Como a investigação policial através do DNA resolve casos de desaparecidos no RS

Todos os dias desaparecem 217 pessoas no Brasil. A média é de oito desparecimentos por hora nos últimos dez anos. Mais de 80 mil pessoas pelos mais diversos motivos. O mais triste, porém, é a ansiedade da dúvida gerada nas famílias. Como na ditadura dos anos 70, com os desaparecidos políticos, resta sempre  nos parentes de quem espera, uma solução, um fim para o caso. "A dor da dúvida é pior do que a da perda", dizem pais, mães, maridos, esposas que não sabem se a pessoa desparecida morreu ou não. E onde está o corpo. A solução de uma investigação significa, pelo menos, encontrar uma resposta a tantas dúvidas.


Foto Polícia Civil RS


Pois os peritos do Rio Grande do Sul estão fazendo um mutirão para, através da coleta do DNA dos parentes dos desaparecidos, tentar encontrar respostas para estas famílias. Em uma semana, o IGP - Instituto Geral de Perícias -, junto com a Polícia Civil, reuniu quase 200 amostras novas, muito mais do que as 158  já armazenadas entre 2018 e 2020 na busca de desaparecidos. A mobilização aconteceu em 11 municípios e os primeiros resultados poderão ser conhecidos em aproximadamente 15 dias.

Para aumentar a chance de resultados, os dados genéticos dos familiares também são inseridos no Banco Nacional de Perfis Genéticos, para cruzamento com DNAs de restos mortais encontrados em todo o Brasil. No país, há pelo menos 4 mil cadastros de corpos não identificados. No RS, a cada semana os novos perfis são encaminhados automaticamente para o banco nacional, que faz varredura em busca de compatibilidade.  

Com a expectativa de que conseguir identificar uma boa parte dos desaparecidos com a informação de alguém que morreu, encerra pelo menos um ciclo de angústia, proporcionando pelo menos àquela família, muitas vezes a realizar um sepultamento do corpo e uma despedida honrosa.  

Mesmo em casos em que os desaparecidos tenham sido vítimas de crimes e o corpo tenha sido enterrado como indigente, os parentes podem buscar autorização judicial para sepultá-lo em outro lugar.

De janeiro a maio deste ano, 5.224 desaparecimentos foram registrados no Estado, segundo a Secretaria da Segurança Pública. No mesmo período, 2.559 foram localizados. Mas os dados não incluem aquelas pessoas que voltaram e a família não informou. Por isso, outro desafio para a Polícia Gaúcha é conseguir desfazer essa cortina de dados distorcidos, para poder focar as investigações atrás de pessoas que realmente sumiram. Em Porto Alegre, existe desde março passado uma delegacia especializada em apurar desaparecimentos que diariamente trabalha e filtra essas ocorrências. Ainda assim, há pelo menos 1.150 ocorrências em aberto de adultos desaparecidos em Porto Alegre desde 2004.

O registro do desaparecimento pode ser realizado em qualquer unidade da Polícia Civil e também por meio da Delegacia Online (acesse neste link).  

Da redação da Rede #AtitudePositiva com informações de GZH



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