A implementação do Programa Fome Zero, a partir de 2003, e as políticas de transferência de renda fizeram com que o Brasil fosse um dos primeiro grandes países em desenvolvimento a deixar o Mapa Mundial da Fome, em 2014. Apenas seis anos depois, porém, o país retrocedeu em seus níveis de segurança alimentar e nutricional. Atualmente, o Brasil voltou a integrar a lista dos países em que a fome é considerada um problema estrutural, situação que deverá se agravar com a crise sanitária e econômica causada pelo novo coronavírus, principalmente para as populações mais pobres e vulneráveis.
Martha Dominguez de Gouveia |
O Instituto Fome Zero e o AsSsAN Círculo firmaram uma parceria de trabalho com o objetivo de promover a segurança alimentar e nutricional como estratégia de política pública para o enfrentamento dos desafios da atual crise de saúde à qual a humanidade está exposta, que se caracteriza pela desnutrição, obesidade e mudanças climáticas.
“O nosso trabalho tem sempre o olhar voltado à sociobiodiversidade, ao manejo sustentável dos ecossistemas nativos, a partir da concepção de conservação pelo uso, sendo essa uma forma de criar e gerar renda para as comunidades”, explica Gabriela Coelho de Souza, coordenadora do AsSsAN Círculo.
Inicialmente, a AsSsAN Círculo pretende apoiar a divulgação dos objetivos do instituto nos municípios e territórios rurais onde já atua, além de contribuir no assessoramento de cidades e estados para a implantação do Sistema Integrado de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN).
O AsSsAN Círculo coordena o comitê técnico-científico da Plataforma de Gestão do Conhecimento em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Plagesan), uma rede nacional de pesquisa que está sendo criada junto ao Ministério de Ciência e Tecnologia e será abrigada pela UFRGS, por meio do AsSsAN Círculo. A plataforma traz dados sobre soberania e segurança alimentar, nutricional e a sociobiodiversidade em diferentes níveis, considerando todo o Brasil, seus biomas e regiões.
“O nosso desafio junto ao instituto, através do compartilhamento de dados e indicadores, é chegar nos grupos locais, porque muitos desses grupos são povos de comunidades tradicionais, povos indígenas, migrantes, ou seja, públicos que se encontram em maior estado de fragilidade, vulnerabilidade e insegurança alimentar e nutricional”, destaca a professora Gabriela, coordenadora do AsSsAN Círculo.
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