O lado bom do "Big Brother": boas e más ações estão sendo observadas

Livro 1984 - George Orwell - R$ 30,00 em Mercado Livre 

No livro 1984, o visionário escritor George Orwell mostrava um mundo do futuro onde todos estavam sendo vigiados. Nenhum ato ou ação escapava das câmeras que observavam em todos os lugares. Era o chamado "grande irmão", mais conhecido como o big brother. Alguns anos se passaram e a teoria fantasiosa do autor começou a virar verdade, a começar pelas câmeras de segurança chegando até as redes sociais. Atualmente, somos todo o tempo analisados e julgados por nossos amigos - e outros não tão amigos - no Facebook, Twitter e tantas outras redes sociais. Isso ganhou uma vitamina maior ainda com a facilidade do celular com câmera, que de forma bem portátil grava qualquer coisa e em qualquer lugar, com uma facilidade e instantaneidade incríveis, e depois sobe para a internet rapidamente, e muitas vezes virando o chamado viral. 

É por isso que temos tantos memes, cenas engraçadas, flagrantes, crimes, cenas chocantes e tantas outras coisas alimentando a pauta dos programas sensacionalistas da televisão brasileira. Hoje cada usuário de smartphone é um repórter pelas ruas, que ganha força ao apresentar à toda sociedade materiais para serem julgados. Essa engrenagem é cada vez mais comum e mais rápida. Uma palavra errada, uma expressão imprópria num post e pronto: famosos e mesmo anônimos estarão no centro da polêmica.

É também por isso que cenas lamentáveis de preconceito e prevalecimento de Matheus Almeida Prado Couto, num condomínio de luxo em Valinhos, interior de São Paulo, que tentou humilhar o motoboy de nome também Mateus, Mateus Pires Barbosa, ganharam as redes na sexta-feira dia 7 de agosto passado e imediatamente o vídeo se tornou um dos virais mais comentados no país. Recentemente, nenhum ato politicamente incorreto, manifestação de racismo ou preconceito tem sido tolerado pela sociedade: o monitoramento constante dessas falas e atos são fortemente rechaçados.

Essa, por si só, é uma boa notícia que devemos comemorar: a exagerada fiscalização das pessoas em cima das pessoas ajuda a identificar excessos e esses são levados à justiça e punidos de acordo com a lei - embora na maioria das vezes já receba seu julgamento no campo digital, e com alguma possibilidade de injustiça.    

Mas e se a gente analisar por outro ângulo? Se o mundo controlado criado por Orwell se transformasse numa rede a favor do bem? Será que os bons exemplos, se captados pelas câmeras de nossos smartphones e fossem postados pelas redes o mais rápido possível e se espalhassem pelo mundo com a mesma força que o uma tragédia ou uma polêmica? Não é muito difícil ver cenas de pessoas se ajudando, fazendo atos generosos, surpreendendo a sociedade com ações positivas e criativas, e que acabam caindo na rede. Sabemos que não tem a mesma intensidade da chamada "notícia ruim", mas quem sabe não é possível incentivar tais atos e intensificar essas atitudes para que também se tornem virais?

Como numa ficção científica, seja de 1984 ou tantas outras com essa temática, será que não podemos sonhar com a rede de vigilância sendo surpreendida por uma silenciosa, tranquila e benéfica revolução do bem, destacando muitas coisas boas que acontecem todos os dias nas ruas do nosso planeta e em nossas vidas? 

Pensem nisso, e me digam se isso é uma insanidade. Não podemos fazer o grande irmão trabalhar por um mundo mais positivo? 

 
 


























Comentários

Unknown disse…
"Essa, por si só, é uma boa notícia que devemos comemorar: a exagerada fiscalização das pessoas em cima das pessoas ajuda a identificar excessos e esses são levados à justiça e punidos de acordo com a lei - embora na maioria das vezes já receba seu julgamento no campo digital, e com alguma possibilidade de injustiça."

Esse julgamento no campo digital fez surgir o que vem sendo chamado de "cultura do cancelamento", em que as pessoas são excluídas da suas posições de influência devido as suas atitudes duvidosas. Mas acredito que melhor que "cancelar" alguém pelo seu erro é educar, conscientizar e fomentar o debate.
Renato Martins disse…
Exatamente. Bem colocado!