Um Oscar diferente - em todos os sentidos!

Mordi a língua várias vezes nesta noite de 7 de março. De férias, recebi amigos em casa e tive uma vídeo-audição bem divertida do Oscar 2010, diferente de outros anos, que fico preso à cobertura. Aliás, nem tão diferente assim: eu, Mário Pertile e Luiz Fernando Pedrazza ficamos no Twitter, Orkut e numa web-rádio "beta" que o Mário inventou - e que deu certo. Escrevemos e falamos para caramba. Comentamos muito, analisamos até penteados, vestidos e o repartido do cabelo de George Clooney. Desde o tapete vermelho, até os números musicais sem sentido, os apresentadores bacanas e outros insossos, as piadas sem graça e o andamento da cerimônia em que nada pode dar errado (e muita coisa dá!). Mas, realmente, mordi a língua.

Achei que a academia iria com a convenção normal e consagraria Avatar, de James Cameron. Ao contrário, deu apenas três prêmios, de direção de arte, fotografia e efeitos visuais - que até poderiam ser considerados "menores", por serem da área técnica. Não achei que os integrantes da entidade iriam se atirar nos braços de Kathryn Bigelow e ungi-la como a primeira mulher a ganhar o Oscar de melhor diretora, na história do cinema. Achei que Cameron ia mesmo recebê-lo. Mas não. Guerra ao Terror ganhou seis estatuetas, entre elas, importantes categorias como roteiro, diretor e filme - a mais importante e consagradora outirga da noite. Convenhamos: arrasaram. Para um filme pequeno, bem discreto, que já tem em DVD no Brasil (e pouca gente sabe), a produção é realmente uma boa surpresa; um filme fora do comum, bem feito e que prende o espectador. Merecido. Embora eu ficasse mais feliz se Bastardos Inglórios fosse premiado, em filme ou direção - embora eu saiba que isso é impossível para as cabeças da Academia.

As quatro premiações de ator foram previsíveis e deu o que tinha que dar: Jeff Bridges ganha o primeiro Oscar de sua carreira pelo cantor bêbado e fim de carreira de Coração Louco, que ele faz muito bem mas corre o risco de se tornar o ator de um mesmo papel sempre. Sandra Bullock, a namoradinha dos EUA, não faz nada demais em Um Sonho Possível para ganhar melhor atriz, mas é que estava na hora dela. O interessante é que ela ganhou a Framboesa de Ouro, a lista dos piores do ano, nesta mesma semana, por sua atuação em outro filme, a comédia Maluca Paixão - que eu até gostei. Azar o meu. Christopher Waltz era certo para levar coadjuvante para casa, pois ele brilha em Bastardos... e é o personagem que todos lembram depois que saem da sala de cinema. Merecidíssimo. E por fim, a apresentadora de TV Mo'Nique se transforma para encarnar a megera de Preciosa, um trabalho impecável, que lhe rendeu coadjuvante feminino.

Lavei a alma com dois banhos, um de copo e outro de balde. O copo d'água que derramei foi quando Star Trek ganhou pelo menos o Oscar de maquiagem, uma das três indicações a que concorria. Um dos melhores filmes de 2009, e ainda bem que lembraram dele. Mas o balde, a mangueira, uma verdadeira tina de água banhando minha alma foi o anúncio da produção argentina O Segredo dos Seus Olhos como vitoriosa na categoria melhor filme estrangeiro. Eu fazia campanha pra ele e espalho até hoje para que todos vejam esse maravilhoso filme de Juan Jose Campanella, ainda em cartaz nos cinemas brasileiros, mas jamais esperaria que ele superasse os elogios do francês O Profeta, o badalado cult peruano A Teta Assustada e vencesse o chatíssimo mas festejado A Fita Branca. Foi uma verdadeira festa para nós do extremo sul. Dá vontade de dar um pulo e comemorar em Buenos Aires. Um bom pretexto....

Amanhã eu escrevo mais sobre Oscar....

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