Bressane ganha Festival de Brasília e é vaiado

O filme Cleópatra, de Julio Bressane, recebeu a maior vaia da história do Festival de Brasília ao ser anunciado como o vencedor do Candango de Melhor Filme. Enquanto vaiava fortemente, o público começou a sair da Sala Villa-Lobos antes de o cineasta chegar ao palco para agradecer. “A arte pode estabelecer relações com as diferenças, sobretudo sexuais. Agradeço a inteligência de vocês”, devolveu o diretor, ironizando a reação da platéia.

O filme, uma leitura livre, erudita e poética da história de Cleópatra na língua portuguesa, foi o grande vencedor da noite, levando seis Candangos: melhor som, direção de arte, trilha sonora, fotografia, atriz e melhor filme. Bressane é o diretor com o maior número de Candangos de melhor filme na estante, quatro no total - além de Cleópatra, ele venceu com Tabu (1982), Miramar (1997) e Filme de Amor (2003).

Um pouco antes do anúncio final, a atriz Alessandra Negrini, que não estava presente à cerimônia, também foi fortemente vaiada ao ser anunciada como Melhor Atriz. A favorita do público era Rosane Mulholland, presente em dois filmes da competição, Falsa Loura e Meu Mundo em Perigo. Cleópatra começou a ser vaiado ao receber o terceiro troféu da noite, o de direção de arte para Moa Batson, indicando que a platéia estava insatisfeita com os muitos prêmios dados ao filme.

Grande preferido da platéia, o filme Chega de Saudade, que mostra vários personagens vivendo seus dramas em uma única noite num salão de baile, foi muito aplaudido pelo público ao levar três prêmios: melhor direção para Laís Bodanzky, roteiro para Luís Bolognesi e Júri Popular.

Anabazys, documentário de Joel Pizzini e Paloma Rocha que recria em linguagem inventiva e vertiginosa o processo de filmagem do último filme de Glauber Rocha, A Idade da Terra (1980): Prêmio Especial do Júri e melhor montagem para Ricardo Miranda.

Trópico das Cabras, do paulista Fernando Coimbra, foi escolhido o Melhor Curta-Metragem em 35mm; e Convite para Jantar com o Camarada Stalin, do mineiro Ricardo Alves Junior, levou o Candango de Melhor Curta-Metragem em 16mm.

PREMIAÇÃO 2007

PRÊMIOS OFICIAIS - TROFÉU CANDANGO

LONGA-METRAGEM 35MM

Melhor Filme – R$ 80.000,00
Filme: CLEÓPATRA, de Julio Bressane

Melhor Direção - R$ 20.000,00
LAÍS BODANSKY por Chega de Saudade

Melhor Ator – R$ 10.000,00
EUCIR DE SOUZA por Meu Mundo em Perigo

Melhor Atriz - R$ 10.000,00
ALESSANDRA NEGRINI por Cleópatra

Melhor Ator Coadjuvante – R$ 5.000,00
MILHEM CORTAZ por Meu Mundo em Perigo

Melhor Atriz Coadjuvante - R$ 5.000,00
DJIN SGANZERLA por Falsa Loura

Melhor Roteiro – R$ 10.000,00
LUIZ BOLOGNESI por Chega de Saudade

Melhor Fotografia – R$ 10.000,00
WALTER CARVALHO por Cleópatra

Melhor Direção de Arte – R$ 10.000,00
MOA BATSON por Cleópatra

Melhor Trilha Sonora – R$ 10.000,00
GUILHERME VAZ por Cleópatra

Melhor Som – R$ 10.000,00
E ainda Prêmio Dolby: consiste na licença para usar o sistema de som Dolby (equivalente a 4 mil dólares)

LEANDRO LIMA por Cleópatra

Melhor Montagem - R$ 10.000,00
RICARDO MIRANDA por Anabazys

PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI
ANABAZYS, de Paloma Rocha e Joel Pizzini

CURTA-METRAGEM EM 35MM

Melhor Filme - R$ 20.000,00
Filme: TRÓPICO DAS CABRAS, de Fernando Coimbra

Melhor Direção – R$ 10.000,00
LEONARDO LACCA por Décimo Segundo

Melhor Ator – R$ 5.000,00
WOLNEY DE ASSIS por Enciclopédia do Inusitado e do Irracional

Melhor Atriz – R$ 5.000,00
LARISSA SALGADO por Trópico das Cabras

Melhor Roteiro – R$ 5.000,00
CAMILO CAVALCANTE por O Presidente dos Estados Unidos

Melhor Fotografia – R$ 5.000,00
LULA CARVALHO por Trópico das Cabras

Melhor Montagem – R$ 5.000,00
LUIZ GUIMARÃES DE CASTRO por Eu sou assim – Wilson Batista

CURTA OU MÉDIA OU LONGA-METRAGEM EM 16MM

Melhor Filme – R$ 15.000,00

Filme: CONVITE PARA JANTAR COM O CAMARADA STALIN, de Ricardo Alves Junior

Melhor Direção – R$ 10.000,00
RICARDO ALVES JUNIOR por Convite para jantar com o Camarada Stalin

Melhor Ator – R$ 5.000,00
ARDUINO COLASSANTI no filme Esconde Esconde, de Álvaro Furlan

Melhor Atriz – R$ 5.000,00
SUZANNA KRUGER no filme Esconde Esconde, de Álvaro Furlan

Melhor Roteiro – R$ 5.000,00
ALVARO FURLONI, pelo filme Esconde Esconde

Melhor Fotografia – R$ 5.000,00
TOMAS PERES SILVA, Convite para jantar com o Camarada Stalin, de Ricardo Alves Junior
Melhor Montagem – R$ 5.000,00
MARINA MELIANDE, por O LABIRINTO, de Gleysson Spadetti

Premio Especial do Júri para O CRIADOR DE IMAGENS, de Diego Hoefel e Miguel Freire

Menção Honrosa para SISTEMA INTERNO, de Carolina Durão

PRÊMIO JÚRI POPULAR
Melhor longa-metragem em 35mm – R$ 30.000,00
Filme: CHEGA DE SAUDADE, de Laís Bodanzky

Melhor média ou curta-metragem em 35mm – R$ 20.000,00
Filme: EU SOU ASSIM - WILSON BATISTA, de Luiz Guimarães de Castro

OUTROS PRÊMIOS

CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL
Exclusivo para produções do Distrito Federal

Melhor longa-metragem em 35mm R$ 50.000,00
E ainda Prêmio Quanta - R$ 10.000,00 em equipamentos de iluminação e maquinaria

Filme: SIMPLES MORTAIS, de Mauro Giuntini

MELHOR MÉDIA OU CURTA-METRAGEM EM 35MM R$ 10.000,00
E ainda Prêmio Quanta - R$ 8.000,00 em equipamentos de iluminação e maquinaria

Filme: DIA DE VISITA, de André Luís da Cunha

MELHOR FILME EM 16MM R$ 5.000,00
E ainda Prêmio Quanta - R$ 4.000,00 em equipamentos de iluminação e maquinaria

Filme: OLHOS NOS OLHOS, de Johil Carvalho e Sergio Lacerda

PRÊMIO ABCV DF 2007
Brasília, Cinema e Vídeo. De Brasília, as árvores do cerrado. De Cinema e Vídeo,os rolos de filmes e fitas, o movimento. Da união, o troféu realizado com a madeira Jacarandá do Cerrado. Suas peças de madeira torneada fixadas excentricamente em um eixo vertical levam à brincadeira cinética, que transmuta o perfil da árvore torta; assim como Cinema e Vídeo em Brasília, crescendo e se transformando.
Projeto: Poema Mühlenberg. Marceneiro responsável: Stanley Altoé. Matéria-prima: Jacarandá do Cerrado encontrado tombado em jardim da Universidade de Brasília. Executado na Marcenaria da Maquete da UnB

Filme: DONA CUSTÓDIA, de Adriana Andrade

PRÊMIO DA CRÍTICA
Troféu Candango

Melhor Longa 35mm
Pela excelência de uma realização que evidencia a disposição em correr riscos, a exemplo da ousada concepção da trilha sonora, da câmera e da fotografia, o prêmio da crítica em longa-metragem 35mm vai para:
MEU MUNDO EM PERIGO, de José Eduardo Belmonte

Melhor Curta 35mm
Pelo apuro de sua montagem, a força da expressão de seus personagens e os contrastes de sua história sobre a desconstrução de um amor exaltado pela melancolia de uma viagem silenciosa pelo abismo cotidiano, o prêmio da crítica em curta-metragem 35mm vai para:
TRÓPICO DAS CABRAS, de Fernando Coimbra


PRÊMIO AQUISIÇÃO CANAL BRASIL
Cessão de dois prêmios, no valor de R$ 5.000,00 cada, a dois curtas 35mm, selecionados pelo júri Canal Brasil. Os filmes, futuramente, serão exibido pelo Canal Brasil.
Neste ano, formado pelos jornalistas André Miranda/O Globo; João Sampaio/Jornal A Tarde, de Salvador; Rudney Flores/Gazeta do Povo, de Curitiba;Carlos Heli/Jornal do Brasil, Rio de Janeiro e Neusa Barbosa (Cineweb/Reuters, São Paulo.

Filme: CAFÉ COM LEITE, de Daniel Ribeiro
Filme: TRÓPICO DAS CABRAS, de Fernando Coimbra


PRÊMIO SARUÊ
Conferido pela Equipe de Cultura do Correio Braziliense
Ao privilegiar a emoção em vez da denúncia, os filmes da 40a edição do Festival de Brasília presentearam o público com cenas de grande impacto. Lembraremos para sempre, por exemplo, da desconcertante seqüência do videokê de Falsa Loura , e da dança redentora dos personagens de Leonardo Villar e Tonia Carrero em Chega de Saudade, bem como as seqüências dos personagens de Stepan Nercessian e Cássia Kiss . Também ficou registrado o trabalho impecável de pesquisa e de montagem em Anabazys, que mostrou a uma nova geração a riqueza do processo criativo de Glauber em A Idade da Terra. Mas a equipe de jornalistas do Correio Braziliense observou que, em um festival de closes mais do que expressivos, o melhor momento do festival não poderia deixar de ser a performance arrebatadora de um ator que tem a emoção estampada no rosto. Um ator que, em cumplicidade com a direção e com seus colegas de cena, demonstrou total entrega a um personagem que carrega a marca da tragédia iminente. Cenas como a do julgamento da guarda do filho, a do choro no hotel e a do desfecho trágico de seu personagem, permanecem nas nossas memórias como seqüências de altíssimo teor dramático, de um filme autoral e inventivo. Por todos esses motivos, o Correio Braziliense escolheu para receber a escultura confeccionada pelo artista plástico brasiliense Galeno, como melhor momento da 40a edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro a atuação de EUCIR DE SOUZA, o ELIAS de MEU MUNDO EM PERIGO.

PRÊMIO SARUÊ ESPECIAL - 40 ANOS

Para marcar os 40 anos do festival, o caderno Pensar, do Correio Braziliense, realizou uma enquete com 20 especialistas brasileiros, que elegeram os dez melhores filmes entre todos os vencedores da história do festival. Ganhadores inesquecíveis como Tudo bem, Todas as mulheres do mundo, Iracema - Uma Transa Amazônica, Santo Forte e A hora e Vez de Augusto Matraga ficaram entre os dez mais votados. Mas o filme que ganhou a enquete foi o vencedor da quarta edição do Festival, realizada em 1968. Um filme definido pelo próprio diretor como "um faroeste do terceiro mundo": O BANDIDO DA LUZ VERMELHA, de Rogério Sganzerla. Para homenagear o Bandido e a memória de Sganzerla, chamamos ao palco a atriz Helena Ignez para receber escultura confeccionada pelo artista plástico brasiliense Galeno.

PRÊMIO MARCO ANTÔNIO GUIMARÃES
Conferido pelo Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro para o filme que melhor utilizar material de pesquisa cinematográfica brasileira.

Filme: CRIADOR DE IMAGENS, de Diego Hoefel e Miguel Freire – um ensaio sobre o olhar do fotógrafo Mario Carneiro

Fonte: Thiago Stivaletti, da F&M Procultura Assessoria de Imprensa

Comentários

Sidarta Martins disse…
É muito triste o fato do cidadão brasileiro ter de sustentar a jabuticaba: cinema de milhões sem público.

Se o Bressane fizesse suas experiências "eruditas" e "livres" (sic) com recursos privados, tudo bem.

Mas como o cara vive do erário público, tudo muda. Acho que é melhor, por exemplo, escola do que a arte dele.

Prefiro os corruptos que, pelo menos, NEGAM que usam recursos públicos para fins privados e não estão nem ai pro que rola com o cidadão brasileiro.

Uma casta de cineastas sem bilheteria vive que vive de suas conexões, são sempre os amigos dos amigos de sempre, fazem questão de falar que não estão nem ai para o brasileiro. Nem se dignam a agradecer quem paga a comida deles.

Pensando bem, o Brasil merece continuar na periferia do Mundo. Temos picaretas na política e no cimena que vivem da ignorância de público que os sustentam.