Dentistas atuam em UTIs para ajudar na recuperação de pacientes intubados

A atuação de dentistas dentro das UTIs tem contribuído na recuperação de pacientes intubados por causa da Covid. Kamila ficou 10 dias intubada por causa da Covid. Quando acordou, descobriu que não tinha mais os quatro dentes do siso. O procedimento foi feito para evitar que a infecção na boca agravasse o quadro da doença. “É bom ter esse tratamento que poderia piorar a situação também", disse Kamila Mohamed Vilela, técnica de enfermagem.

Foi a Raffaele quem atendeu a Kamila na UTI. A dentista cuida de 60 pacientes em dois hospitais de Campo Grande. "Quase duplicou o nosso número de leitos e os atendimentos beira leitos acontecem a todo momento. Nós somos acionados para fazer atendimento via parecer, mas nós estamos aqui junto com todos para que a gente possa levar o melhor para o paciente”, contou Regina Maria Raffaele, cirurgiã dentista.

Foto DarkoStojanovic/Pixabay


Quanto mais tempo de intubação, mais lesões e infecções na boca podem aparecer, aumentando o risco para o paciente. "Esse vírus da Covid entra pela via aérea, passa pela cavidade bucal onde tem uma carga viral muito grande e, se não tomar cuidado com as bactérias e micro-organismos, vai acabar indo para o pulmão e provocando uma pneumonia que pode trazer um agravo grande ao paciente e até o óbito. Com o protocolo de higiene oral, há uma diminuição da quantidade de pneumonias em até 60%”, explicou o coordenador da Comissão de Odontologia Hospitalar do CFO, Keller de Martini.

A maioria dos hospitais ainda não oferece esse serviço que pode ajudar a salvar vidas. Em Mato Grosso do Sul, apenas oito têm dentistas disponíveis em UTIs. De acordo com o Conselho Federal de Odontologia, também faltam profissionais. Em todo o Brasil, são cerca de dois mil dentistas hospitalares.

“Nós temos 5 mil municípios, nós temos hospitais na grande maioria deles, e em pouquíssimas cidades, em pouquíssimas unidades nós temos o cirurgião dentista colaborando com a saúde pública no Brasil”, afirmou o presidente do CFO, Juliano do Vale.

O Hospital Universitário de Campo Grande implantou o serviço em 2015. Desde então, conseguiu reduzir em 75% as pneumonias associadas à ventilação mecânica. 

Juliana Franco, cirurgiã dentista, atende no Hospital das Clínicas em São Paulo há 18 anos e conta que nas UTIs o dentista nunca foi tão necessário como agora: “O paciente hospitalizado e que tenha assistência odontológica durante a sua internação tem uma recuperação, uma reabilitação muito maior do que o paciente que não tem assistência odontológica.”


Com informações do site G1




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