Projeto em parceria entre UFRGS, PUCRS e instituição britânica busca incentivar mulheres na ciência

Contemplado em edital do British Council, que busca aumentar a presença feminina nas carreiras STEM - Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, o projeto Mulheres na Ciência em parceria entre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Pontifícia Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PUCRS) e King’s College London desenvolve ações nas duas instituições gaúchas.


"São áreas que, ao longo do tempo, têm se visto que ainda tem espaços importantes para alcançar", afirma a professora Fernanda Morrone, que é coordenadora do projeto pela PUCRS e diretora de pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da universidade. A inclusão de mulheres nas áreas STEM faz parte da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável da UNESCO.

O projeto começou em dezembro 2021 e segue até outubro deste ano, prazo para o desenvolvimento das cinco ações propostas: um site para servir de inspiração para as jovens cientistas, o programa de mentoria para alunas de graduação e mestrado, uma mostra de cinema, a participação das alunas em prêmios de ciências e intercâmbio de estudantes e funcionários entre as universidades brasileiras e a britânica.

"Vão duas alunas e uma ou duas funcionárias de cada instituição para Londres, por uma semana, para desenvolver atividades lá", afirma Juliane Minotto, bióloga que atua na Pró-Reitoria de Pesquisa da UFRGS e participou da construção da proposta.

A iniciativa partiu, justamente, de um alinhamento entre pró-reitorias de pesquisa das duas universidades brasileiras. Com a ideia definida, buscaram uma instituição britânica parceira que preenchesse os requisitos do edital para submeter a proposta.

"O objetivo desse edital, além da questão da promoção de gênero, é também estreitar esses laços entre as instituições brasileiras e britânicas, que ele fique para o futuro, que ele não termine agora em outubro, mas que a gente possa das continuidade a essas ações entre as instituições futuramente", explica Juliane.

A King’s College recebeu 30 mil libras para desenvolver as atividades. "O recurso não é tão significativo, mas a ideia era exatamente a gente poder fazer ações para integrar mais as universidades", afirma Juliane. Com exceção do intercâmbio, as demais ações apresentaram custo baixo, como o site, que agrega informações do projeto e apresenta professoras das instituições.

"A gente pensou que, em vez da gente trabalhar só com grandes nomes da ciência, por que não trabalhar com as nossas pesquisadoras, as professoras delas, que vão estar em sala de aula? Então, a gente fez uma seleção de seis professoras de cada uma das instituições", conta Mariana Haupenthal, analista de comunicação na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da PUCRS.

Além das professoras que integram a comissão e que fazem parte da organização e dos programas de mentoria, tanto na UFRGS quanto na PUCRS, outras docentes foram convidadas para comporem o site e servirem de referência. "A gente fez as ilustrações delas, também nesse caminho de dar o rosto a pessoas reais", conta Mariana.

O programa de mentoria é o que envolve mais as estudantes. Foram lançados editais nas duas instituições para selecionar as 15 alunas de cada universidade, além de três mentoras, que são pós-doutorandas. "É bem legal essa troca que a gente faz de experiências", afirma a professora Fernanda, que também é umas docentes descritas na página do projeto.

Nos encontros, são abordados temas como equidade, e o contexto desse cenário no mundo, particularmente no Brasil e na Inglaterra. "Elas trazem os desafios. Algumas, por exemplo, contam que são uma minoria. Principalmente nessas áreas da computação, elas são minoria até na sala de aula", relata Fernanda. "São áreas em que se precisa ter uma representatividade maior."

O programa de mentoria ocorrerá por seis meses, de maio a outubro. Os encontros acontecem a cada 15 dias em cada universidade e, uma vez por mês, há um encontro virtual de todo o grupo.

"A gente tem discutido muitas questões de gênero, algumas questões de carreira, pra ajudar as meninas a se sentirem acolhidas. A gente vê que várias meninas têm enfrentado essas questões de gênero tais como assédio, questões de estereótipo, como aquela sensação de não ser capaz, que a gente chama de síndrome da impostora, de ela estar ali e achar que não merece estar ali", relata Juliane.

Mariana relata que o projeto tem instigado pequenas mudanças estruturais, como ter um espaços para amamentação no campus, questões que já estavam em debate, mas com o projeto voltaram a ser pensadas. "É algo que o pessoal está realmente engajado".

A expectativa é de que o programa tenha seguimento a partir das instituições brasileiras. "A gente tem pensado na possibilidade de fazer da mentoria algo anual, de ter um novo grupo no ano que vem, com uma nova seleção. Eu acho que, nesse tempo, de seis meses, sete meses, é um tempo bom, porque o objetivo é ajudar as meninas a se sentirem mais confiantes", completa Juliane.

Leia a notícia original no site G1

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