Trabalho em "Home Office" já é realidade na pós pandemia

Na semana passada o Google e o Facebook anunciaram que seus funcionários ficarão trabalhando em casa até 2021. Outras gigantes como a Amazon também divulgaram decisões semelhantes. A Coca Cola informou que suas equipes permanecem remotas até o final de 2020. Pesquisas apontam que mais de 130 empresas da área de tecnologia mudaram rapidamente para o chamado modo home office, e seguiram com suas atividades praticamente normais. E muitas pretendem continuar assim. 

O trabalho à distância muda o jeito das empresas lidarem com seus custos fixos, como telefonia, energia elétrica, aluguel e transporte dos seus colaboradores. As tele reuniões são mais objetivas, o bem estar das equipes está sendo avaliado como de melhor qualidade e há um aumento de produtividade em quase todas as situações.

Home Office Negócios Computador - Foto gratuita no Pixabay

EXECUTIVOS APROVAM

A “Cushman & Wakefield”, empresa multinacional de gestão de escritórios corporativos, realizou uma pesquisa com 122 executivos, na qual 73,8% disseram que pretendem instituir o home office como prática definitiva no Brasil após a pandemia. Antes da crise, apenas 33,6% das empresas já haviam aderido ao trabalho de forma remota, sendo 42,6% a porcentagem de companhias que nunca haviam adotado o método. Ao final, 23,8% foi a cifra de empregadores que apenas estudavam sua possibilidade.

A mesma pesquisa apontou que 45% das empresas já decidiram pela redução de seus espaços físicos, entregando salas e/ou andares alugados, tendo em vista a redução de custos somada ao sucesso obtido com a implementação do home office. O escritório “LafargeHolcim”, localizado no centro do Rio de Janeiro, atuante na área administrativa da multinacional produtora de materiais de construção, anunciou que os 150 funcionários da sede carioca irão permanecer trabalhando em casa após o final da pandemia. Com a entrega do imóvel, a companhia estima economizar R$ 2 milhões devido aos custos fixos com aluguel, estacionamento, taxa condominial, alimentos e bebidas de copa, entre outros.

MAS E OS COLABORADORES?

A pandemia forçou a alternativa de uma modalidade de trabalho que tinha tímidos índices: o home office (teletrabalho). No Brasil e no mundo, foram várias as empresas que se adaptaram rapidamente a esse tipo de trabalho feito em casa, salvaguardando aqueles serviços que possibilitassem a prática. Visando à análise do período, a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP fez uma pesquisa sobre o tema no estudo Satisfação e Desempenho na Migração para o Home Office.

Segundo o professor Wilson Amorim, um dos coordenadores da pesquisa, o alcance do levantamento foi de aproximadamente 1.300 respondentes, com predominância de trabalhadores com alta qualificação e renda elevada. A grande maioria deles vem aprovando a experiência de trabalho em casa. “Isso foi uma surpresa. Colocamos a expectativa de que as pessoas tivessem uma visão relativamente crítica do trabalho em casa e a distância. Não foi isso o que aconteceu”, explica.

Para essa realidade brasileira, 70% gostariam de continuar trabalhando em home office, contra 19% que não gostariam e 11% que foram indiferentes. E mesmo que muitos não tenham um espaço específico para trabalho em casa, o resultado positivo pode ser justificado por três hipóteses. De acordo com Amorim, estar trabalhando enquanto o entorno é marcado pelo desemprego já é um fator de alívio. Outro ponto é a insegurança em relação à própria saúde, reduzida com o fato da não necessidade de sair para trabalhar. Por fim, ele destaca o tempo “ganho” ao não enfrentar trânsito nos dias de trabalho convencionais.

“[São] três aspectos que colocam as condições de trabalho em casa como muito favoráveis do que seriam de outra maneira”, resume o professor. Dos setores atingidos, a educação foi o que se mostrou mais crítico em relação à modalidade, com apenas 56% respondendo que gostariam de continuar trabalhando a distância, muito talvez pela abrupta adaptação e diversos outros fatores que levam a área (e os professores e estudantes) a serem resistentes em uma modalidade de ensino improvisada. Mesmo com isso, Wilson Amorim afirma: “Nós vamos avançar e não recuaremos para o momento anterior. Essa nova situação vai demandar uma relação de trabalho diferente do que tinha antes, em qualquer setor”.

Com informações de Veja, Exame, Jornal da USP, Migalhas, UOL.
 

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