Um ano sem Ivan

Uma segunda chuvosa em Porto Alegre - mais triste, impossível. Chata, modorrenta. Hoje faz um ano que perdi meu pai. Às vezes parece que faz mais tempo, às vezes menos. Às vezes parece um filme, mas olho a foto da geladeira e lembro que é real.

Minha mãe recentemente encontrou um poema feito por ele, dedicado para o poeta Mario Quintana e que incrível, falando da sua própria morte. Reproduzo aqui, como mais uma homenagem. Saudades, pai. A notícia boa é que o João lembra e fala em ti.

Poemas
Para Mario Quitana

Quando eu morrer
Não deixem que me mandem
Flores de papel
Afinal, as lágrimas já são tão artificiais...

Não me ponham, por favor, em caixão negro
Quero um daqueles cor de vinho
Assim, vou embriagado e não sofro tanto
Ora, quem diz que eu vou sofrer ...

Não me sepultem naquelas frias e escuras gavetas
Quero ser enterrado na terra,
Terra que aquece a gente
Inverno e refresca no verão

Quero acordar com o sol me dizendo
Bom dia e o luar me desejando boa
Noite, afinal tu és terra e em terra
Tornarás a ser...

E quando eu chegar lá
Na outra dimensão vou encontrar com certeza
O meu pai querido conversando
Com seu amigo Mario Quintana

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