Chega ao Brasil amanhã a refilmagem da ficção-científica estrelada por Arnold Schwarzenegger e dirigida por Paul Verhoeven, de 1990, que fez sucesso na época devido à boa fase do ator austríaco de Conan e Exterminador do Futuro, e pelo roteiro futurista extremamente criativo. Lá estava também a pouco conhecida Sharon Stone, num belo papel que misturava sedução e boa forma atlética. Sai Sharon e entra Kate Beckinsale, que interpreta a dúbia femme fatale. O musculoso/vítima do complô que mexe na memória e nas emoções de inocentes é Colin Farrell, papel que foi de Schwarza. Além deles, Jessica Biel, Bill Nighy, Bryan Cranston, Ethan Hawke, John Cho, Bokeem Woodbine estão no elenco do remake dirigido por Len Wiseman (Duro de Matar 4.0, Anjos da Noite - A Evolução, Anjos da Noite). Quando a produção foi anunciada, porém, muitos se perguntaram se a refilmagem era necessária. Farrell não é nem sombra do que Arnold foi, dentro do contexto. Mas a febre e a necessidades financeira dos remakes é mais forte, e acabou sendo vítima também o filme do holandês Verhoeven, que também ficou na história do cinema por ter dirigido Robocop (1987) e Instinto Selvagem (1992). A nova produção, que custou 90 milhões de Reais, vai estear por aqui nesta sexta 17 de agosto, depois dos EUA, cujo lançamento foi feita no início do mês, com o longa entrando rapidamente no box office, entre os cinco filmes com maior bilheteria.
Para quem não lembra a história começa na Rekall, a companhia que pode transformar seus sonhos em memórias reais. Para um operário chamado Douglas Quaid (Farell), apesar de ter uma bela esposa (Beckinsale) a quem ama, as palavras "viagem mental" soam como férias perfeitas de sua vida frustrante - memórias reais de uma vida como um super espião podem ser exatamente o que ele precisa. Mas quando o procedimento dá errado, Quaid se torna um homem procurado. Encontrando-se foragido da policia - controlada pelo chanceler Cohaagen (Cranston), o líder do mundo livre - Quaid conta com a ajuda de uma lutadora revolucionária (Biel) para encontrar o chefe da resistência subterrânea (Nighy) e deter Cohaagen. A linha entre fantasia e realidade fica distorcida e o destino de seu mundo fica na balança enquanto Quaid descobre sua verdadeira identidade, seu verdadeiro amor e seu verdadeiro destino.
O enredo futurista mais uma vez bebe da fonte do criador de Blade Runner e Minority Report. É uma versão contemporânea da ficção científica baseada no conto 'We Can Remember It for You Wholesale', escrito por Philip K. Dick, com roteiro de Kurt Wimmer (o mesmo de Ultravioleta). O diretor tem mantido vários membros da equipe em projetos diferentes. Até mesmo os atores compartilham muitos dos fillmes de Wiseman: Kate Backinsale fez todos os filmes da série Anjos da Noite e é casada com o diretor. Bill Nighy também trabalhou na mesma série. O curioso que este remake é apenas o sexto longa metragem do diretor, que ainda tem pouca experiência na direção. Ele também é produtor, assistente de direção e produtor em Hollywood.
CURIOSIDADES DOS BASTIDORES
Colin Farrell concorria ao papel principal ao lado de Tom Hardy (A Origem) e Michael Fassbender (Bastardos Inglórios), mas acabou levando o papel principal no remake. Porquê a semelhança dos títulos? Em 1990, a finada Columbia, que se transformou em Sony Pictures, aproveitou o filão de "O exterminador do futuro", lançado em 1984, para traduzir "Total recall" como "O vingador do futuro", que trazia o mesmo protagonista: Arnold Schwarzenegger. Mas 22 anos depois, Farrell quer passar longe da comparação com o ex-fisiculturista que virou um dos maiores atores de ação de Hollywood. De passagem pelo Rio de Janeiro para divulgar sua nova produção, que estreia agora no Brasil, o irlandês, que vive em Los Angeles, participou de uma coletiva de imprensa em Copacabana.
Colin Farrell concorria ao papel principal ao lado de Tom Hardy (A Origem) e Michael Fassbender (Bastardos Inglórios), mas acabou levando o papel principal no remake. Porquê a semelhança dos títulos? Em 1990, a finada Columbia, que se transformou em Sony Pictures, aproveitou o filão de "O exterminador do futuro", lançado em 1984, para traduzir "Total recall" como "O vingador do futuro", que trazia o mesmo protagonista: Arnold Schwarzenegger. Mas 22 anos depois, Farrell quer passar longe da comparação com o ex-fisiculturista que virou um dos maiores atores de ação de Hollywood. De passagem pelo Rio de Janeiro para divulgar sua nova produção, que estreia agora no Brasil, o irlandês, que vive em Los Angeles, participou de uma coletiva de imprensa em Copacabana.
"Tentei ligar milhares de vezes para Arnold, mandei torpedos, mensagens e ele nunca me respondeu", brinca o ator de 36 anos. "Acho que ele não se importa com esse remake, mas nem tentei falar com ele. Eu era fã desse filme desde os 13 anos e já tinha visto três ou quatro vezes. Mas tentei fazer a minha versão sem pensar no passado", completa Farrell. Em dois dias no Brasil, ele teve tempo de fazer um roteiro básico, que incluiu praias, o morro Santa Marta (ele fez questão de conhecer uma favela) churrasco e... biquínis. "Fiz tanta coisa ontem que parece que já estou aqui há uma semana. Fui à praia em Copacabana e Ipanema, depois à Floresta da Tijuca ver a cachoeira e duas vezes à churrascaria no mesmo dia. Mas fiquei longe da caipirinha, porque a cachaça foi um dos motivos que me fez largar o álcool" - diz o ator, que está solteiro, mas de olho nas cariocas."Não tenho namorada, mas se eu tivesse, não reclamaria nem um pouco se ela quisesse usar um biquíni brasileiro. Eles cabem perfeitamente nas mulheres daqui, é impressionante".
E por falar em mulher, Farrell arrancou risos da imprensa ao comentar as cenas de beijo entre ele e Kate Beckinsale, atriz que interpreta sua esposa no filme, mas que é casada com o diretor do filme na vida real. "Foi constrangedor beijar a mulher do diretor a menos de dois metros dele. Eu fazia o meu melhor para não ter que repetir as cenas e torcia para ouvir logo o "corta!". Mas não tem nenhuma cena quente no filme, e acho que fica fácil saber o motivo (risos), os beijos são mais para dar bom dia".
O ator continua: "Desde "Miami Vice" (2006), não me interessava tanto por um roteiro. Hesitei um pouco, porque sou crítico quando o assunto é remake. Mas esse filme tem personagens diferentes e alguns desfechos inéditos, se compararmos à primeira versão. E é muito menos violento. Eu garanto que vocês não vão ver cabeças explodindo" - comenta o ator, aproveitando para contar como foram suas preparações para viver o personagem, que está inserido em tantas cenas de ação. "Eu li que Quaid havia sido um militar, então me exercitei para ficar na minha melhor forma física e me garantir sem dublês. Mas me preparei muito mais psicologicamente do que fisicamente. As explosões acontecem, os carros começam a lhe perseguir e você precisa correr e se movimentar naturalmente".
Como a trama se passa parte na realidade, parte no mundo dos sonhos, Farrell revelou o que gostaria de fazer se tivesse a oportunidade de ser transportado para um mundo de fantasias. "Eu gostaria de defender o meu país na seleção de futebol. A Irlanda não é uma maravilha no esporte, mas meu pai era jogador profissional e é meio frustrante que eu não tenha seguido os passos dele". Farrell já fez importantes papéis de drama, ficção científica e suspense, mas um gênero passou batido em sua carreira: o dos super-heróis. Para driblar a onda de produções dos populares Homem-Aranha, Batman, Hulk, Farrell tem uma ideia. "Qual super-herói ainda não foi feito? Já sei! Vou ser o Spawn Man (em referência ao personagem criado por Todd McFarlane em 1992). Eu amo viver personagens. Se a história é boa, eu vou fazer. Mas nunca fui muito fã de quadrinhos, embora eu tenha adorado "Os vingadores"."
Já Kate Beckinsale engana todo mundo. A atriz, que acabou de completar 39 anos, convence e dá a impressão de agir naturalmente quando bate em todo mundo como a vampira Selene em Anjos da Noite (2003) e suas duas sequências, como Anna em Van Helsing - O Caçador de Monstros (2004) e como Lori em seu último filme, O Vingador do Futuro, mas ela jura que é tudo uma ilusão, uma piada e um golpe de sorte que mudou sua carreira.
"Juro que quando era menina, não ficava dizendo: 'Quando crescer, quero fazer filmes em Hollywood para sair chacoalhando automáticas'", diz a atriz, rindo. "Ninguém ia acreditar. O que eu queria era fazer Tchecov, dramas de época, essas coisas que estão na minha zona de conforto."
"Desde o comecinho da carreira, uma das coisas que me deixa ansiosa é o aprendizado", ela revela. "Nunca fiz curso de interpretação, por isso queria experimentar o maior número possível de coisas, me manter em forma e ver o que podia e não podia fazer. Como atriz, acho muito importante me colocar em situações novas, diferentes, obscuras."
Anjos da Noite foi exatamente isso. "O fato de ter feito muito sucesso foi mais do que gratificante; foi ótimo e assustador", conta a atriz, por telefone, enquanto dirige por Los Angeles, "porque a personagem vive de cara fechada, é uma figura rígida e não sabia até que ponto eu ficaria associada a ela. É totalmente o oposto de mim e, no entanto, é assim que muita gente me vê. Não deixa de ser estranho, pois sei que é totalmente o oposto daquilo a que estou familiarizada e de quem eu sou".
"Adoro a sensação de ser alguém que interpreta mulheres fortes, poderosas, descoladas", afirma ela. "Ao mesmo tempo, ainda me surpreendo por conseguir convencer o público. Minha família acha o máximo, morre de dar risada." Até agora, em 2012, Beckinsale estrelou Anjos da Noite: O Despertar, o quarto filme da série e terceiro da atriz no papel de Selene, depois de rodar Anjos da Noite: A Rebelião (2009) e Contrabando, com Mark Wahlberg
Beckinsale sempre quis estrelar O Vingador do Futuro, dirigido por seu marido, Len Wiseman, que foi quem a ajudou a mostrar toda a sua agilidade nas duas primeiras aventuras de Anjos da Noite. Só que a coisa quase não foi para a frente porque o fim da produção de O Despertar coincidiria com o início das gravações do novo filme. De fato, ela já estava preparada para fazer apenas uma participação especial como a prostituta de três seios, reprise da personagem que ficou famosa no longa com Schwarzenegger.
"Durante um ano vi o Len trabalhando no roteiro e tudo mais", relembra ela. "Ele já tinha pedido para eu aceitar o papel, só que, na hora que a aprovação saiu e tudo o mais, eu já tinha aceitado participar de Anjos da Noite 4 e a coisa estava a todo vapor. Nós dois ficamos tristes porque, pelo visto, não ia rolar. Só que ele não desistiu e disse: 'Adoro ter você nos meus filmes, adoro trabalhar com você. Faz a prostituta de três seios, então?'."
"Pensei comigo: 'Não sei se vai ser tão legal assim para o meu filho que está na sétima série, mas, beleza'", prossegue ela. "Aí as datas mudaram e descobri, umas duas semanas antes de começarem as filmagens de O Vingador, que poderia fazer a Lori. Não tive tempo para nada entre os dois", acrescenta. "Terminei Anjos da Noite 4 num dia e comecei O Vingador uns quatro dias depois."
Beckinsale descreve Lori como uma psicopata perigosa, mas observa que a personagem não se vê como tal. Aliás, ela se considera plenamente justificada, incompreendida e magoada – mas nunca como uma vilã. "Ela é uma agente altamente treinada e extremamente inteligente", Beckinsale explica, "e se vê numa situação que considera degradante. Ao longo do filme, ela vai reagindo contra isso e faz um verdadeiro carnaval quando quer".
"Lori é totalmente incontrolável e gosto dela assim", ela prossegue, "além de ser divertida. Se você é óbvia, tipo 'Sou malvada mesmo', o público não se interessa muito. Ela está totalmente obcecada pela ideia de se vingar e vencer e não mede esforços nem limites para isso. No fim, foi bom ter quatro dias entre Anjos da Noite 4 e O Vingador", reflete ela. "Eu também já estava ficando meio lelé."
Entre as várias cenas de ação de O Vingador, o destaque fica por conta da sequência da luta entre Beckinsale e Biel. Mesmo agora, a atriz descreve a cena rápido, quase sem fôlego. "Foi meio intimidador", confessa. "Cheguei para gravar, pensando: 'Caramba, estou seis meses sem treinar e tenho que bater em todo mundo nesse elevador, e de uma vez.' Acho que foi a única coisa que me deixou nervosa e, por isso, é claro que tivemos que ensaiar muito, tipo hora do almoço, de manhãzinha, nos fins de semana. É uma briga boa mesmo", resume Beckinsale. "No fim, a cena ficou ótima. Uma das coisas que mais me deixa orgulhosa é o fato de termos feito tudo. Não há dublês, em momento algum. Também foi ótimo enfrentar outra mulher sem ter que, de repente, aparecer de calcinha. Não é aquela coisa, tipo, só porque são duas mulheres brigando, então vamos sensualizar; nada, é mais no estilo duas mulheres descendo o sarrafo. É para valer."
Depois de concluir as filmagens de O Vingador do Futuro, Beckinsale tirou férias, mas já começou a produção de The Trials of Cate McCall, um drama independente estrelado por Nick Nolte, no qual a atriz interpreta uma alcoólatra tentando se recuperar. É um papel humano, sensível, que exige muito mais observação e sutileza – exatamente do tipo que procurava.
"Você desenvolve um método de trabalho", explica ela. "Eu estudei em Oxford, fiz russo e francês. Não fiz interpretação. Quando comecei, mergulhei de cabeça, como fazem os atores mirins, porque ainda não tinha um processo estabelecido. Levei anos para criar o meu. Eu sou daquele tipo que se prepara minuciosamente, com meses de antecedência e agora já sei como funciona. No começo, não fazia nada disso."
"Também não prestava muita atenção aos diretores", confessa. "Não achava que fizessem muita diferença, mas hoje percebo que eles fazem, sim, porque, afinal, um filme é um ponto de vista do diretor. É importante estar de igual para igual, trabalhar junto. Juro, eu achava que o diretor era só aquela pessoa que dá ordens, tipo, 'Para de fazer isso' e 'Agora faz isso.'"
"Venho de um meio literário", ela conclui com uma risada, "e achava que se o roteiro fosse bom, o filme seria ótimo, mas nem sempre esse é o caso".
Confira o trailer:
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