Mas o estoque de papel higiênico sofreu um baque neste fim-de-semana, até porque fui às lágrimas pelos mesmos motivos (família, criança, relacionamento) assistindo Foi Apenas um Sonho. Tal qual o filme com o Brad Pitt, este drama - muito mais denso e triste -, cresce na segunda metade, ficando a relação do casal intensamente grave, com atuações igualmente intensas de Leonardo DiCaprio (que confirma minha tese, o cara é bom quando é dirigido por um grande diretor) e Kate Winslet, igualmente soberba – embora ele, em seus ataques de fúria seja explosivamente surpreendente. Nem longe o casal April e Frank lembra o par romântico de Titanic. A única que coisa que liga ao blockbuster de 1997 é reunião dos dois atores. A atriz inglesa, que foi premiada duplamente no Globo de Ouro por este e pelo inédito O Leitor (ao qual ela está indicada ao Oscar), arrasa mesmo como uma dona de casa que transita entre a euforia e o desespero. O diretor talentoso por trás disso tudo é o marido de Kate, Sam Mendes, um cineasta que não brinca em serviço. Pelo argumento poderíamos assistir um romance cheio de altos e baixos e um final feliz lacrimoso, mas não. Mendes foi o premiado diretor de Beleza Americana, seu primeiro filme – e isso diz tudo. Sua predileção por temas comuns do cotidiano, especialmente a família, mas abordados de uma forma visceral, incomoda qualquer um e deixa pensando, entre soluções e fungadas. Mais do que a obra cultural, talvez essa seja a função primordial da sétima arte: fazer pensar. Revisar sua própria vida, seus valores, amar mais a quem você ama. Foi Apenas um Sonho, em cartaz nos cinemas, é um sacolejo no nosso corpo. Faz a mente pegar no tranco. E dê-lhe choro.
Comentários
Que bom que voltou a escrever por aqui... tenta não parar como o Cena de Cinema parou!