Porto Alegre tem quarto melhor resultado em estudo que mede o transporte público

O sistema de transporte público de Porto Alegre é o quarto melhor entre oito capitais quando se trata de conectar domicílios a locais de trabalho com mais rapidez. Isso é o que mostra o Indicador de Mobilidade Urbana desenvolvido pelo Instituto Cidades Responsivas, que fez um estudo avaliando meios de locomoção utilizados no deslocamento entre casa e serviço em um prazo de até 45 minutos. Quando esse trajeto é feito de carro, a capital gaúcha cai para a quinta posição. 

Gustavo Roth/EPTC/PMPA

Para chegar aos resultados, o instituto dividiu em hexágonos os mapas das cidades analisadas — Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Fortaleza. A partir do centro de cada uma, calculou o número de domicílios e o de oportunidades de empregos formais alcançados em até 45 minutos, seja por meio de transporte público ou de carro. Por fim, dividiu o número de empregos pelo número de domicílios, chegando ao indicador — quanto maior esse indicador, melhor a conexão entre lares e postos de trabalho.

No caso do deslocamento com transporte público, Belo Horizonte, Curitiba e São Paulo estão à frente de Porto Alegre. Maior metrópole do país, a capital paulista, mesmo com área territorial três vezes maior, supera em muito pouco o indicador gaúcho. Se expandir as casas decimais, o de São Paulo é 0,2303, enquanto o de Porto Alegre é de 0,2269.

Foram utilizados no estudo dados do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fonte da localização das residências, e o Relatório Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho, para as vagas formais. Além disso, utilizou ferramentas do Google e do Mapbox para obter o tempo dos deslocamentos, sendo o primeiro para os transportes públicos e o segundo para os carros.

— A nossa ideia de fazer essa pesquisa não parte tanto de olhar o sistema de mobilidade, mas muito mais de olhar o sistema de planejamento da cidade, principalmente para o plano diretor. Ele teria essa função de dizer quantas pessoas conseguem morar num lugar e quantos edifícios, postos de trabalho e coisas do tipo conseguem surgir também. Quanto mais se consegue, no plano diretor, aproximar pessoas, residências e empregos, mais se facilita o trabalho para quem vai montar infraestrutura de mobilidade urbana depois — explica o cientista de dados do Instituto Cidades Responsivas, Guilherme Dalcin.

Ao olhar para o mapa de Porto Alegre, o indicador reflete a deficiência do transporte público em ligar domicílios a empregos na Zona Sul — especialmente quando comparado aos resultados obtidos com o carro. Isso se explica, segundo Dalcin, que também é mestre em planejamento urbano, pela flexibilidade na locomoção possibilitada pelo carro, e pela densidade populacional:

— Conforme você vai se afastando do centro, vai diminuindo a população. Conforme você vai em direção a Zona Sul, começa a se tornar menos viável colocar mais linhas (de ônibus), e o transporte para quem mora lá fica mais carente ou fica escasso.

Isso não significa que o transporte público é mais eficiente na Zona Norte, mas que a posição geográfica dessa região em relação à conexão com outros municípios favorece o deslocamento dos moradores para mais postos de trabalho.

"Apesar de calcularmos essa relação para Porto Alegre, consideramos as oportunidades de emprego que estão na Região Metropolitana. Então, a zona norte de Porto Alegre aparece com bons números em relação à média da cidade, porque ela também tem acesso aos empregos que tem em Alvorada, Gravataí, Cachoeirinha, entre outras cidades", afirma Dalcin.

Além do planejamento urbano, extensão e características geográficas estão entre os fatores que influenciam as diferenças de indicadores entre as capitais. Dalcin menciona, por exemplo, a necessidade de ampliar as rotas para contornar relevos, como acontece em Florianópolis e no Rio de Janeiro, e a limitação de crescimento de Porto Alegre a oeste, devido ao Guaíba.

— Geralmente, a gente compara com as situações de Curitiba e Belo Horizonte, que têm uma facilidade geográfica de serem cidades mais compactas, com menos território, e conseguem crescer a partir dos centros sem tantos obstáculos geográficos, mas que também têm alguns investimentos. Em Curitiba, existem linhas de ônibus rápidos, principalmente em horários de pico, que tentam ligar a periferia ou centro e fazer essa aproximação de quem mora mais longe, onde tem mais empregos, de forma mais rápida — acrescenta o cientista.

O critério de extensão, por exemplo, explica por que São Paulo, que tem o sistema de transporte público mais robusto do país, segundo Dalcin, fica na terceira posição do ranking.

— Em grande parte, em razão das dificuldades adicionais que uma população maior e um território maior trazem à mobilidade urbana — pontua.

Na comparação com Porto Alegre, o especialista destaca o modal que coloca a capital paulista em relativa vantagem em relação à gaúcha: 

— Basicamente, a área central de São Paulo tem um desempenho melhor do que Porto Alegre por causa do metrô, mas a diferença entre as duas não é maior porque as áreas periféricas de São Paulo são bem menos abastecidas, até mesmo comparando com Porto Alegre — revela Dalcin.

Fonte: GZH, acesse aqui o conteúdo original e veja infográficos e mapas


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