Ana Maria Gonçalves é a primeira mulher negra a ingressar na ABL

Ana Maria Gonçalves foi eleita, nesta quinta-feira (10), para a Academia Brasileira de Letras. Autora do consagrado romance “Um defeito de cor”, ela ocupará a Cadeira 33, sucedendo o filólogo Evanildo Bechara. Com a eleição, Ana Maria se torna a primeira mulher negra a integrar a instituição em seus 128 anos de história.

Rio de Janeiro (RJ), 05/10/2023 - A escritora Ana Maria Gonçalves durante gravação do programa Trilha de Letras, da TV Brasil, na biblioteca da Maison de France, centro da cidade. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil
Tânia Rego/Agência Brasil


Natural de Ibiá (MG), a escritora estreou na literatura com “Ao lado e à margem do que sentes por mim” (2002), mas foi com “Um defeito de cor” (2006) que conquistou amplo reconhecimento nacional e internacional.

Duas mulheres receberam votos na eleição desta quinta: Ana Maria Gonçalves, 30 votos; Eliane Potiguara, 1 voto. Com uma escrita que entrelaça memória e ancestralidade africana, a escritora, roteirista e dramaturga Ana Maria Gonçalves foi escolhida para ocupar a cadeira que, por 25 anos, foi do gramático Evanildo Bechara, considerado um dos maiores estudiosos da língua portuguesa. O acadêmico morreu em maio, aos 97 anos.

Ana Maria Gonçalves nasceu em Ibiá, Minas Gerais. Já atuou como empresária, agente cultural e pediu demissão do trabalho de publicitária, em São Paulo, para morar na Bahia, onde começou a escrever livros. Em 2002, lançou, de forma independente, “Ao lado e à margem do que sentes por mim”, uma ficção autobiográfica.

Quatro anos depois, publicou “Um defeito de cor”, considerado pela crítica um dos livros mais importantes do século 21. O romance conta a história de Kehinde, uma das lideranças da Revolta dos Malês, que aconteceu em Salvador, em 1835. A personagem foi inspirada em Luísa Mahin, mãe do advogado e abolicionista Luís Gama, que nasceu livre, mas foi vendido pelo próprio pai quando tinha 10 anos. Em 2024, o livro deu origem ao enredo da Portela. “Um defeito de cor” também inspirou uma exposição de arte.

Com quase mil páginas, a obra não trata apenas da presença do povo negro no país. Conta a história do Brasil do ponto de vista de uma mulher negra - perspectiva que Ana Maria Gonçalves traz com ela para a Academia. A chegada da escritora à ABL é um convite à escuta, à revisão da nossa história e à celebração de uma literatura diversa.

Antes dela, outras mulheres negras já haviam tentado entrar na ABL, como Conceição Evaristo, que em 2018 recebeu apenas um voto.

Mulheres na ABL

Ana Maria será a 13ª mulher a vestir o fardão da ABL. Desde a entrada pioneira de Rachel de Queiroz em 1977, outras escritoras ocuparam cadeiras importantes, como Lygia Fagundes Telles, Nélida Piñon e Fernanda Montenegro. Atualmente, a instituição conta com cinco acadêmicas, incluindo nomes como Lilia Schwarcz e Miriam Leitão. Apenas duas mulheres presidiram a academia até hoje: Nélida Piñon, em 1997, e Ana Maria Machado, entre 2012 e 2013.

Fonte: Metrópoles, TV Brasil e G1


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