Recado do Editor - 18/07/2010

Bem, em primeiro lugar, eu gostaria de repor a verdade dos fatos. Não que isso me incomode, mas a brincadeira começa a ficar tão chata que dali a pouco a corneta vai virar lenda urbana. No jornalismo como um todo, e na Band não é diferente, nós, profissionais da comunicação que se ausentam para tirar férias sempre ouvem aquela brincadeirinha, "pô, de novo?", que normalmente vem do apresentador de um outro programa. "Bah, o cara tira férias todos os meses", essa é uma outra frase muito proferida. "O Renato é o único da empresa que tem 120 dias de férias por ano" - é mais uma versão da mesma chacota. Até aí tudo bem. Mas isso tem se repetido tão frequentemente - óbvio, cada vez que tiro férias - que chegou a sair num site de jornalismo um ranking (totalmente sem parâmetro) de três jornalistas que mais tiravam férias no mercado gaúcho, e eu estava lá. Nestas férias, recebi um email e um post no Twitter falando nisso. "Mas como tu tira férias..." era algo assim. De cinéfilos seguidores do programa e do projeto Cena de Cinema.

Bem, o caso é que como qualquer outro ser humano, eu tenho 30 dias de férias por ano. No ano retrasado, já tinha acumulado quase 60 dias de férias por justamente não ter tirado muitas vezes nos anos anteriores. A própria Band exigiu que seu grupo de diretores acelerasse este processo, diminuindo os dias de férias em haver. E vou dizer pra vocês: que coisa boa. É realmente preciso parar. E desde então, tenho tirado um período de duas semanas no meu aniversário ou perto dele, no inverno, quando procuro sumir do mapa rio-grandense em busca de sol e calor. Mais adiante, normalmente novembro, mais duas semanas. Em dezembro, janeiro e fevereiro, quando todos se digladiam para pedir seus períodos, eu não tiro. Geralmente em março é que vou repetir a dose com mais duas semanas - ou menos. Normalmente são estes os períodos, e assim vou levando. E conseguindo diluir o stress da rotina com estas paradas para descanso. E por mim não se fala mais nisso.

Copa do Mundo - Tenho que confessar: esta Copa da África foi a que mais me senti envolvido. Profissional e pessoalmente. Primeiro porque na Band estudei bastante a grade dos jogos, e mergulhei na qualidade de cada partida, avaliando se valia a pena transmitirmos ou não. Com isso, eu que historicamente não entendo nada de futebol, acabei aprendendo um pouco. Depois, cada jogo passou a ser mais interessante do que o normal. Em casa, meu filho de cinco anos passou a viver o clima da Copa e também começou a me perguntar pelas seleções, pelos emblemas, uniformes, bandeiras, resultados. Nas férias, peguei as duas últimas semanas do mundial, e foi muito bom assistir jogos emocionantes com um bom lanche na frente da TV. O Brasil foi eliminado e meu filho chorou copiosamente. Eu tive a sensação de não acreditar naquele jogo Brasil e Holanda, que teria que ter mais uma chance, mais uma rodada, uma fase...mas não. E passamos, eu e meu filho, a escolher seleções para torcer. Foi assim no emocionante Uruguai X Gana, quando ficamos do lado dos vizinhos do continente. E depois, sem mágoas, torcer para a Holanda contra a Alemanha. Mas virar a casaca deliberadamente e ficar ao lado da Espanha na final, vibrando com aquele único gol. Foi uma experiência muito boa. Alienante, antropológica, anti-intelectualização? Sei lá. Foi maravilhosa. No meio disso tudo, o "famoso" álbum da Copa da Panini ajudou a embalar essa vibração. Comecei nas férias, com o pretexto de fazer para meu filho, mas acabei assumindo as rédeas, comprando, colando, caçando difíceis, trocando, e baixando da internet uma planilha (!) de controle dos cromos. Agora virou ponto de honra. Faltam cento e poucas figurinhas. Vamos ter que ir até o fim.

Alagoas - Fui visitar o litoral deste estado, pouco depois das enchentes, enxurradas e catástrofes ocorridas por lá e em Pernambuco. Quase desmarquei a viagem. Consultei o máximo de pessoas que eu poderia, para me certificar que a situação estava sob controle. Na verdade, a triste tragédia aconteceu na região da mata, um pouco distante das praias de lá. Ficamos a 20 km de Maceió, na bela praia de Pratagy. A chuva deu uma trégua e nos brindou com uma semana inteira de sol e calor - conforme eu tinha pesquisado nos sites de metereologia (sou fissurado pelo assunto). Correu tudo maravilhosamente bem, apenas o povo de lá muito desgostoso com "a mídia" que "fez sensacionalismo" com o ocorrido. Houve chuva, houve enchente, houve destruição. Mas não foi tudo isso, diziam os Alagoanos. Nas conversas, insisti em saber o que estava errado na versão dos telejornais. O que consegui ouvir é uma versão não confirmada: a chuva que caiu causaria alagamentos razoáveis e contornáveis. Foi incomum a precipitação, mas ainda assim dentro de parâmetros aceitáveis pela comunidade. O erro foi de uma barragem entre Pernambuco e Alagoas, aberta erroneamente, deixando vazar demais a água represada - o que provocou o verdadeiro caos, a destruição das casas, arrastando pessoas, animais, carros, carroças e construções. Essa é a versão de mais de uma pessoa com quem conversei. No aeroporto, no hotel, e ainda mais uma gaúcha que mora lá. Todos contaram a mesma história, desta misteriosa barragem mal administrada. Isso chegou a sair nos jornais. O que não saiu é que a barragem seria de propriedade da Perdigão (que fez fusão com a Sadia), uma das maiores empresas do país, e por isso a notícia não vazou de jeito nenhum - com o perdão da expressão infeliz. Não sou detetive

Na internet, alguma coisa foi tratada. Veja os links:

Link 1

Link 2

O interessante - e estranho - porém, é que no link da pesquisa do Google sobre o assunto, vem muito mais tópicos, mas muitos deles fora do ar. Nesse caso está incluído um post do deputado, candidato e ativista do meio ambiente Fernando Gabeira, que eu pensei não ter papas na língua para falar do assunto. E parece que não, pelo que indica a pesquisa do Google. Mas quando se dá o clique o post não existe no blog do Gabeira. Datado de 25 de junho, o post também não está no novo blog dele, que eu tive o trabalho de procurar. Bem, é melhor parar de fazer suposições e mudar de assunto.

Cinema - Infelizmente uma das minhas atividades prediletas não pude exercer a pleno. Nem na tela nem na telinha. Acontece que houve poucos lançamentos interessantes que me fariam tirar da comodidade de casa, quando havia muitas outras coisas boas para se fazer naquela semana em Porto Alegre. Junte-se isso ao fato de que estreou Eclipse em umas 30 salas da capital, o que reduziu as opções barbaramente. Restou Toy Story 3 e Shrek Para Sempre para ver com as crianças e esperar para assistir lançamentos como o "novo" de Quentin Tarantino, À Prova de Morte, que chegou nesta semana. E confesso que vi sem muito entusiasmo. Bastardos Inglórios é muito melhor, e anula qualquer possibilidade de genialidade do cineasta nesse seu trash de brincadeira. Sobra para conferir Encontro Explosivo. É dose.

Nas locadoras a mesma situação pois não foi uma boa temporada de lançamentos, sem muitas novidades, com exceção da boa leva de filmes oriundos do Oscar - que já tinha visto todos. Então aproveitei para ver coisas que estavam esperando ser vistas, filmes antigos, algumas outras revisitei e mais ainda os 22 capítulos da série Flash Forward que consumi com uma voracidade adolescente. Pena que cancelaram a série da ABC. Cheguei até assinar uma petição digital na internet contra o cancelamento. O que a gente não faz quando tem tempo livre....

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