Mantendo o equilíbrio emocional durante o isolamento social

Ninguém sabe quanto vai durar. Só sabemos que não devemos sair de casa. Essa situação gera
angústia, somada à paranoia de contrair o vírus, mais a tensão pela preocupação com os idosos, e outros tantos sentimentos que vêm da rotina alterada, do convívio social reduzido às quatro paredes. Pais não estão preparados para ter os filhos 24 horas dentro de casa, os mais novos precisam cuidar e vigiar os mais velhos, e todo mundo tem a sensação de cerceamento da liberdade.

O período gera ansiedade, e por isso aumentam as consultas aos terapeutas - sempre remotas. Segundo a psicóloga gaúcha Jovana Serra, a sensação gera um sentimento assustador, pois nos exige atividades domésticas e com muita criatividade. "Quando somos privados do local de trabalho, precisamos buscar coisas que façam sentido pra nós". É uma oportunidade, portanto, de criar uma rede uma solidariedade, ou de desengavetar um projeto, estudar, realizar um sonho antigo, ajudar alguém. São tarefas que poderão trazer um pouco de tranquilidade.

A terapeuta também enxerga que existiu no Brasil uma rápida compreensão de várias empresas que flexibilizaram o trabalho de seus funcionários, o que facilitou a sanidade mental de diversos profissionais. Por outro lado, uma corrente de bem está se criando, com jovens auxiliando os mais velhos, vizinhos ajudando vizinhos, pequenos grupos que desaguam a sua ansiedade e tensão desempenhando ações positivas.

"É preciso pensar na organização dentro dos lares", lembra Jovana. Casais que têm crianças em casa precisam dividir tarefas e tempo, senão não vai ser possível trabalhar e conviver no mesmo ambiente. "Ouço no consultório que algumas mães se sentem sobrecarregadas, pois o marido muitas vezes se torna mais um filho, carente e querendo atenção", revela a psicóloga. Dois adultos precisam dividir as responsabilidades, fazendo combinações simples, sem radicalismos obsessivos. Basta conversar.

Fazer as refeições juntos, na medida possível, ajuda a unir a família e planejar as atividades do dia, com crianças, idosos e até mesmo com os animais de estimação. "Não é só a garotada que gosta de escrever uma agenda diária, para organizar o seu dia. Adultos também precisam desse escopo", afirma a terapeuta. Mas ela alerta que não é necessário ser neurótico, com a obrigação de promover um calendário recheado de atrações. "Os filhos por muitas vezes só querem a presença dos pais, com jogos simples como cartas, mímica, STOP, olhar álbuns de fotografias, contar histórias, fazer limpezas na casa". Separar roupas de inverno para doação na próxima campanha do agasalho, por exemplo é uma ótima ideia.

Fazer comida, inventando receitas, pode unir os integrantes mais novos e mais velhos da casa. Conversas, contações de histórias, falando sobre o seu dia, são velhos hábitos que precisam ser recuperados, conforme os psicólogos. Também a música é uma ótima ferramenta para estimular, divertir, distrair e unir os familiares durante a quarentena. "Para os mais ativos, quem sabe a dança pode ser uma forma de usar a energia física dentro de casa", lembra Jovana. Com isso, será preciso mais tolerância na convivência entre vizinhos, que certamente ouvirão mais barulhos da criançada dentro de casa nesses tempos.

Outro grande aliado nesse momento de quarentena é a tecnologia: não é preciso postar nada nas redes sociais, mas é possível brincar fazendo vídeos, chamadas com a câmera para parentes e amigos, colocando as pessoas em contato quase que diariamente. Nos residenciais geriátricos, onde estão proibidas as visitas, uma saída para os idosos isolados pode ser o whats app, um filmezinho do parente querido, uma transmissão ao vivo com os parentes dando notícias e matando a saudade.

Com a crescente procura por atendimentos psicológicos no país inteiro, mas sem a possibilidade de aproximação presencial, os terapeutas foram liberados pelas entidades profissionais a usarem o atendimento online. Nesta semana, um grupo de terapeutas de instituições no Rio Grande do Sul começou a oferecer atendimento gratuito através de um site específico para quem necessitar. José Carlos Calich, presidente da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre, diz que já tem a adesão de mais de 500 terapeutas voluntários cadastrados, para atender uma demanda que deverá ser grande nas próximas semanas. Para casos de solidão, tristeza, medo, os organizadores prometem atendimentos que vão amenizar essa angústia, em consultas mais rápidas, mas com tempo suficiente para ajudar a quem precisa.

O link de atendimento pode ser acessado aqui.

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