Novidades e Bastidores do Festival de Cinema de Gramado


A uma semana da 37ª edição do Festival de Cinema de Gramado, que começa dia 9 de agosto na serra gaúcha, reina grande expectativa para mais uma vez a grande competição de cinema do estado se confirmar como uma das maiores do país. Já faz tempo que perdeu o posto de maior festival brasileiro, e duela com o Festival de Brasília para ser reconhecido como tão grande e importante no setor. Em termos de quantidade e qualidade de filmes, já perde feio para a Mostra de São Paulo e o Festival do Rio, que mesmo tendo fórmulas e propósitos diferentes, é impossível não comparar. Mas aos trancos e barrancos, com dificuldades de mercado e mais o restolho da crise internacional, o presidente do Festival de Gramado, o santa-mariense Alemir Coletto, ex-secretário de Obras e de Turismo do município, corre atrás da máquina para fechar os últimos detalhes do evento. Estive com ele nesse final de semana, em Gramado, e ele me deu algumas informações interessantes.

Em primeiro lugar, a vinda da atriz americana Geraldine Chaplin, corre um certo risco de não acontecer depois que ela, a filha de Charles Chaplin, foi anunciada como grande atração do Festival. Ela termina de filmar em Buenos Aires mas a produtora de seu penúltimo longa a chamou para refilmar alguns takes de uma produção na França. Por causa deste calendário, talvez a presença no Rio Grande do Sul seja ameaçada. Geraldine está bem ativa, com um projeto novo finalizado no gênero do terror, onde Benicio del Toro vira lobisomem (??!!). Em The Wolf Man, estão ao lado dela Anthony Hopkins e Emily Blunt.

Entre os convidados, a atriz Dira Paes (que está fazendo muito sucesso na novela Caminho da Índias, com a personagem Norminha) está confirmada para a abertura do festival, e na quinta-feira, dia 13, chega à serra a gaúcha Xuxa, para ser a homenageada do certame. No passado Gramado deu o troféu máximo pelo conjunto da obra a Renato Aragão, o Didi. Até aí a gente ainda aguenta. Mas homenagear a obra de Xuxa? Acho que foi uma péssima escolha da coordenação. Certamente não vão lembrar de Amor Estranho Amor, onde Walter Hugo Khoury dirigiu Maria da Graça, a Xuxa de Santa Rosa, numa situação bem diferente da atual. Coisas políticas...

A montagem dos estandes começa nessa segunda-feira dia 3 de agosto e a cidade se transforma para receber os turistas, visitantes e pessoal de cinema. Uma das coisas a fazer é esconder uma casa da VIVO, telefonia que durante 12 apoiou o festival com a segunda cota de patrocínio do evento, e está instalada bem ao lado do cinema. Não houve acordo para renovação, e Coletto fechou parceria com a Claro, neste ano, que muito inteligentemente abraçou a causa do festival. A atual casa precisa ser "disfarçada". O presidente luta para fechar as contas inclusive do ano passado, já que o evento não foi beneficiado (ainda) pela LIC, Lei de Incentivo à Cultura. Com isso fica bem mais difícil de arrecadar patrocínios. O Festival fez sua prestação de contas, segundo o presidente, mas a Secretaria do Estado da Cultura não libera "a ficha" do Festival de Cinema pois a iniciativa tem a mesma produtora do Natal Luz, cujas contas ainda tem uma pendência.

Conversei também com a secretária da pasta, Mônica Leal, para esclarecer o assunto. Ela diz que o assunto já está na Procuradoria Geral do Estado, pois o Natal Luz teria recebido 300 mil Reais de verba no governo Germano Rigotto sem respeitar às necessidades legais. O então secretário da cultura, Roque Jacobi, teria liberado "no canetaço", como fez também a liberação de 3 milhões e meio para a obra do Multipalco do Theatro São Pedro, em Porto Alegre, verba que também está sendo analisada e investigada pelas autoridades. Por causa destes atos, Jacobi já estaria na mira do Ministério Público Estadual por improbidade administrativa. O presidente do Festival confirma tudo. Coletto diz que Roque liberou o dinheiro, o Natal Luz utilizou, prestou contas e não tem culpa de que agora as coisas estão trancadas porque o secretário teria feito um ato errado. O resultado é um mau estar na área política, pois em Gramado a administração é do PP, o mesmo partido da secretária Leal.

Isso é só o começo...mas só nos bastidores, pois a cobertura do Festival é outra. Só se fala "no astral" de Gramado, na tietagem, nos atores globais que vem aí e o quanto a competição rende na mídia. Merecido, pois é um festival de longa data e que custa 3 milhões de Reais para ser executado. Mas se aprofundarmos, vamos encontrar todos esses rolos políticos e judiciais que sempre existem. Isso sem falar na Gripe A, que provoca um medo absurdo dos empresários, quando se fala na possibilidade de cancelar eventos. No caso do Festival, estão todos tranquilos porque nenhum caso foi registrado na cidade, e estão todos torcendo para que assim continue. Só que nem são flores: um médico de Gramado me garantiu que há mais de 20 casos internados e não são divulgados para a imprensa. Será?

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