Paraguai dá início à safra de arroz

O Paraguai sai na frente e inicia os trabalhos para a nova safra de arroz neste mês de agosto, providenciando as operações nas áreas que devem receber, nesta semana, as sementes do ciclo 2020/21. Mais de 70% das regiões receberam preparo antecipado e até o final de agosto quase a totalidade das superfícies estarão prontas para receber sementes. O plantio deve ocorrer nas regiões mais próximas de Assunção, até o mês de novembro nas zonas mais ao sul do país. Em pontos localizados as barragens não recuperam totalmente a capacidade para dar suporte à irrigação, depois de uma das piores secas da história recente do país vizinho do Brasil.


Foto de Maurício da Rosa, divulgação

A estimativa é de que os agricultores guaranis plantarão 168 mil hectares, com aumento de 3,7% sobre o  cultivado na temporada passada, segundo informações do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, baseada na intenção de plantio em abril deste ano. Localmente acredita-se que o crescimento pode ser um pouco maior a depender do fluxo de negócios e preços, em especial os praticados no Brasil.

A produção prevista é de 1,12 milhão de toneladas em base casca (750 mil t beneficiado), praticamente estável com relação às 1,1 milhão colhidas na temporada anterior, com produtividade estável em 6,7 mil quilos por hectare. O suprimento total será de 771 mil toneladas (branco), ainda pela projeção do USDA, e as exportações devem somar 630 mil toneladas. Vale lembrar que esta expectativa é referente a uma pesquisa realizada na fase inicial do surgimento de casos de coronavírus nos países do Mercosul.

Com isso, a previsão era de uma queda no consumo paraguaio de 110 para 105 mil toneladas (base beneficiado), que pode não se confirmar. A expectativa local é de um consumo entre estável e 5% maior, segundo agentes de negócios consultados. Localmente se estima o consumo entre 200 e 230 mil toneladas por ano no país.

Maurício da Rosa, brasileiro de Dom Pedrito (RS), vai coordenar o cultivo em uma área de 6 mil hectares de arroz. Ele está otimista, considerando que há uma expectativa de repetir produtividade próxima de 8,8 mil quilos por hectare: "se o clima ajudar, a previsão é de bons preços frente ao cenário atual do mercado. Estamos concluindo o preparo para entrar semeando nesta semana", afirma.

Cerca 850 mil toneladas de arroz (base casca) são exportadas anualmente pelo Paraguai, sendo 60% para o Brasil e 40% para outras três dezenas de destinos. Na atual temporada as exportações começaram muito bem, ainda durante a colheita, com demanda da América Central, no entanto a seca atrapalhou bastante a logística que utiliza barcaças pelo Rio Paraná até o porto de Nova Palmira, no Uruguai. Baixo, o rio perdeu condições de navegabilidade.

Ainda assim, o arroz paraguaio teve ótima demanda no Brasil, na Bolívia e no Chile, este em especial o Tipo 2, adquirido para formação de cestas básicas após os primeiros casos de infecção por coronavírus no país da costa do Pacífico. Quase a totalidade do arroz produzido no Paraguai usa cultivares e métodos idênticos aos do Sul do Brasil, do Uruguai e da Argentina, com a produção de um grão de ótima qualidade.

O custo de insumos químicos é até mais alto que no Brasil, pois chegam em boa parte por Paranaguá, no Paraná, e têm mais um alto custo de frete, mas a produção paraguaia se torna muito competitiva por conta das diferenças abissais nos custos de energia elétrica, mão de obra, da terra e da água e da carga tributária. O acesso ao crédito também é bem mais difícil, segundo consultores técnicos e produtores brasileiros que se encontram no Paraguai.</p>

Algumas das principais empresas paraguaias do ramo têm capital e gestores e consultores gaúchos e catarinenses, mas o número de argentinos e uruguaios também aumentou nas últimas temporadas.

Mário Bergallo, produtor de Uruguaiana há muitos anos radicado no Paraguai, avalia que 70% da produção da última safra paraguaia já está vendida e o volume remanescente tem boas possibilidades em razão dos preços competitivos e da qualidade do grão. Há 10 dias a tonelada de arroz em casca estava cotada a US$ 250,00 para carga direta e rápida ao Brasil, mas houve valorização desde então. O Brasil tem importado pouco mais de 650 mil toneladas anuais de arroz (base casca) do Paraguai, volume equivalente a 6,2% do consumo projetado pela Conab no ano passado.

Com informações do site Planeta Arroz.

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