Confira o trailer dos nove indicados ao Oscar de Melhor Filme

Um pequeno serviço para nossos leitores que certamente será bem útil: confira as sinopses - com alguma opinião do que eu já vi - dos nove (não conseguiram achar dez!) títulos indicados na categoria máxima do Oscar 2012, a de melhor filme. Também informamos o número de indicações, abaixo a data de estreia dos inéditos e onde encontrar os já disponíveis no Brasil. A cerimônia do Oscar deste ano será transmitida ao vivo para mais de 225 países, sendo que por aqui será no canal TNT. A cerimônia acontece no dia 26 de fevereiro, no Kodak Theatre. A apresentação será do comediante Billy Cristal. Estaremos acompanhando on-line pelo twitter do Cena de Cinema e com comentários de todos os cinéfilos na comunidade do Cena de Cinema no Facebook. Espero que gostem da seleção abaixo.

A INVENÇÃO DE HUGO CABRET

Filmada com a mesma técnica do filme Avatar, com as câmeras Fusion, esta é a primeira experiência com cinema infantil de Martin Scorsese (Taxi Driver, Os Infiltrados, Touro Indomável, A Ilha do Medo e tantos outros clássicos). A produção é recordista em indicações, presente em onze posições, em diversas categorias. Baseado num best-seller de Brian Selznik.

A história gira em volta do personagem-título Hugo, um garoto de 12 anos que vive em uma estação de trem em Paris no começo do século 20. Seu pai, um relojoeiro que trabalhava em um museu, morre momentos depois de mostrar a Hugo a sua última descoberta: um androide, sentado numa escrivaninha, com uma caneta na mão, aguardando para escrever uma importante mensagem. O problema é que o menino não consegue ligar o robô, nem resolver o mistério. Um primor de produção.

É o filme de criança da lista, mas não o único que tem criança como protagonista (veja mais abaixo Tão Longe Tão Perto). Estreia dia 17 de fevereiro.



O ARTISTA

Tem dez indicações. Uma das grandes surpresas criativas num mar de marasmo do mercado cinematográfico. Uma ode à sétima arte, uma grande homenagem ao cinema preto e branco, ao cinema mudo, ao canto, à dança, ao sapateado. Uma história ingênua, mas brilhante da forma como se apresenta ao espectador. Em época de 3D, recursos modernos e efeitos digitais, o francês Michel Hazanavicius ousa fazer um filme P&B e mudo. Uma hora e meia de uma grande viagem cinematográfica. Fantástico.  

Na Hollywood de 1927, o astro do cinema mudo George Valentin (Jean Dujardin, perfeito na canastrice que o papel pede) começa a temer se a chegada do cinema falado fará com que ele perca espaço e acabe caindo no esquecimento. Enquanto isso, a bela Peppy Miller (Bérénice Bejo, dona de um sorriso especial e uma beleza diferente), jovem dançarina por quem ele se sente atraído, recebe uma oportunidade e tanto para traballhar no segmento. Será o fim de sua carreira e de uma paixão? Destaque para John Goodman, que só em caretas diz a que veio.

É a surpresa do ano, ao mesmo tempo que é favorito. Fala de música, arte e cinema. Dica: o trailer revela algumas coisas da trama, mas nada essencial. Mas tira uns 10% do brilho daqueles que foram mais atenciosos. Estreia dia 10 de fevereiro.



TÃO LONGE, TÃO PERTO

Este é o filme da lista para pegar o lencinho e chorar copiosamente. só vendo o trailer já me arrepiei e choraminguei. Quem é pai vai chorar em dobro. O livro Extremamente Alto, Incrivelmente Perto, de Johnathan Safran Foer, inspira o roteiro que o cineasta Stephen Daldry dirige. O homem já arrasou com Billy Elliot, também centrado na figura de um garoto, e a relação com o seu sonho e so seu pai. Neste, não fica distante da mesma fórmula. Oskar é uma criança super dotada, que com apenas 9 anos é designer de jóias, ator que ama Shakespeare, astrofísico, inventor, entre outras características incomuns para uma criança de sua idade. Mas perde o pai nos atentados de 11 de setembro. O menino tem uma chave que pertencia ao seu pai, e resolve percorrer a cidade de Nova Iorque, numa jornada pessoal e excêntrica, atrás da fechadura que abra com essa misteriosa chave.

Tom Hanks, queridinho da América e veterano no Oscar (já levou dois como melhor ator, por Filadélfia e Forrest Gump, em dois anos seguidos) é o pai do enredo, e Sandra Bullock, enfeiada propositalmente, no papel de esposa e mãe, ela que também já tem um Oscar na sua prateleira pelo filme Um Sonho Possível. Curiosidade: Thomas Horn, que interpreta o garotinho no filme, é mesmo superdotado na vida real, tal como seu personagem. Ele ficou em primeiro lugar em um jogo de perguntas e respostas na televisão norte-americana.

Duas indicações. Estreia somente depois do Oscar no Brasil, dia dois de março.




OS DESCENDENTES

O trailer diz que é George Clooney no melhor papel de sua vida e é bem possível que seja. Dirigido por Alexander Payne, mestre em filmes leves, de cotidiano, mas profundos em seus temas - exemplo de As Confissões de Schmidt e Sideways -, Clooney sai do papel de bonitão para entrar em campo com um pai desajeitado que não está acostumado de liderar a família, principalmente as filhas. Depois que sua esposa Elizabeth (Patricia Hastie) sofre um grave acidente de barco que a deixa entre a vida e a morte, o milionário havaiano Matt King (Clooney) leva suas duas filhas Alexandra (Shailene Woodley) e Scottie (Amara Miller) para uma viagem de Oahu para Kauai, onde ele irá se confrontar com o corretor de imóveis Brian (Matthew Lillard) com quem ela teve um caso antes do ocorrido. O que eles não sabiam era que essa viagem serviria para aproximar definitivamente o pai de suas filhas.

O filme é atrativo e deve ganhar algumas estatuetas, como a de melhor ator, pois Clooney já ganhou o Globo de Ouro por este desempenho. Mas não tem tamanho para ganhar melhor filme. É o filme com cara de independente da vez. Detentor de cinco indicações, a obra estreia nesta sexta 27 de janeiro.





MONEYBALL - O HOMEM QUE MUDOU O JOGO

Baseado em fatos reais, esta produção é o "filme de esporte" do Oscar nesse ano. Os episódios incrivelmente verdadeiros passados nos anos 80 que levaram Billy Beane (Brad Pitt, bem no papel, mas nada tanto assim) a conseguir tirar um time de beisebol da lanterna e quebrar todos os recordes da história do esporte nos EUA. Ele é o gerente do Oakland Athletics e tem muito pouco dinheiro em caixa, mas utiliza um sofisticado programa de estatísticas para o clube, que fez com que ficasse entre as principais equipes do esporte nos anos 80. Ao seu lado, Jonah Hill, que rouba várias das cenas, tanto que está indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.

O roteiro empolga, ainda que o beisebol seja distante do Brasil. Exala testosterona, o que vai despertar muito mais a curiosidade do público masculino que vai se interessar pela competição do que as meninas. E dificilmente eles quererão nos acompanhar na sessão de cinema. Com seis indicações, chega dia 3 de fevereiro nas telas brazucas.



HISTÓRIAS CRUZADAS

Este é o filme dos pobres, negros e da discriminação da lista. Como foi Preciosa em 2010, Inverno da Alma em 2011 e tantos outros. Mas é mais leve e tem uma história interessante, social e divertida ao mesmo tempo. Boas interpretações de Emma Stone, Bryce Dallas Howard, Viola Davis e extenso elenco. A história se passa em Jackson, pequena cidade no estado do Mississipi, anos 60. Skeeter (Emma) é uma garota da sociedade que retorna determinada a se tornar escritora. Ela começa a entrevistar as mulheres negras da cidade, que deixaram suas vidas para trabalhar na criação dos filhos da elite branca, da qual a própria Skeeter faz parte. Aibileen Clark (Viola), a emprega da melhor amiga de Skeeter, é a primeira a conceder uma entrevista, o que desagrada a sociedade como um todo. Apesar das críticas, Skeeter e Aibileen continuam trabalhando juntas e, aos poucos, conseguem novas adesões.

O filme já está há quase um ano circulando nos fóruns e downloads da internet, e possivelmente só ia chegar ao Brasil em DVD. Mas será lançado nas telonas em 3 de fevereiro, com quatro indicações.




MEIA-NOITE EM PARIS

Como definir o mais recente e mais popular filme de Woody Allen da lista dos melhores? O filme Alleniano do ano? O filme artístico do ano? Ou é a comédia simpática da lista? É impressionante como ouvi de gente que não gostava do diretor elogios à produção. Caiu na simpatia dos espectadores. Já disponível para ver em DVD ou Blu-Ray, permanece em cartaz em algumas salas de cinema brasileiras batendo recordes de exibição.

Foi indicado em três categorias, e usa Owen Wilson como alter-ego do diretor, no papel de um homem perdido, infeliz, que vai a Paris tentar inspiração para um roteiro de cinema. Como sempre idolatrou os grandes escritores americanos e sonhou ser como eles, fica sonhando, em plena capital francesa, com o passado. Frustrado, como todos os principais personagens de Allen, viaja ao lado de sua noiva, Inez (Rachel McAdams), e dos pais dela, John (Kurt Fuller) e Helen (Mimi Kennedy), estes três em papéis de turistas fúteis qus só querem a Paris óbvia. É aí que a magia acontece. Quem não viu, que veja, imediatamente!



CAVALO DE GUERRA

Spielberg da vez, o filme de bichinho da lista. Não podia a faltar, mas acho que não ganha muita coisa não. A história é épica, exaltando lealdade, esperança e tenacidade ambientado na Inglaterra rural e Europa durante a Primeira Guerra Mundial. Cavalo de Guerra trata da amizade entre um cavalo chamado Joey e um jovem chamado Albert, que o domestica e treina. Quando eles são forçados a se separar, o filme acompanha a extraordinária jornada do cavalo à medida que ele traça seu caminho para a guerra, mudando e inspirando a vida de todos que encontra no caminho— a cavalaria britânica, os soldados alemães, um fazendeiro francês e sua neta — antes que a história atinja seu clímax emocional no centro da terra de ninguém.

Em cartaz nos cinemas do país, esta história já é um livro de sucesso, foi transformado em um tremendo sucesso internacional no teatro que chegará aos palcos da Broadway no próximo ano. Ele agora chega à telona como uma adaptação épica feita por um dos maiores diretores de toda a história do cinema. Tem seis indicações.



A ÁRVORE DA VIDA 

Outro filme de Brad Pitt entre os melhores. É o filme "viajandão" da lista. Ganhou a Palma de Ouro de Cannes, e por isso mesmo, acho que não ganha. Filmado brilhantemente pelo diretor-não-menos-cabeça Terence Malick, responsável  por Além da Linha Vermelha e Cinzas no Paraíso. Ele criou a história e quer fazer o filme desde 1970, mas somente em 2005 conseguiu verba para levar a ideia às telas. O longa foca na relação entre pai e filho de uma família comum, e compara o crescimento de filhos e envelhecimento dos pais com a natureza, ao longo dos séculos, desde o Big Bang até o fim dos tempos. É uma fabulosa viagem pela história da vida e seus mistérios, que culmina na busca pelo amor altruísta e o perdão.

Não é um filme fácil. É bonito, memorável, mas é longo, pesado, denso. Não é pra qualquer um nem para qualquer momento. Além de Pitt, que substituiu o falecido Heath Ledger no papel principal, o elenco tem também Sean Penn e Fiona Shaw. Recebeu três indicações. Já disponível nas locadoras.



Comentários