Brigada Militar forma primeira piloto mulher em curso no RS: 'Nós temos capacidade', diz capitã

Em meio à licença maternidade e ao momento mais grave da pandemia no Rio Grande do Sul, entre fevereiro e março desde ano, a capitã da Brigada Militar (BM) Mariana Tigik Hoffmann, de 37 anos, decidiu seguir o sonho de ser piloto de avião. A oportunidade veio com o curso de aeropoliciais, no qual a militar foi a primeira mulher a se habilitar na história da corporação, em 7 de julho.


Everton Ubal/PM5/Divulgação

"Quero que outras mulheres se sintam encorajadas a aceitar novos desafios, seja na Brigada, seja em outra carreira. Nós temos capacidade", diz.

Natural de Porto Alegre, Mariana é casada e mãe de um menino de pouco mais de um ano. A militar agora se prepara para as atividades práticas do curso. Seu objetivo é pilotar aviões de maior porte, aqueles que transportam autoridades, órgãos e até pacientes em situação de emergência, no que classifica como uma forma de devolver o que o estado proporcionou a ela.

"Eu vejo como uma contraprestação a tudo que o estado está me proporcionando, o que eu posso dar, dentro das minhas possibilidades, para o estado. Eu acho que é bonito, é uma missão bonita", considera a policial.

Trajetória

Mariana conta que sempre teve interesse por aviação. A impossibilidade da família em custear um curso tão caro, no entanto, atrasou o sonho da policial.

"Antes de ser capitã, eu sempre gostei dessa questão de aviação. Tive vontade de fazer aula de aviação, mas o problema é que o curso é muito caro, é um custo excessivo, para poucos. Minha família não suportaria isso para mim", relata.

A capitã se formou em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Em 2014, passou em um concurso para ingressar na Brigada Militar e, desde 2015, é capitã da corporação.

Na BM, atuou em batalhões de São Leopoldo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, e da Capital. Além disso, a formação em Direito e uma experiência prévia no Ministério Público fizeram com que a militar trabalhasse por um período na Corregedoria da polícia gaúcha.

A oportunidade de ser piloto veio com a divulgação da seleção para o curso oferecido pela BM. Como as aulas eram ministradas em uma escola da corporação em Capão da Canoa, no Litoral Norte, Mariana alugou um apartamento na cidade para diminuir os deslocamentos. A policial contou com a ajuda da mãe, nos cuidados do filho pequeno durante a estada no município.

"Quando surgiu a prova, o processo seletivo, eu estava em licença maternidade. Então eu estava com bebê pequeno e, além disso, eu tive que ter uma estrutura em Capão", afirma Mariana.

Além desses desafios, com a decretação da bandeira preta, a de nível de alerta mais alto no antigo decreto de Distanciamento Controlado do governo do estado, as aulas foram para o modo remoto.

"Foi um curso de superação para mim, mas deu certo", avalia a militar.

Nas aulas, aprendeu sobre teoria de voo, mecânica de aeronaves, tráfego aéreo, segurança de voo, navegação, meteorologia, legislação, entre outras disciplinas.

Em um saldo do resultado que conquistou, a capitã Mariana mantém a discrição e a timidez que afirma ter, dizendo não ser um "ícone" ou uma "pioneira". Mesmo assim, reconhece a importância de seu exemplo para outras mulheres.

"Eu espero que essa minha vinda para cá e toda esta repercussão sirva como um encorajamento para os outros. Para ver que, mesmo com filho, sendo mulher, tendo mais um milhão de coisas para fazer – estava bem na minha carreira, estava bem onde eu estava – não precisa ter medo de mudar. Se tem vontade, tem que aceitar os desafios. Eu espero que isso sirva de referência, uma referência positiva para as demais", comenta.


Com informações do site G1




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