Dicas: uma em cada quatro pequenas empresas gaúchas se reinventou na pandemia

As restrições às atividades econômicas por causa da covid-19 tiveram impacto especial sobre os pequenos negócios. Trabalhando com margens mais restritas de caixa, o fôlego para atravessar uma crise nem sempre foi suficiente. Segundo dados de dezembro do Sebrae-RS,  entre as empresas que não estão funcionando, 20% fecharam definitivamente suas portas em dezembro. O maior percentual desde o começo da pandemia. 


Imagem Pixabay


Mas um dos recortes da pesquisa acende uma luz que pode ser a saída para manter um pequeno negócio nesta e em outras crises. A remodelagem foi uma realidade para 25% das empresas gaúchas no mês de novembro, segundo a Pesquisa de Monitoramento dos Pequenos Negócios, desenvolvida pelo Sebrae-RS. Além disso, 6% dos entrevistados indicaram já estar acelerando processos de digitalização ou tendo que se reinventar para manter o faturamento ativo. Em dezembro, outros 13% disseram seguir o mesmo caminho. 


— As lições aprendidas por conta da pandemia não devem ser esquecidas. As adaptações e reestruturações dos negócios, que vão desde a adoção de novos canais de relacionamento com os clientes, até a total remodelagem, devem ser mantidas e aperfeiçoadas daqui para a frente. O mercado mudou, e as empresas precisam entender isso e se adaptar a elas, caso contrário poderão ter muita dificuldade de sobrevivência — destaca o diretor-superintendente do Sebrae-RS, André Vanoni de Godoy

 Algumas mudanças implementadas pelas empresas devem ser mantidas mesmo após a pandemia. Entre elas estão o relacionamento com clientes por redes sociais (para 54% dos ouvidos), a adoção de controles financeiros mais rígidos (40%), a venda por redes sociais (35%), manutenção de equipes reduzidas (23%), a redução/adequação de estrutura física (19%), e o relacionamento com fornecedores e compras de insumos on-line (18%).

"Malinhas" para as clientes 

Juliane Barbosa, 43 anos, foi uma das empreendedoras golpeadas pela crise. Dona de loja de moda feminina em shopping da zona norte de Porto Alegre, viu semanas passarem sem poder abrir. 

 — Quando a cliente vinha até a gente, tudo certo. Mas aí chegou a pandemia e, com ela, o desespero. A loja cheia de peças para vender, mas sem podermos abrir. Encostei as funcionárias e fiquei em casa sem saber o que fazer. E as contas começaram a bater — lembra. 

 Após dias sem perspectiva, ela se acalmou e conversou com outros empresários para buscar novas ideias. Já que as clientes não podiam ir ao shopping, por que não levar a loja até elas. Foi então teve a ideia das "malinhas". 

 — Lembrei de um curso que eu fiz no qual se ensinou "não deixe seu cliente se esquecer de você". Aí, comecei a mandar mensagens para as clientes perguntando como elas estavam, se a saúde estava bem. E comecei a falar que estava organizando malas personalizadas com peças de vestuário para levar às clientes. Aí, sabe como é mulher, né? — conta brincando. 

Quando Juliane se deu conta, estava indo a condomínios onde várias moradoras queriam ver suas malas com roupas, revivendo uma prática antiga, mas esquecida no século 21. Em hospitais, começou a deixar as malas para que profissionais da saúde, na linha de frente no combate à covid-19, pudessem comprar roupas para o inverno sem deixar seus locais de trabalho. 

 — Hoje, sigo com a clientela do shopping, mas tem quem nem queira mais sair de casa para comprar. Então, sofistiquei. Tem a malinha corporate, que é para a mulherada que trabalha nos escritórios, e a de aniversário, que os maridos encomendam comigo. É um plus, se incorporou ao meu negócio.

Saiba por onde remodelar seu negócio 

  • Ouça o seu cliente, preste atenção na mudança em como ele está fazendo compras atualmente 
  •  Perceba as mudanças nos hábitos de consumo que ocorreram por causa da pandemia. Muita gente não deve retomar comportamentos de compra anteriores 
  •  Acompanhe as notícias no nicho de mercado que a empresa atua para captar boas ideias de negócios 
  • Fique atento a eventos online gratuitos, como lives, para buscar inspiração. O próprio Sebrae-RS oferece várias ferramentas desse tipo 
  •  Cria novos canais de relacionamento, não somente de vendas, para seus consumidores. Isso será fundamental para médio e longo prazo e manter um vínculo com os clientes 
  •  Usar ferramentas digitais para chegar ao público já era e ficou ainda mais importante. Uma solução rápida é apostar em perfis nas principais mídias sociais 
  •  Pode ser a hora certa para estudar a adoção de venda online. Há diferentes plataformas disponíveis no mercado, procure outros lojistas ou entidades e se informe sobre qual seria a mais se adequa para suas necessidades 
  •  É fundamental conhecer os custos da empresa e avaliar quais aqueles imprescindíveis para manter o negócio. Em um contexto de queda de faturamento, se deve priorizar aqueles fundamentais e cortar ou reduzir os demais 
  •  Com a queda do faturamento, pode ser importante negociar com fornecedores um melhor prazo para cumprir compromissos. Essa relação pode trazer um fôlego a mais para manter em dia gastos e despesas inadiáveis 
  •  Nesse momento, é fundamental passar segurança aos clientes. Deixe claro que a sua empresa está tomando todos os cuidados necessários, cumprindo os protocolos de segurança para evitar a transmissão da covid-19 para consumidores e funcionários 




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