Awake assusta, dá medo e pior: pode acontecer

Não levava muita fé em Awake - A Vida por um Fio, é daqueles filmes que você vai sem esperar muito. Aí surge Hayden Christensen fazendo-se de sonso com aquela cara marcada de news Darth Vader. Vai ser difícil esse cara fazer outra coisa até que se livre do estigma. Depois, Jessica Alba e o macharedo se ouriça, mas a credibilidade do filme cai. Aí vem Terence Howard e tudo melhora. Quando finalmente a coisa engrena, fica tudo muito interessante. A história é bem armada, uma trama de roer as unhas até o fim (das unhas, não do filme!). Hayden faz um riquinho que precisa de um transplante de coração, tem Alba como namoradinha e confia ao amigo cirurgião (Terence) a hora H, apesar deste não ter um grande retrospecto. Na mesa de operação, um fenômeno raro acontece: ele recebe a anestesia mas não dorme. Consciente, ouve tudo mas não consegue se mexer. Neste momento, amigos meus relataram que começaram a se revolver na cadeira do cinema. E um pouco depois, o filme cai numa solução simplista que quase manda embora pra casa o espectador. Mas mais um tempo se passa e rapidamente a história se torna necessária, atraente, impossível de não ser perseguida. O que vai acontecer? Todo mundo quer saber. O elenco segura a onda mas o roteiro é o show. Vale a pena.

Encasquetado com o argumento e com a informação inicial apresentada pela produção, de que a cada milhões de cirurgias um pequeno número delas acontece o fenômeno da anestesia consciente, fui atrás de médicos que me dessem respostas. A notícia ruim: existe realmente. Você recebe o medicamento, o corpo pára de se mexer mas a mente não dorme. A notícia boa: o filme exagera, e a ficção não corresponde à realidade. Na verdade, segundo Paulo Flores, o diretor médico do Hospital Divina Providência, de Porto Alegre, o paciente fica com trechos registrados de sua própria operação - conversas, barulhos, sons -, mas tudo com espaçamentos nada lógicos. Ou seja, não é uma consciência total, não há clareza e nem dor, pois a anestesia realmente faz o efeito de proteger o paciente contra a dor. Ou seja, exageros à parte, Awake diverte como um suspense que tem saídas inteligentes e inesperadas, enquanto assistimos a classe médica ser colocada em xeque em diversos aspectos.

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