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A grande novidade reside na análise de biomarcadores específicos, como a proteína pTAU, que indicam a presença da doença. A principal vantagem desse exame é seu caráter não invasivo, baixo custo e facilidade de aplicação em larga escala. Essa acessibilidade é crucial para a detecção precoce, que se mostra essencial para retardar o avanço do Alzheimer por meio de mudanças no estilo de vida.
A Luta Contra uma Doença em Ascensão
Com a previsão de 75 milhões de casos de demência globalmente até 2030, a descoberta do professor Santos surge como um verdadeiro sopro de esperança. O projeto, iniciado em 2012 durante seu doutorado, foca no estudo de biomarcadores na saliva capazes de diagnosticar o Alzheimer precocemente.
"A saliva é um fluido composto por centenas de substâncias, muitas capazes de indicar doenças no organismo. Já sabemos que é viável detectar o Alzheimer dessa forma e agora vamos estender a pesquisa para grupos de diferentes faixas etárias, porque as proteínas responsáveis pelos danos aos neurônios começam a se acumular no cérebro 20 anos antes de os primeiros sintomas se manifestarem", explica Gustavo Santos.
Atualmente, o Alzheimer é compreendido como uma doença de progressão contínua ("continuum"), não mais exclusivamente associada à terceira idade. Sua progressão se divide em fases: um estágio pré-clínico (onde as proteínas começam a se formar no cérebro) e uma etapa prodrômica (período anterior aos sintomas claros, com sinais leves e inespecíficos), antes das fases leve, moderada e avançada.
Esperança para o Futuro e Busca por Investimentos
Embora ainda não haja um medicamento que reverta a doença após atingir a fase clínica e comprometer os neurônios, há vacinas em desenvolvimento nos Estados Unidos e na Suíça. Para Santos, a detecção precoce de biomarcadores permitirá mitigar fatores de risco associados à doença, como obesidade, sedentarismo, tabagismo ou alimentação pouco saudável — os pilares da longevidade.
Atualmente, o diagnóstico de Alzheimer é feito por exclusão, utilizando exames de sangue, imagem e testes neurocognitivos para descartar outras patologias. "Conseguindo obter um marcador biológico afirmativo, poderemos sair dos testes indiretos", afirma o cientista. O projeto já descobriu que as concentrações de proteína tau hiperfosforilada (pTAU) são maiores em pacientes com Alzheimer, mais baixas em idosos sem a doença e muito menores em adultos jovens saudáveis.
A grande vantagem de usar a saliva é o baixo custo, além de ser um procedimento não invasivo. O projeto busca agora investidores dispostos a contribuir para que o teste se torne uma realidade amplamente disponível. Com a projeção de 75 milhões de pessoas com algum tipo de demência em 2030 – sendo o Alzheimer a forma mais comum, com prevalência em países de baixa e média renda como o Brasil – essa pesquisa se torna uma prioridade para a saúde pública global. Fatores de risco como baixa escolaridade e assistência médica precária agravam ainda mais a situação.
RPJ News, G1 e Redação AP
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