Segmento de saúde já prepara terapia para as sequelas pós-Covid

A pandemia parece estar longe de terminar: temos o desafio da imunização, das variantes que estão por aí e o receio da reinfecção e até mesmo o contágio de pessoas que já foram vacinadas. Ou seja, as incógnitas ainda são muitas. Mas há um movimento interessante em algumas cidades brasileiras - e muitas delas gaúchas - que começam a se preparar para o atendimento dos sintomas pós-Covid. Nós da Rede #AtitudePositiva destacamos três delas, em Canoas, Viamão e Porto Alegre.  



Unidade Pós-Covid

A Prefeitura de Canoas prevê para maio a inauguração do Ambulatório Pós-Covid do município, que funcionará dentro do Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG). O local será dedicado ao atendimento de pacientes que tiveram Covid-19 e ficaram com sequelas da doença, sejam elas de cunho neurológico, cardiológico ou pneumológico, já que o sistema respiratório é o mais afetado.

De acordo com o secretário municipal da Saúde, Maicon Lemos, o objetivo é dar a assistência médica e multiprofissional necessária para os pacientes acometidos pela Covid-19 de forma moderada a grave, principalmente aqueles que estiveram internados. “Entendemos a necessidade de acompanhar esses pacientes pós-alta, pois há situações de pacientes que venceram a Covid e que internam novamente, inclusive em estado grave, por outras situações decorrentes da doença”, afirma.

O serviço, com atendimento multidisciplinar, será destinado a casos de pacientes adultos que passaram por internação, em UTIs Covid ou leitos clínicos. Também poderão ser atendidos pacientes encaminhados pelas unidades básicas de saúde que não chegaram a precisar de internação, mas que também apresentam complicações pós-Covid. O acompanhamento deve durar até seis meses. “Os sintomas mais comuns são a fadiga e a falta de ar, relacionadas ao comprometimento muscular e da função pulmonar, mas vários outros sintomas são relatados pelos pacientes, como dores de cabeça, perda de olfato e paladar (temporária ou duradoura) queda de cabelos, tonturas, palpitações, tromboses, sintomas neurológicos como dificuldade de linguagem, raciocínio e memória, além de manifestações psiquiátricas como ansiedade, depressão e estresse pós-traumático”, explica o pneumologista Eduardo Zettler, do Hospital Universitário de Canoas.


Unidade Digital de Viamão - Foto divulgação Prefeitura Municipal de Viamão



A tele medicina


Tendência que já vinha crescendo mesmo antes da pandemia, e agora começa a se consolidar, o atendimento de pacientes através de chamadas de vídeo ou aplicativos de consulta numa teleconferência, poderá ajudar o acompanhamento pós-Covid. Em Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre, já funciona uma Unidade de Saúde Digital, um serviço de telemedicina totalmente público, com acesso a consultas por videochamadas, pelo telefone 0800 642 4440, de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas. Toda a estrutura de atendimento das ligações e transmissão das consultas está sediada na própria Secretaria Municipal de Saúde de Viamão.

Atualmente a unidade está priorizando quem tem sintomas, mas o o serviço será uma tendência ´para acompanhar os recuperados. “Nossa preocupação é com as pessoas que têm sintomas de Covid e precisam de atendimento médico. Para que elas não precisem sair de casa, estamos implantando o serviço de telemedicina. Ela liga, passa por uma triagem com uma equipe de enfermagem e é encaminhada para atendimento médico através de uma videochamada. Ela consulta com o médico e recebe o receituário e encaminhamento para exame, se for necessário, já com horário marcado. Tudo isso sem pagar nada”, explica o prefeito Valdir Bonatto.


Terapia para sequelas

Ao completar um ano de pandemia em março passado, o Rio Grande do Sul registrava mais de 807 mil pacientes recuperados e, muitos dos quais, precisando de reabilitação para as sequelas deixadas pela doença. A AACD-RS em Porto Alegre, credenciada pelo SUS é uma das instituições com prestação de serviço para receber os pacientes com sequelas pós-covid que necessitem de reabilitação física (sequelas motoras e respiratórias).

Viviane, uma dona de casa de 35 anos, infectada entre os meses de junho e julho do ano de 2020, esteve 35 dias internada no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, dos quais 28 entubada na UTI do hospital. Pouco após sua alta, em setembro do ano passado, a dona de casa iniciou tratamento na AACD para tratar das sequelas pós-covid, encaminhada pelo posto de saúde. 

“A paciente chegou muito debilitada, tanto na parte motora quanto, e principalmente, na respiratória. Quando chegou na unidade, por exemplo, não conseguia fazer tarefas simples como se sentar e se levantar de uma cadeira e, nas tarefas domésticas, Viviane, só podia varrer um cômodo por vez”, comenta Emanuele Cominetti, uma das fisioterapeutas responsáveis pelos atendimentos realizados por Viviane na AACD. Sem histórico de comorbidades, depois de seis meses de tratamento na fisioterapia solo, respiratória e aquática, Viviane está próxima de receber alta, resgatando sua autonomia e independência. 


Com informações do Correio do Povo 





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