Confira os vencedores de Cannes 2012

E deu ele de novo. O cineasta alemão Michael Haneke ganhou a Palma de Ouro de Cannes, principal prêmio do cinema mundial, em sua 65ª edição, em encerrou neste domingo (27), na bela Rivieira Francesa (foto da premiação ao lado). O anúncio ocorreu no final do dia, sob chuva e muitos aplausos. O diretor venceu com o filme Amour (Amor, em português) e pela segunda vez no certame ele foi premiado. Embora seja lembrado por filmes como A Professora de Piano, Violência Gratuita e Caché, em 2009, ele recebeu a Palma de Ouro pelo excelente longa A Fita Branca, todo filmado em preto e branco. Respeitadíssimo na Europa, do alto de seus 70 anos, Haneke nasceu em Munique mas desenvolveu seu trabalho como professor de cinema em Viena, motivo pelo qual muitos confundem achando que ele é austríaco. Por trabalhar como muitos atores em produções francesas, também consideram-no um cineasta do cinema daquele país. Mas Haneke é alemão da gema mesmo, vindo de uma família ligada ao cinema: ele é filho do diretor e ator Fritz Haneke e da atriz Beatrix Degenschild. Faz filmes em três línguas: francês, alemão e inglês. Trabalhou mais de 20 anos em televisão e passou muito dessa linguagem para seus filmes.

No encerramento do Festival de Cannes, em discurso emocionado, Haneke agradeceu aos jurados e aos atores Emanuelle Riva, de 85 anos, e Jean Louis Trintignant, 81, que interpretam no filme premiado um casal de idosos que enfrentam juntos a grave doença da mulher. Ao entregar o prêmio, o presidente do júri, o cineasta italiano Nanni Moretti (em cartaz no Brasil com o ótimo Habemus Papam), ressaltou que a interpretação dos atores foi fundamental para o sucesso do filme. O casal subiu ao palco com o diretor para receber o prêmio. Riva (Hiroshima Meu Amor, A Liberdade é Azul) e Trintignant (de clássicos como Z, de Costa-Gravas e Um Homem, Uma Mulher, de Claude Lelouch) interpretam um casal que se ama e mantém a cumplicidade. Os dois pouco se comunicam verbalmente, mas se entendem. Porém, essa relação é abalada quando a mulher fica gravemente doente. Amour (o nome do filme em francês) ocorre em um apartamento em Paris e retrata a deterioração acarretada pela velhice, refletindo com compaixão a dor de assistir à doença e à morte. “Quando se chega a uma certa idade, o sofrimento inevitavelmente te comove. É tudo o que queria mostrar, nada mais”, disse Haneke.

Nas demais premiações, a melhor interpretação feminina foi dividido entre Cosmina Stratan e Cristina Flutur, pela atuação delas em Post Lux Tenebras. Mads Mikkelsen foi escolhido como melhor ator pela interpretação em Hunt, do cineasta dinamarquês Thomas Vintenberg. O melhor roteiro ficou com o romeno Cristian Mungiú, que dirigiu o filme Beyond The Hills e a melhor direção com o mexicano Carlos Reygadas, de Post Lux Tenebras. O Grande Prêmio ficou com Mattheo Garone, com Reality, e o Prêmio do Júri com o inglês Ken Loach, com Angels’s Share.

Da participação do Brasil só sobrou uma ponta de alegria: durante o festival, no último dia 22, o cineasta brasileiro Nelson Pereira dos Santos, de 84 anos, foi aplaudido de pé pela plateia após a exibição do documentário dirigido por ele, A Música Segundo Tom Jobim. A homenagem a Santos ocorreu no momento em que o Brasil foi escolhido pela direção do festival como convidado de honra desta edição. O filme foi feito em parceria com Dora Jobim, neta de Tom.

Confira a lista de premiados no 65º Festival de Cinema de Cannes:

- Palma de Ouro: "Amour", do austríaco Michael Haneke.

- Grand-Prix: "Reality", do italiano Matteo Garrone.

- Melhor atriz: As romenas Cosmina Stratan e Cristina Flutur, por "Beyond the Hills", de Cristian Mungiu.

- Melhor ator: O dinamarquês Mads Mikkelsen, por "The Hunt", de Thomas Vinterberg.

- Melhor diretor: O mexicano Carlos Reygadas, por "Post Tenebras Lux".

- Melhor roteiro: O romeno Cristian Mungiu, por "Beyond the Hills".

- Prêmio do Júri: "The Angel's Share", do britânico Ken Loach.

- Caméra D'or: "Beasts of the Southern Wild", do americano Benh Zeitlin.

- Palma de Ouro de curta: "Sessiz-Be Deng", do turco L. Rezan Yesilbas.


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