Desemprego no Brasil cai para 9,8% em maio, menor taxa trimestral desde 2016

A taxa de desemprego no Brasil caiu para 9,8% no trimestre encerrado em maio, a menor taxa trimestral desde janeiro de 2016 e a menor para o período desde 2015 (8,3%). O resultado foi muito melhor que o esperado pelo mercado, pois o consenso Refinitiv projetava que a taxa de desocupação cairia de 10,5% em abril para 10,2% no mês passado.

Reprodução site Infomoney/IBGE

A população desocupada (10,6 milhões de pessoas) recuou 11,5% frente ao trimestre anterior, entre dezembro e fevereiro (1,4 milhão a menos), e 30,2% na comparação anual, com o trimestre entre março e maio de 2021 (4,6 milhões a menos).

Já o número de pessoas ocupadas (97,5 milhões) é o maior da série histórica, iniciada em 2012, e cresceu 2,4% na comparação trimestral e 10,6% na anual. São 2,3 milhão de pessoas ocupadas a mais em três meses e 9,4 milhões em um ano.

Com isso, a taxa de desemprego caiu 1,4 ponto percentual na comparação com o trimestre entre dezembro e fevereiro (11,2%) e 4,9 ponto percentual em relação ao mesmo trimestre de 2021 (14,7%). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) e foram divulgados nesta quinta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Foi um crescimento expressivo e não isolado da população ocupada. Trata-se de um processo de recuperação das perdas que ocorreram em 2020, com gradativa recuperação ao longo de 2021”, afirma Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE.

Mercado formal x informal

Beringuy diz que “houve uma certa estabilidade da população ocupada” no começo do ano, mas agora a expansão foi retomada “em diversas atividades econômicas” e com contratações no mercado formal. “O contingente de trabalhadores com carteira vêm apresentando uma recuperação bem interessante, já recompondo o nível pré-pandemia”.

“Principalmente no final de 2020 e no primeiro semestre de 2021, a recuperação da ocupação estava majoritariamente no trabalho informal. A partir do segundo semestre de 2021, além da informalidade, passou a ocorrer também uma contribuição mais efetiva do emprego com carteira no processo de recuperação da ocupação”, afirma a coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE.

O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (exceto trabalhadores domésticos) cresceu para 35,6 milhões no trimestre até maio, uma alta de 2,8% frente ao trimestre anterior (981 mil pessoas a mais) e de 12,1% na comparação anual (3,8 milhões de pessoas a mais).

Já a taxa de informalidade foi de 40,1% da população ocupada (39,1 milhões), uma leve queda contra o trimestre anterior (40,2%) mas uma alta em relação ao mesmo trimestre de 2021 (39,5%), segundo os dados da PNAD Contínua.

Ocupação x desocupação

Com a queda no desemprego, o nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) subiu para 56,4%, uma alta de 1,2 ponto percentual frente ao trimestre anterior (55,2%) e de 4,9 ante o mesmo trimestre de 2021 (51,4%).

Já a taxa composta de subutilização ficou em 21,8% no trimestre encerrado em maio, a menor taxa para o período desde 2016 (20,5%). Trata-se também de uma queda de 1,7 ponto percentual em relação ao trimestre encerrado em fevereiro (23,5%) e de 7,4 p.p. na comparação anual (29,2%).

A população subutilizada (25,4 milhões de pessoas) também caiu: 6,8% frente ao trimestre anterior (menos 1,8 milhão) e 23,8% na comparação anual (menos 7,9 milhões).

Rendimento ainda em queda

O rendimento real habitual foi de R$ 2.613 e se manteve estável na comparação com o trimestre anterior (uma leve alta de 0,65% em relação aos R$ 2.596 do trimestre entre dezembro e fevereiro). Mas o indicador ainda recua 7,2% na anual (entre março e maio de 2021 ele era de R$ 2.817).

“Essa queda do rendimento no anual é puxada, inclusive, por segmentos da ocupação formais, como o setor público e o empregador. Até mesmo dentre os trabalhadores formalizados há um processo de retração”, afirma a coordenadora do IBGE.

Para Beringuy, a queda pode ser efeito tanto da inflação quanto da estrutura de rendimento atual dos trabalhadores, com um peso maior de pessoas com rendimentos menores.

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