Uma opinião sobre "Os Especialistas"

Vocês pensam que é fácil ganhar dinheiro em Hollywood? Um grupo de produtores levantou 70 milhões de dólares e mais o ok de ninguém menos do que Robert de Niro para o projeto. Ainda conseguiram acertar com o brucutu da hora, o britânico Jason Statham, para ser o protagonista. E como se não bastasse, a produção ainda teria outro ator inglês, Clive Owen, que dá um status a qualquer produção, pois este transita entre longas de ação descerebrados (Mandando Bala, Fora de Rumo) e filmes-cabeça (Closer e o ótimo e recente Confiar). Com isso, bastava um diretor iniciante, Gary McKendry, que só tinha feito um curta-metragem em 2004, que até foi indicado ao Oscar. E um roteirista, com currículo em branco, mas com muita vontade de ajudar. Matt Sherring até que se puxou e se baseou num livros que conta uma curiosa história verdadeira, que também tinha tudo pra dar certo: um velho sheik à beira da morte contrata um assassino (Statham) para matar três militares, que em guerras do passado, mataram seus três filhos. O contratado, porém, teria que arrancar uma confissão antes e depois matar a vítima, fazendo parecer que era acidental. Uma engenharia e tanto. Além de um bom pagamento, a turma do árabe se encarregou de sequestrar um velho parceiro (De Niro), para que o assassino se motivasse mais ainda para realizar a sua missão. No caminho dele, um agente da polícia secreta britânica (Owen) descobre o que está acontecendo e tenta impedir a matança. Do orçamento, ainda sobrou dinheiro para filmar em Londres e Paris, além de cidades do México, Austrália e do Oriente Médio. Sucesso total? Não. O filme, até a semana passada nos EUA, só tinha faturado 25 milhões.

Alguma coisa deu errado no meio do caminho de Os Especialistas (Killer Elite), que estreia na primeira semana de dezembro aqui no Brasil. O prato tinha bons temperos, mas ou o chef errou na dose ou a receita estava errada. O mais provável é que, com diretor e roteirista sem muita experiência, o caldo entornou. Mas a direção não é ruim, e nem o roteiro, tampouco, fica devendo para os filmes de ação. E com tanta griffe (me entendam, para o tipo de filme) assim no elenco, a química de todos os ingredientes fizeram a produção - que era para ser super - naufragar. Virou um simples passatempo, um filme simples de Statham como Adrenalina ou Carga Explosiva, em vez de ser mais um grande policial de De Niro, ou um thriller de ação de tirar o fôlego, como os primeiros da série Bourne (as passagens pelas grandes cidades do mundo lembra a produção com Matt Damon). O protagonista Statham, cujo nome aparece antes de De Niro nos créditos, está canastrão como nunca - mas não há o que fazer, ele é assim e tem firmado sua carreira desse jeito, candidatando-se a substituir os papéis de Bruce Willis, com menos elegância e humor. Faz o tipo sério e de poucas palavras, até para não comprometer. E de poucas expressões faciais, também. Chega a ser ridículo os momentos em que ele lembra da mulher amada que ele deixou numa fazenda distante, longe dos tiros, e que está esperando por ele sem saber nada de seu passado. Ela é Yvonne Strahovski, uma atriz australiana de origem polonesa que já é um bom motivo para o macharedo assistir o filme. Ela merece em breve uma galeria na série Divas, aqui do blog.

O veterano De Niro está desperdiçado como um filé mignon que é deixado no prato. Parece que está pagando as parcelas de seu mais novo Mercedes. Impressionante como um ator dessa categoria pode entrar numa fria dessas, onde seu brilho não é visto, seu poder de interpretação não é salientado nem um pouco e no final de tudo, as lutas, perseguições e mortes fantásticas marcam mais na lembrança do espectador do que a presença do protagonista de grandes clássicos, como O Poderoso Chefão, Touro Indomável, Taxi Driver e uma centena deles. Até mesmo lembro Fogo Contra Fogo, para ficar no mesmo gênero policial. O melhor personagem é o impulsivo Spike, de Owen, com seu olho esquerdo sequelado, e que nutre um ódio patriótico pelo que possa estar acontecendo contra os militares ingleses, buscando com todas as suas forças desvendar o mistério que mobiliza aquele assassino ao redor do planeta. Tudo isso, somado, no entando, não resultam em nada além de uma produção mediana, que não acrescentará em nada aos cinéfilos ao deixarem o cinema, senão um mero divertimento pipoca, que talvez, com muito talento, pudesse ser feito com atores e locações mais baratas. No Brasil, pode ser que o filme tenha uma recepção melhor nas bilheterias, mas como chega dos EUA com as referências ruins, não é bom esperar muito. Veja o trailer abaixo:


             

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