PESQUISA: Menos de 4% das pessoas desconfiam da vacina contra Covid-19 no RS

Iniciada há pouco mais de um ano e meio no Rio Grande do Sul, a vacinação contra Covid-19 vem sendo debatida no Brasil desde o seu primeiro dia. Apesar de ser comprovadamente eficaz contra o vírus e ter sua segurança reafirmada constantemente por pesquisadores, a imunização foi alvo de ataques durante toda a pandemia.

Cristine Rochol/PMPA

A desconfiança, no entanto, se propaga de forma restrita na população: de acordo com um estudo feito por professores e estudantes da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, apenas 3,9% da população tem algum tipo de hesitação em tomar alguma das vacinas disponíveis contra Covid-19 no RS. O restante, mais de 96%, confia na imunização como forma de combate à pandemia.

A professora da Escola de Saúde, Juliana Scherer, diz que apesar do número parecer baixo, a porcentagem preocupa:

"Esse número de pessoas traz um risco grande para os demais, principalmente para aqueles que não podem se vacinar. Mesmo não parecendo um numero tão grande, pode comprometer a saúde pública no geral", diz.

A pesquisa, intitulada “Análise da aceitação e da percepção sobre as vacinas para a Doença Coronavírus-2019 (COVID-19) no estado do Rio Grande do Sul”, foi realizada entre março e maio de 2021 e contou com a participação de estudantes e pesquisadores das Escolas de Saúde e de Humanidades da Unisinos. Foram entrevistadas 953 pessoas entre 18 e 81 anos via questionário. Dentre essas, 37 manifestaram que não tinham interesse em se vacinar.

Até o dia 19 de julho, o RS tinha 9.269.537 das 10.809.102 pessoas maiores de cinco anos com pelo menos duas aplicações ou a vacina de dose única, ou seja, 85,76% da população vacinada. Entre as 9.831.081 pessoas maiores de 12 anos, que podiam receber a dose de reforço, 55,3% completaram o esquema vacinal.

O número de atrasados para receber a segunda dose é de 676.239 pessoas, ou 6,2% do grupo vacinável. A professora destaca que na medida em que a intensidade da pandemia foi diminuindo, a disseminação de informação sobre as vacinas também enfraqueceu, o que pode ter sido determinante para a desaceleração da vacinação.

Perfil dos hesitantes

O grupo que mais mostrou desconfiança e intenção de não receber a vacina é de pessoas casadas, com filhos e média de idade de 46 anos. São pessoas que não viam a Covid-19 como um risco, não utilizavam máscaras e desconfiavam da eficácia e da segurança da vacina.

"Em geral, são mulheres mais velhas, casadas e com filhos. O que nos preocupou e se tornou um ponto de atenção é o fato de serem pessoas com filhos, responsáveis pela imunização desses menores de idade", alerta a pesquisadora.

Outro ponto de alerta é a diminuição da adesão às doses de reforço da vacina. Segundo a professora, o arrefecimento das campanhas de vacinação, os efeitos colaterais e até mesmo a sensação de segurança om a primeira dose podem ter prejudicado o avanço da imunização:

"Temos poucas pessoas com o esquema completo. A informação sobre a vacina foi disseminada massivamente no início da pandemia, mas diminuiu com o avanço do tempo. Ainda temos muita desinformação e desconfiança, e essa dúvida se solidifica. É muito difícil reverter essa desconfiança", diz.

Leia a notícia original no site do G1

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