes), mononucleose (doença do beijo) e vários outros males. Se você tem algum sintoma, o carnaval para você não vai ser uma boa. Melhor ficar em casa.

E quem não está com o esquema vacinal em dia. Dá tempo de atualizar e sair para os bloquinhos ou tem uma janela de proteção?

Toda vez que nos imunizamos, precisamos de, ao menos, duas semanas para que o nosso organismo consiga produzir os anticorpos protetores. Vale a pena se imunizar porque fazemos isso não só para o carnaval, mas para a vida. Então, vale a pena, sim, completar o esquema. É recomendável.

Sobre a doença do beijo, falou-se muito da relação desse vírus e uma possível maior vulnerabilidade à esclerose múltipla. O que se sabe sobre isso?

A mononucleose é muito comum. Em torno de 50% das crianças menores de cinco anos já se infectaram. Nos adultos, a maioria da população já foi infectada, com locais em que mais de 90% convivem com o vírus. Essa relação entre a mononucleose e diversas doenças existe. Temos relação da mononucleose com linfoma ou com a síndrome que chamamos de fadiga muscular crônica, por exemplo. No entanto, a esclerose múltipla não se transmite por meio do vírus. Temos que deixar claro isso, porque, senão, daqui a pouco, as pessoas vão pensar que podem pegar a esclerose múltipla, porque contraíram mononucleose. Pode ser um fator associado. É preciso ter um número de avaliados muito grande para chegar a essa conclusão. Alguns estudos, como um desenvolvido nos Estados Unidos com soldados, demonstrou que as pessoas que tiveram mononucleose têm 32% mais chance de desenvolver esclerose múltipla. Entretanto, essa é uma doença multissistêmica, tem fatores ambientais, genéticos, entre outros. É cedo para se falar nessa relação.

Que cuidados devem ser tomados, então?

Tem que ter cuidado com a boca que você beija. Não dá para sair por aí pedindo teste para todo mundo. Tem que ter, sim, seu autocuidado, avaliar bem a pessoa que está na sua frente e saber que você vai estar se expondo. Existem profilaxias pré-exposição para algumas doenças e há, também, o pós-carnaval, quando você fará o seu check-up, para verificar se está com alguma infecção e tratar para não ter prejuízo.

O Brasil é um dos países em que há o maior registro de infectados pela mpox. O carnaval é um período perigoso para a disseminação do vírus?

Sim, até porque é uma doença de transmissão por contato, seja com lesões ou secreções. (…) Existe esse risco de aumento da doença, tanto da mpox, quanto das infecções sexualmente transmissíveis. Também há risco para outras doenças de transmissão respiratória e de intoxicações alimentares. No caso da mpox, não podemos ser negligentes, porque é uma doença que pode crescer de forma silenciosa.

Com informações do site O SUL


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