Juno é um enigma pra mim

No orkut do Cena de Cinema está rolando um novo embate, sobre o filme Juno, indicado ao Oscar de melhor filme, diretor e atriz, entre outras categorias. Mário Pertile e Patrick Buzzacaro desta vez concordaram e propõem aos internautas cinéfilos se concordam ou discordam. Confira a página do Cena de Cinema no Orkut.

Eu dou a minha opinião.

Bem em cima do muro: nem concordo nem discordo. Juno é muito acima da média, mas nada tanto assim. Um filme bem escrito, bem dirigido, bem interpretado. Mas isso é demais? Isso deveria brotar todos os dias nas nossas telas! É que estamos recebendo uma enxurrada de entulhos tão grande que quando surge algo com vida inteligente, glorificamos - em demasia, na minha opinião. Não entendo o estardalhaço em torno do filme e as suas indicações ao Oscar. Pra mim a Academia só indicou pra ter aquela cara de "zebra independente". O elenco é bom, mas em nenhum momento da história do cinema a menina Ellen Page deveria ganhar o oscar de melhor atriz, ele deve ser imediatamente remetido para Marion Cotillard, de "Piaf - Um Hino ao Amor". E não tem comparação com Pequena Miss Sunshine, que era muito mais inovador. Os dois cumprem a mesma função na lista de indicados, entendem?

Gostei de Juno, como vocês. Mas queria mais desses filmes, e melhores, e aí Juno seria apenas mais um, entendem? Juno não é Cinema Paradiso, Cidade de Deus ou Matrix. Não é nenhum divisor de águas. É apenas talentoso. E quando termina a comédia e vira drama eu achei que perdeu muito. A personagem deixou o sarcasmo e a ironia e tornou-se sensível, vulnerável, indecisiva....tudo o que Juno não era e estava garantindo a irreverência e o diferencial do filme! Vou parar por aqui pois senão estrago a festa de quem não viu ainda (e não encorajo ninguém a deixar de ver, tem mais é que assistir mesmo, pois é uma das melhores coisas em cartaz).

E querem saber mais? A tal trilha indie que o Mário Pertile comenta no seu artigo no Cena de Cinema, é legal, mas também funciona como todo o resto na minha opinião. É porque estamos cansados de partituras pasteurizadas e repetitivas, por isso, elevamos ao altar um bom violão folk e um cara de voz doce que imita o vocalista do Coldplay. As músicas são legais (tem até brasileiro, na primeira cena) mas isso já feito em inúmeros filmes vindos do Sundance. Pode chegar uma determinada hora em que a fórmula pode esgotar... Só estou avisando. Nada contra as músicas, pelo contrário, até vamos rodar no Cena de Cinema da Ipanema FM, sábado, meio-dia. Por incrível que pareça, O Grande Garoto, com Hugh Grant, aquele filme adaptado do livro do Nick Hornby, tinha uma trilha cool do Badly Drawn Boy que caiu muito melhor sem ser abusiva. A impressão que me dá em Juno é que as músicas são imprescindíveis para pontuar o melodrama adolescente que poderia não se sustentar sozinho, pelo roteiro, pelo texto (!!). Um absurdo. O texto da sra. Diablo Cody é maravilhoso. Ainda bem que ela mudou de profissão! Perdemos uma stripper, mas ganhamos uma roteirista nova no mercado!

E Jason Reitman? O diretor é bom. O cara tem futuro. Seu outro filme, Obrigado por Fumar, também é um achado. São dois DVDs que quero ter na minha estante, Obrigado e Juno. Aliás, Obrigado eu já tenho. Mas daí a transformá-lo na última esperança da terra (citação, hehe) como representante dos cineastas talentosos e inteligentes...é exagero! Jason acerta na mão e pode vir a fazer grandes filmes. Mas já querem enterrar o pai do cara, Ivan Reitman, que é simplesmente o pai dos Caça-Fantasmas. Tudo bem, se criou nos 80 e só dirigiu comédias. Teve esse azar. Não é um "diretor de arte". Mas tem carreira, tem tempo de corrida. Esperem Jason fazer mais alguns aniversários, é só isso que peço. E deixem Ivan dirigir mais algumas comédias com Danny deVito, Schwarzenegger e Dan Akroyd!

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