A organização das Avós da Praça de Maio anunciou nesta segunda-feira (7) a descoberta de mais um neto desaparecido durante a ditadura argentina (1976-1983). Com isso, agora foi alcançada a marca de 140 pessoas sequestradas e que tiveram suas identidades recuperadas em função do trabalho da conhecida entidade, que protesta historicamente na Praça de Maio (foto abaixo), em frente à Casa Rosada, sede do governo, em Buenos Aires.
Aguiar Buenos Aires/Reprodução |
As Avós da Praça de Maio (antes conhecidas como as "mães de maio") são uma organização fundada em 1977 por mães de militantes de esquerda que foram opositores da última ditadura da Argentina e terminaram sequestrados e mortos pelo regime.
O neto 140 ainda não teve sua identidade revelada à imprensa. O processo de recuperação da identidade inclui a preservação do nome da pessoa e seus dados pessoais.
O que se sabe é que se trata de um homem nascido em 1977, filho de dois militantes comunistas Graciela Romero e Raúl Metz, que foram sequestrados pelo regime ditatorial em dezembro de 1976, quando Graciela estava grávida.
O comunicado das Avós conta que Graciela e Raúl se conheceram quando ambos estavam deixando o Partido Comunista argentino, do qual eram militantes, para se filiarem a uma legenda dissidente, o Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT), também de orientação marxista e que, a partir de 1976, também foi perseguido pelo regime liderado pelo general Jorge Videla.
O neto 140 não é filho único. No dia do sequestro, Graciela e Raúl conseguiram salvar sua filha mais velha, Adriana Metz, que tinha dois anos e foi deixada aos cuidados de sua vizinha.
Adriana foi a figura principal da coletiva na qual as Avós anunciaram a restituição do neto 140, seu irmão mais novo.
Imagem difundida nas redes sociais para anunciar a descoberta do neto número 140 |
“Conversei com ele por telefone e me contou que foi criado como filho único e não tinha família. Então, eu respondi ‘ei, eu estou aqui’, e ele me disse ‘agora eu sei boluda’”, contou Adriana, que riu após o relato – lembrando que ‘boludo’ e uma gíria muito usada na Argentina, que dependendo do contexto pode ser um xingamento, mas em outros casos pode ser uma manifestação e carinho.
A presidenta das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, também participou da coletiva, e disse que “mais uma vez, a verdade se impôs sobre o esquecimento, mais uma vez floresceu uma identidade, e isso sempre precisa ser comemorado”.
Fonte: Opera Mundi e Rede AP
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