Luta contra o plástico descartável ganha importante passo em São Paulo

Os estabelecimentos comerciais da maior cidade da América Latina estão proibidos de fornecer itens descartáveis de plástico aos clientes. O objetivo é evitar o descarte destes materiais que acabam poluindo o meio ambiente. O Brasil é o quarto produtor de lixo plástico do mundo, recicla menos dois por cento e viu esse tipo de consumo explodir durante a pandemia.


Imagem Pixabay


São mais de 11 milhões de toneladas por ano e isso vem aumentando por conta das tele entregas e dos lixos com luvas e máscaras. Além disso, as entidades defensoras do meio ambiente alertam para as quase 200 mil toneladas de lixo despejadas por ano no mar brasileiro, causando problemas para a fauna e flora marinha, para a saúde da população em geral e para o turismo, uma das atividades econômicas mais afetadas pela pandemia.

Lançado pelo governo em abril de 2019 para tratar desse problema, o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar está paralisado desde março deste ano devido à pandemia e sem previsão de retorno. Os R$ 40 milhões destinados para esta finalidade até agora não foram desembolsados.

De acordo com dados da  Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), 35% do lixo descartado no país era composto por material que poderia ter sido reciclado. Em  São Paulo, a lei que proíbe a venda de produtos feitos de plástico prevê multa para o comércio de mil a 8 mil reais. Em caso de reincidência o local pode ser fechado. 

A medida passou a valer no primeiro dia de 2021, e com isso bares, restaurantes, padarias, hotéis, pousadas e clubes noturnos não podem mais utilizar utensílios plásticos. Itens como copos, canudos, talheres e pratos terão de substituídos por material biodegradável ou reutilizável.

Nunca é demais lembrar que, com a falta de uma política de reciclagem no país, esses materiais que são descartados de forma errada e vão parar nos aterros sanitários. Um copo plástico descartável pode levar entre 250 a 400 anos para se decompor – e mesmo depois de todo esse tempo ainda pode continuar por aí, pois se transforma em micro plástico e continua na natureza. Isso porque o copo plástico descartável é produzido a partir do poliestireno, um componente derivado do petróleo, que é uma matéria-prima não renovável.

De todos os tipos de plástico produzidos no Brasil, o PET (sigla para polietileno tereftalato), utilizado nas garrafas de refrigerante e água mineral, é o que tem a mais alta taxa de reciclagem, chegando a 60%. E isso já é uma boa notícia. 

Pesquisas apontam que em 2050 haverá mais plástico do que peixes nos oceanos. Existem diversas inovações que tentam retirar o lixo que já existe nos oceanos, mas é importante tentar não deixar que o lixo chegue até lá. Com todos esses dados, o consumo consciente é uma necessidade urgente. Usar a prática dos "5 Rs" e a hierarquia do lixo zero. Pode parecer algo difícil, mas é possível começar aos poucos.

Dentre as possíveis soluções para diminuir o problema do lixo plástico estão a orientação para a destinação correta, uma reciclagem maior e a diminuição da produção de lixo plástico. O brasileiro produz, em média, 1 kg de lixo plástico por semana, uma das maiores médias do mundo.

Soluções como o banimento de canudinhos e descartáveis são boas iniciativas, mas a iniciativa precisa ir além da proibição. Para os especialistas, é preciso um trabalho com os estabelecimentos comerciais para que eles não continuem ofertando produtos plásticos e com o consumidor para que faça o descarte corretamente.

Uma das ideias possíveis e mais baratas a curto prazo é voltar com o uso de embalagens retornáveis, como anunciado pelas gigantes da indústria alimentícia Coca-Cola e a Pepsico, que já testam em alguns países o serviço.

Mas para quem acha que a cidade de São Paulo está sendo radical, prepare-se: o Projeto de Lei 4186/20 proíbe a comercialização e o uso dos produtos plásticos em todo o país, a partir de 2022, com exceção de produtos essenciais à saúde pública, à alimentação e à produção industrial. 

No texto que está sendo analisado pela Câmara dos Deputados, o poder público deverá incentivar o uso de componentes biodegradáveis e a reciclagem dos produtos em circulação.

Outra grande preocupação é que o Brasil deverá dobrar sua produção de plástico até 2050. E, conforme a tendência, os plásticos serão responsáveis pela emissão de 56 gigatoneladas de dióxido de carbono até 2050, acelerando as mudanças climáticas do mundo também. 

Com informações dos sites CNN, G1, BBC, Beegreen, CicloVivo, AMDA e Câmara dos Deputados.

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