A polêmica película Caminho, que aborda a agonia e morte de uma menina dentro da Opus Dei, foi a grande vencedora da 23ª edição dos Prémios Goya. O filme dirigido por Javier Fesser ganhou o prêmio considerado o "Oscar do cinem espanhol", recebendo os Goya para Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original, Melhor Atriz Principal, Melhor Ator Coadjuvante e ainda Atriz Revelação. A cerimônia de gala ocorreu neste domingo (1º de fevereiro) no final da noite no Palácio dos Congressos em Madrid, com o comando da apresentadora, a atriz Carmen Machi, que aproveitou o ensejo para fazer críticas ao governo e disparar diversas opiniões a respeito da religião, da política e do mundo. Já o filme Os Girassóis Cegos, de José Luís Cuerda, com 15 indicações, e Só Quero Caminhar, de Augustón Díaz Yanes com 11 nominações, foram os grandes derrotados da noite.
Sem previsão de estréia no Brasil, o filme Caminho mostra de uma forma cru os bastidores da facção mais conservadora e ditatorial da religião católica, onde o fanatismo de mistura com a fé. Na história, uma menina prestes a morrer convive com a pregação da Opus Dei, uma instituição verídica e até hoje misteriosa dentro da própria igreja. Não se sabe onde começam e até onde vão os poderes desses líderes religiosos, mas é certo que filmes como Código da Vinci os incomodaram, e certamente o Caminho já chega nas telas como inimigo.
O Goya para o Melhor Ator Principal foi para o porto-riquenho Benicio del Toro pelo seu desempenho em Che, el argentino de Steven Soderbergh, que chega no dia 20 de fevereiro no Brasil, enquanto Penélope Cruz recebeu o seu terceiro Goya pelo desempenho em Vicky Cristina Barcelona, de Woody Allen, onde ela interpreta uma artista drogada e desequilibrada, que também lhe deu uma indicação ao Oscar deste ano. A madrilena de 34 anos recebeu o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante, pelo seu trabalho ao lado de Javier Bardem e Scarlett Johansson. Anteriormente já tinha recebido a estatueta dourada para Melhor Atriz Principal em 1999 por La niña de tus ojos, de Fernando Trueba, e em 2007 por Volver, de Pedro Almodóvar - diretor que ajudou a catapultar sua carreira.
A cantora e atriz espanhola Leonor Watling foi ao palco receber, em nome do diretor Andrés Wood, a distinção para a Melhor Película Hispano-americana, intitulada La buena vida, produzida no Chile. Wood é conhecido no Brasil pelo ótimo Machuca. Já o Goya para o Melhor Filme Europeu foi ganho pela película romena Quatro meses, três semanas, dois dias. O veterano realizador Jesus Franco recebeu emocionado numa cadeira de rodas o Goya de Honra, uma espécie de prêmio pelo conjunto da obra.
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