Projeto leva debate sobre população LGBT+ a escolas públicas de Porto Alegre e Região Metropolitana

Numa manhã do mês de junho, mês em que se relembra o orgiulho LGBT+,  estudantes do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, o tradicional Julinho, no bairro Santana, em Porto Alegre, se reuniram para acompanhar o início de uma iniciativa voltada à transformação do ambiente escolar por meio da arte. 

Eram 10h30min quando cerca de 500 jovens — com idades entre 15 e 17 anos — chegaram ao auditório ainda agitados, trocando risadas e cochichos. Mas bastaram três toques ecoarem para o clima mudar. A atenção, antes dividida com as telas dos celulares, se voltou inteira para o palco.

Ali estavam os atores Juliano Passini, Cassio do Nascimento, Manu Goulart e Letícia Kleemann, prontos para apresentar a peça Terapia Colorida — #TudoJunto&Misturado. O espetáculo daquele dia 11 marcou o pontapé do Educar Colorido, uma proposta inédita aprovada em edital da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac).

Reprodução Facebook


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O projeto tem levado atividades gratuitas a alunos e professores do Ensino Médio. O primeiro ato veio justamente no Mês do Orgulho LGBT+, mas as ações seguem até setembro, em escolas públicas da Capital e da Região Metropolitana.

— A ideia surgiu com os retornos que recebemos nos bate-papos depois das apresentações de Terapia Colorida. A gente percebeu que o espetáculo tinha um potencial enorme de abordar uma pauta muito necessária, que é o relacionamento entre casais homoafetivos, de forma leve, acolhedora e acessível a todos — explica Juliana Barros, idealizadora do projeto e autora e diretora da peça.

Depois das sessões, os estudantes são convidados a conversar sobre os temas abordados e a refletir sobre suas vivências dentro e fora da escola. O Educar Colorido também oferece oficinas com especialistas nas áreas de educação, psicologia, direito e arte. Além disso, são distribuídas cartilhas com informações como: direitos garantidos à população LGBT+, canais de acolhimento, de denúncia e outros conteúdos fundamentais.

Quando o palco toca o coração

Já na estreia, o impacto foi nítido. No auditório do Julinho, reações emocionadas mostraram o quanto o público estava envolvido. Mais do que uma peça, Terapia Colorida se revelou um convite à escuta e ao olhar sensível, aproximando os jovens de temas que muitas vezes ainda são silenciados no dia a dia.

Para a atriz Manu Goulart, o que se viu ali foi prova da força dessa conexão entre palco e plateia:

— O teatro acontece mesmo é com a troca. E no Julinho foi potente. As reações do público conversavam com as cenas. Onde há reação, tem reflexão. Onde há esse olhar atento, existe troca de verdade.

O ator Cassio do Nascimento também sentiu isso de forma intensa. Ele comenta sobre um momento específico que o tocou profundamente:

— Cada personagem tem seu monólogo. O meu, o Gustavo, fala sobre o racismo que sofreu na vida e o medo de assumir sua sexualidade por causa de mais preconceito. Nesse momento, bem na minha frente, tinha um menino preto chorando muito. Aquilo me pegou de um jeito... Foi como se os sentimentos do personagem e os meus se misturassem.

Juliano Passini destaca o desafio – e a recompensa – de se conectar com o público jovem:

— Segurar a atenção dessa geração, tão ligada ao digital, não é fácil. Mas conseguimos trocar. A maior parte do tempo eles estavam com a gente, se permitindo viver aquela emoção única, daquele momento. Depois do espetáculo, ouvimos relatos muito fortes. Mostram que o tema é necessário, urgente — conta o ator. 

Já para Letícia Kleemann, o espaço físico onde tudo aconteceu diz muito sobre outro grande impacto do projeto:

— As escolas estão querendo abrir as portas para esse tipo de movimento. O palco onde nos apresentamos estava parado fazia tempo, dava pra ver. É um espaço incrível de troca que estava sem uso. Reocupar esse lugar é fundamental.

Vem mais por aí

As escolas e a comunidade podem acompanhar o projeto pelo Instagram @educarcolorido. A primeira edição já tem as instituições participantes definidas. Mas a expectativa é de que venham outras rodadas, com ainda mais escolas envolvidas.

— Nossa torcida é para que essa seja só a primeira edição. O projeto é muito necessário e comprometido com a educação. No final do ano, também vamos lançar um vídeo com o resultado de tudo que foi construído — adianta Juliana.

Enredo da peça

Eduardo, vivido pelo ator Juliano Passini, é um ator e gay assumido que não abre mão de mostrar publicamente seu namoro com Guto. Já Guto, interpretado por Cassio do Nascimento, é médico e não assume publicamente a sua orientação sexual. 

Mônica, papel da atriz Manu Goulart, é lésbica, veterinária e controladora. Ela se apaixona por Júlia, feita por Letícia Kleemann, e desenvolve com ela uma relação de proteção com compensações afetivas. Júlia é atriz e performer, bissexual e se envolve com Mônica por dificuldades afetivas e falta de maturidade.

Fonte: Diário Gaúcho



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