Gordos, um filme diferente

Inédito nos cinemas e sem notícia de que seja editado em DVD por aqui no Brasil, o filme espanhol Gordos, de 2009, é uma comédia que flerta com o drama, passando por diversas outras reflexões, no melhor estilo do cinema contemporâneo, dando um banho de criatividade no gênero despejado pela indústria hollywoodiana. A começar pelo argumento, extremamente inédito e tratado de maneira transparente e pouco preconceituosa, entrando fundo na vida dos obesos e seus dramas, as dificuldades para o emagrecimento, seus quereres e suas fugas. Há os que precisam emagrecer, e aqueles que nem pensam em deixar de ser redondos. Os personagens são robustos, engraçados, contêm histórias interessantes e atraentes, cada um em seus núcleos, prendendo o espectador até o seu final, fazendo-o passar pelo riso, pela gargalhada, pela perplexidade, pela comiseração, pela expectativa, pelo mistério. Com falas muito bem inspiradas, direção apurada do jovem cineasta Daniel Sánchez Arévalo, estreando em longas, e mais as interpretações competentes, o filme lembra o melhor do cinema argentino, com pitadas características do espanhol de Pedro Almodóvar e Bigas Luna, por exemplo. Um longa que transita entre o leve e o pesado com uma facilidade incrível. Tudo gira entre os pacientes gordos de uma mesma terapia, onde todos expressam suas problemáticas, e até mesmo o terapeuta tem suas complicações. Uma opção diferente e inteligente para entreter mas fazer pensando, colocando algo mais, mexendo com valores morais, tabus sexuais, dogmas religiosos, etc. E de maneira despretensiosa, o que é melhor. Ponto para os espanhóis.  

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