Zodíaco

Fui ver com atraso o "Zodíaco", e demorei mais ainda para escrever algo. Ainda bem que não li por demais as críticas sobre o filme, senão talvez desistisse. Mas num bate-papo com o Mário Pertile, o editor do site Cena de Cinema, parece que concordamos: não parece um filme de David Fincher. Em muitos momentos, torna-se arrastado e quase monótono. Algumas seqüências são desnecessárias e o personagem de Robert Downey Jr, o melhor do filme - alguém já comentou - desaparece num dado momento da narrativa. Pecados imperdoáveis para quem já fez filmaços como "Seven" e "O Clube da Luta", embora ainda assim fique acima da média dos policiais comuns que são produzidos aos borbotões em Hollywood. Fincher nos conquista com o clima de suspense que ele consegue armar, com a ambientação setentista extremamente apurada, e com a fissura de Robert Graysmith, o cartunista que um dia tomou para si a honra de descobrir a identidade secreta do assassino serial dos EUA. A história, que já foi contada no cinema algumas vezes ("O Verão de Sam", de Spike Lee, por exemplo), é muito intrigante e é que o faz a gente segurar firme até o final para ver como tudo se resolve - ou não se resolve. A hora das "letrinhas finais" é muito esperada, esclarecedora e surpreendente em alguns pontos, principalmente para os menos versados em serial killers americanos dos anos 70. Mais um ponto fraco: uma ótima trilha, mas pouco explorada na tela. Quase não ouve música, numa década em que se tinha tudo para ouvir!

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