ARTIGO: Tóquio 2020 em 2021, superação e criatividade de quem faz e quem assiste a Olímpiada na pandemia

O garoto Kelvin Hoefler, do skate, abriu na madrugada de sábado parta domingo (25) a galeria de medalhas brasileiras nos Jogos Olímpicos de Tóquio, e depois veio o bronze do gaúcho Daniel Cargnin no Judô, a incrível apresentação da Rebecca Andrade com seu baile de Favela na ginástica artística, Gabriel Medina no surfe, as gurias do futebol empatando com a Holanda, atual campeã europeia, mais o mountain bike, vôlei de praia, handebol, vôlei masculino e feminino e tantas atrações...ufa! É a Olimpíada 2020 acontecendo em 2021 e ainda em plena pandemia. Sem público, mas mesmo assim, não sem uma energia pulsante e vibrante que o esporte traz em cada competição. 


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Eu mesmo atravessei a madrugada para ver os brasileiros na Olimpíada de Tóquio…e mesmo com muito sono, além dessas competições todas, consegui ver o primeiro tempo do futebol masculino na TV. Foi uma espécie de "gostinho de normalidade", apesar dos estádios vazios lá em Tóquio. De vez em quando, ouvimos alguns aplausos das equipes dos atletas que ecoam pelos ginásios. Mas está sendo um teste de superação, resiliência e em muitos casos, criatividade nesse evento. E isso está sendo exigido de todos, desde os atletas, passando pelos organizadores, pelas equipes de jornalismo que estão lá para fazer extensas e cansativas coberturas e até mesmo de nós, que ficamos aqui do outro lado do mundo e do outro lado da televisão.

Explico o porquê.

Da parte dos atletas, a superação vem no treinamento, na preparação que tiveram desde o ano passado numa expectativa de disputar e não saber quando tudo ia começar. E de repente, tudo se decide, é agora, vai rolar a Olimpíada, e então é preciso apresentar uma performance de alto nível - mesmo sem a estrutura e as condições ideais, e ainda sem a presença de público que entristeceu um pouco a área olímpica da capital japonesa. 

Da parte dos organizadores, essa resiliência que vimos nos noticiários nos últimos meses, com decisões indo e voltando, e os japoneses mantendo uma serenidade que é uma marca registrada de seu povo. Precisaram fazer cortes, demitir pessoas, para que se concretizasse uma olimpíada digna de ser vista por todo o mundo. E estamos, sim assistindo uma cidade limpa, organizada e estruturada para fazer acontecer.

Dos meus colegas jornalistas, estou admirando essa maratona incansável, recheada da adrenalina de quem está no meio do furacão. Não dormir é relativamente fácil. Mas você precisa cobrir as provas, estar por dentro das informações e na hora de entrar ao vivo para o Brasil, as imagens em Tóquio normalmente são de momentos em todos estão descansando. E então o repórter mostra os bastidores, mostra a imagem da montagem e da desmontagem, enche a matéria de curiosidades. Tudo dentro dos protocolos, já que tem restrições para quem chega de fora. E haja criatividade!

E daqui, desse lado de cá, talvez seja a melhor parte, mas para quem quer saborear esse espetáculo todos, dessa tentativa de retomada, em meio a um novo surto de Covid, de uma variante Delta se alastrando descontroladamente, precisa de muito café preto, alterar seus horários de sono e de trabalho,  e enfrentar algumas maratonas inusitadas. Como o voleibol do Brasil com a Argentina, em plena segunda (26) pela manhã, por exemplo.

Mas vai valer a pena cada segundo vivido, celebrado, aplaudido, torcendo pelos nossos atletas, novas revelações, novos recordes, novas modalidades de esportes que são novidade este ano em Tóquio e muito, muito mais. Com Brasileirão rolando (e mesmo com os nossos times daqui, Grêmio e Inter não indo nada bem), parece que o isolamento da pandemia nos presenteia com outros grandiosos eventos esportivos, como a Copa América, a Eurocopa, a Libertadores, a Sul Americana e a Champions League em setembro. Quem sabe se não é o esporte que vai puxar essa retomada dos eventos ao redor do planeta? Quem sabe. Tomara!


Renato Martins, jornalista e professor, editor da Rede #AtitudePositiva.

      

             


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