Como orientar os filhos para não caírem em comportamentos de riscos divulgados nas redes sociais

Uma menina de 8 anos de idade, moradora de Ceilândia, Distrito Federal, morreu neste domingo após inalar um desodorante aerossol. Um caso trágico que choca pelo absurdo da situação. Segundo a Polícia Civil, a garota fez isso para participar de um desafio lançado em redes sociais, que propõe uma competição para ver quem consegue ficar mais tempo inalando o produto. 

Ainda de acordo com a polícia, será investigado como a criança teve acesso à publicação e quem é ou são os autores da postagem.

Esse não é o primeiro caso do tipo. Em março deste ano uma menina de onze anos de Bom Jardim, Pernambuco, também morreu após inalar desodorante.


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Como a psiquiatra Danielle Admoni explica, a via inalatória é uma via de entrada muito mais rápida de qualquer substância do que a via oral. Quando ingerimos um medicamento pela boca, por exemplo, leva mais tempo para ser processado, já que passa por órgãos como  intestino e fígado. Porém as substâncias inaladas vão diretamente para a corrente sanguínea, seguindo para o coração, o que pode levar a uma arritmia e, consequentemente, à morte.

“Além disso pode acontecer uma reação alérgica grave, com edema de glote, que é quando a garganta ‘fecha’, o que leva a asfixia, ou pode ocorrer uma queimadura das vias aéreas superiores, no caso de inalação de uma substância mais abrasiva”, diz Danielle, que é psiquiatra geral e psiquiatra da infância e adolescência, supervisora na residência de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/EPM) e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

Outro agravante é que alguns desodorantes contêm um alto índice de etanol, então inalá-los provoca o mesmo efeito de ingerir uma grande quantidade de álcool em um curto período de tempo, um efeito mesmo de uma intoxicação alcoólica, né? Então você pode ter alteração de humor, ou seja, uma intoxicação alcoólica. Podem ocorrer sintomas como tontura, descoordenação motora, fala arrastada, sonolência e até uma alteração cardíaca e parada respiratória.

Segundo Danielle Admoni, a melhor maneira de impedir que crianças e adolescentes se engajem neste tipo de comportamento de risco é criar um vínculo sólido desde a primeira infância. “É preciso conversar sempre e escutar de verdade, perguntar sobre como foi o dia da criança, contar do seu dia também, fazer atividades juntos etc”, afirma.

E também sempre orientar que ela vai ver bobagem na internet e que precisa contar quando assistir ou ler algo estranho nas redes. “E explicar que as pessoas de confiança são os pais, outros familiares e professores, e não quem eles veem na internet”, diz a médica. “Não podemos deixar uma criança tão nova sozinha com um celular na mão. Temos que parar e dialogar olho no olho, não adianta almoçar e jantar juntos e cada um ficar no seu celular”, afirma Danielle.

Fonte: Assessoria de Imprensa

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