O filme secreto de Gerbase

Entrevistei o cineasta gaúcho Carlos Gerbase na Rádio Bandnews FM, também jornalista, também músico (da famosa banda Replicantes), meu ex-professor de fotografia na PUC, de quem era fã da coluna de cinema que ele fazia no portal Terra. Gerbase não tinha pruridos para elogiar produções comerciais e desancar o pau naquelas "unânimes intocáveis". Comprava muita briga com o público, e respondia uma a uma as rebatidas dos leitores, criando um verdadeiro fórum. "Dava um trabalhão danado", confessou Gerbase no intervalo, fora do ar. O que não lhe disse é que eu sabia disso, pois fui convidado para fazer exatamente a mesma coisa para o Terra depois que ele saiu, e foi por detalhe que acabei não assumindo o negócio. Diretor dos longas "Sal de Prata" (gostei) e "Tolerância" (gostei muito, um marco divisório no cinema gaúcho), Gerbase faz parte da Casa de Cinema, produtora que une três casais que são seis artistas ligados ao cinema. Gerbase é casado com Luciana Tomasi, produtora de filmes e que também integrou os Replicantes. Giba Assis Brasil é o montador oficial dos filmes da casa e é casado com Ana Luiza Azevedo, diretora de arte, assinou alguns curtas e se prepara para lançar seu primeiro longa e Nora Goulart, produtora e casada com Jorge Furtado, diretor de "Ilha das Flores" (curta histórico) e dos longas "O Homem que Copiava" e "Meu Tio Matou um Cara". A produtora se prepara para lançar em julho "Saneamento Básico", o novo filme de Furtado, cujo trailer já está nos cinemas. Como sempre, um argumento criativo, humor inteligente e elenco pintado de estrelas.

O que Gerbase revelou e muita gente não deve saber é que ele já tem pronto um terceiro longa, que filmou em dezembro de 2006 e janeiro de 2007 em Porto Alegre. Sem nomes conhecidos, utilizando muitos ex-alunos de cinema que revelaram ter dotes artísticos, o cineasta rodou uma história urbana, que afirmou ter os ingredientes "amor, sexo, rock and roll - essas coisas que têm nas minhas obras", deixou escapar também fora do microfone. Insisti para saber qual seria o nome. Quase que o ex-professor revela. Mas não, insistiu: "é secreto, o nome é secreto, este é meu filme secreto". O cineasta, ao contrário do que vem fazendo a Casa de Cinema, quer uma divulgação discreta, sem estardalhaços e talvez com uma estratégia diferente: "penso em avisar a todos que o filme vai passar em tais salas, em tais cidades, em uma única e determinada semana, e tirar de cartaz. Depois de um bom tempo, só na internet ou em DVD" sonha Gerbase - mais uma vez fora do ar. Estes detalhes exclusivos não fizeram parte da entrevista, pois assunto é o que não falta para entrevistar o diretor.

Comentários

Mário Pertile disse…
Gerbase é uma grande figura da nossa terra, mas uma DAS (assim, com maiúsculas) grandes figuras...sem muita babação de Ovo.

Concordo sobre o Tolerância, excelente filme, direção, atuações, enfim. Sem falar na tomada do Ocidente... "Fotografia digital?" ahaha, show de bola.

Bons tempos do Repli com Gerbase nos vocais e seu macacão inconfundível, rasgado desde o show no Fórum Social Mundial. Eu estava lá, como também estava num dos últimos shows comandados por ele e seu tradicional mosh, estremecendo o assoalho da hermética garajona. Tem que ser Hard...Tem que ser Core...Tem que ser HARDCORE! E para finalizar, eu também estava quando Gerbase tocou bateria, cantou, e devolveu de forma majestosa o microfone para Vanderlei Luís Wildner, no mesmo solo onde tudo começou, onde a João Telles rasga a Osvaldo Aranha, para voltar num final épico...isso é que é uma Festa Punk! e tenho dito. Dá-lhe Gerbase e o seu macacão!
Mário Pertile