Vacinas aplicadas no Brasil garantem proteção adicional para quem já teve Covid

As quatro vacinas contra Covid-19 aplicadas no Brasil oferecem alto grau de proteção adicional contra a infecção sintomática e as formas graves da doença em pessoas que já tenham contraído o Sars-CoV-2. É o que revela um estudo comandado pelos pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Julio Croda e Manoel Barral-Neto.

A pesquisa mostra que as quatro vacinas apresentam efetividade de 39% a 65% para prevenir as formas sintomáticas da doença. No caso das três vacinas com esquema de duas doses – Coronavac, AstraZeneca e Pfizer -, segundo os cientistas, a segunda dose proporciona uma efetividade bem maior quando comparada com a primeira e a média de proteção contra hospitalização ou morte passa de 80%, 14 dias após o esquema vacinal completo – em comparação com pessoas infectadas e não vacinadas.


Steven Cornfield/Unsplash

De acordo com o estudo, seria: 90,8% com a AstraZeneca, 87,7% com a Pfizer, e 82,2% com a CoronaVac. Na Janssen, de apenas uma dose, ficou em torno de 59,2%.

Ainda conforme a pesquisa, publicada no site Medrxiv, nesta quarta-feira (29), no caso de infecção inicial, a efetividade contra uma reinfecção sintomática 14 dias após o esquema vacinal completo é de 63,7% para Pfizer, 53,4% para AstraZeneca, e 37,5% para a CoronaVac, em comparação com pessoas infectadas pelo coronavírus e não vacinadas.

O pesquisador Júlio Croda, da FioCruz Mato Grosso do Sul, explica que a principal mensagem do estudo é a da importância de ser vacinado.

“Vemos que alguns países chegam a recomendar apenas uma dose para quem teve Covid, por considerar que estes já contam com um certo nível de anticorpos neutralizantes. Mas esse tipo de avaliação de efetividade na vida real mostra que há um ganho adicional com a segunda dose. É um ganho substancial contra as formas graves”.

A pesquisa foi feita a partir da base nacional de dados sobre notificação, hospitalização e vacinação contra a doença. Foram avaliadas 22.565 pessoas acima de 18 anos que tiveram dois testes de RT-PCR positivos, e 68 mil que tiveram teste positivo e depois negativo, entre fevereiro e novembro deste ano.

“Para AstraZeneca e Pfizer, só havia um artigo sobre desfechos graves, e envolvia apenas 75 indivíduos. Não havia nada sobre Janssen e CoronaVac para doença sintomática e casos severos”, pontua Croda.

Imunização híbrida

A infecção por Sars-CoV-2 induz respostas robustas das células T e B, relacionadas à imunidade. O surgimento de novas variantes mais transmissíveis, com capacidade de escapar ao sistema imunológico e resultar em novas ondas de infecção e reinfecção, renovaram as discussões sobre o tema.

Segundo o estudo, a combinação de infecções e vacinas poderia explicar por que o Brasil, apesar de ter uma cobertura vacinal comparável à dos Estados Unidos e dos países da Europa, não tenha observado uma alta semelhante das hospitalizações e mortes no período em que a variante Delta se tornou prevalente.

Com informações da CNN Brasil




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