A comunidade da UFRGS tem protagonizado iniciativas voltadas ao enfrentamento da crise climática e de seus efeitos sociais, ambientais e econômicos. Nessa perspectiva, a crise climática tem catalisado ações transversais, que foram destacadas no seminário “A UFRGS na Emergência Climática e Ambiental”, ocorrido nos dias 18 e 19 de novembro de 2024 no Instituto Latino-Americano de Estudos Avançados (ILEA), no Câmpus do Vale da UFRGS. O evento contou com cerca de 168 participantes, que atuaram nos temas clima, meio ambiente, saúde e educação. Pesquisadores e pesquisadoras com longa trajetória no tema ambiental descobriram que ainda desconheciam muito do que a comunidade da UFRGS tem feito, em razão da falta de articulação. É necessário agir de forma coordenada, mas como?
Asscom/Portos RS |
A declaração de emergência climática tem sido realizada por países e cientistas desde 2016. Ela representa o reconhecimento formal de que as mudanças climáticas decorrentes da ação humana são uma realidade. Diante da concretude das evidências de que vivemos no Antropoceno, podemos nos intimidar e acreditar que não temos condições de enfrentar um sistema econômico e social que nos conduz ao desastre. Ou, como acadêmicos, podemos honrar a história da UFRGS, cuja comunidade não se intimidou frente a grandes crises em tempos passados. É nesse espírito de ousadia, de desenhar um futuro sem crise climática, que convidamos a UFRGS a declarar Emergência Climática e Ambiental, destacando a urgência da situação.
Essa declaração, embora aparentemente poética, requer atitudes concretas. Hoje, na UFRGS, temos pesquisadores e pesquisadoras atuando na criação de um modelo de vida e desenvolvimento sustentável, que inclui aspectos de interação entre o meio ambiente, a saúde animal e humana, além de questões econômicas e sociais. Essa atuação, no entanto, ainda ocorre de forma desarticulada. Além disso, apesar de a UFRGS já contar com ensino, pesquisa e extensão voltados ao monitoramento climático, é necessário aprimorar um sistema de monitoramento multicamadas que abranja desde eventos de âmbito global e planetário até desfechos em nível local. Por fim, a UFRGS precisa estabelecer uma comunicação interna e externa clara, capaz de transmitir adequadamente mensagens sobre eventos climáticos e ambientais.
Para integrar essas diversas ações, surge a proposta da Secretaria Especial de Emergências Climáticas e Ambientais (SEECAM). O projeto, submetido ao Conselho Universitário da UFRGS e apoiado por especialistas que participaram do evento de novembro, representa uma ação essencial para enfrentar a crise climática e ambiental.
Ao declarar emergência climática e ambiental, a UFRGS indica os caminhos para a gestão de riscos no presente e traça um projeto de futuro pautado no desenvolvimento sustentável.
Marcia Barbosa é reitora da UFRGS
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