ARTIGO: como fazer uma campanha eleitoral com mais paz do que guerra?

Nesta terça-feira (16), começa a propaganda eleitoral em todo o país, promovida por milhares de candidatos, na eleição que terá, provavelmente o maior número de candidatos e de eleitores de todos os tempos. Somente para presidente, são 12 candidatos. Para o governo do estado do RS, são dez. Mais dez para enviar um gaúcho para uma única vaga no senado. Mais aqueles que disputam o cargo de deputado e federal e deputada estadual. 

TRE-MG/Reprodução

Pela legislação eleitoral, a partir desta terça estão liberadas a divulgação oficial de propostas, do número  da candidatura e o pedido explícito de voto. Também começam as caminhadas, carreatas ou passeatas, e o uso de alto-falantes. Tudo isso liberado por pouco mais de um mês de meio, até o dia primeiro de outubro, véspera do primeiro turno das eleições, dia dois.

 No meio desse período, em 26 de agosto, inicia o curto horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão, que vai até 30 de setembro para os candidatos que concorrem ao primeiro turno. 

Eu vejo muita gente preocupada com a lisura das eleições, a transparência das urnas e a possível auditagem dos resultados. Ok, está certo, mas quem até agora se preocupou com a qualidade da campanha? Ou será que vai começar o faroeste?  

Qual é a garantia que teremos uma campanha honesta, objetiva e com conteúdos que priorizem os projetos dos candidatos em vez de ataques pessoais, denúncias escabrosas e bate boca sem fim nos debates?    

Há regras bem claras e definidas há muitos anos para a propaganda eleitoral: ela está numa cartilha do Tribunal Superior Eleitoral e que devem ser respeitadas tanto pelos candidatos como pelos eleitores. Mas como saber se elas serão seguidas e respeitadas na prática?

Penso que teremos um mês e meio bastante tumultuado, devido à polarização que tomou conta do país desde a eleição passada e que se intensificou mais ainda às vésperas dessa campanha. Nunca é demais lembrar que condutas ilícitas em campanha eleitoral são consideradas crimes, por quem quer que cometa. Mas isso basta para coibir esse tipo de ato?

A minha impressão é que está todo mundo se preparando para entrar num campo de batalha a partir desta terça. E vão aproveitar seus minutos, segundos de rádio e TV e participação em debates para lançar mísseis morais contra seus oponentes. 

Eu fico pensando aqui se há algum jeito de tentar fazer com que tenhamos mais paz do que guerra nessa campanha. 

Será que os candidatos estão interessados - e preparados - para debater os problemas do país e do seu estado, buscando propor soluções? É possível que eles se apresentem aos seus propensos eleitores com conteúdo, argumentação e pertinência para ocupar os cargos que almejam?

E de outra parte, teremos os órgãos competentes vigilantes para punir os excessos? A mídia vai ajudar a mostrar esses dissabores na campanha ou tomará partido colocando holofote nesse ou naquele? E nós, eleitores, assistiremos a mais um espetáculo dantesco, ou aprenderemos a usar do expediente da denúncia junto à justiça eleitoral quando virmos algo errado, ao mesmo tempo que procuraremos tomar a melhor decisão para que a gente não se arrependa nas próximas eleições?               

E sabemos, infelizmente, que essa eleição será um espetáculo deprimente de fakenews, por mais que a justiça tenha lançado campanha e proíba expressamente a divulgação de fatos notadamente inverídicos  ou então descontextualizados. Não é possível trocar o voto por dinheiro, presente, promessa, dádiva, rifa, sorteio, vaga de emprego ou vantagem de qualquer natureza. 

Não é poderá ter propaganda eleitoral que provoque animosidade, que traga calúnias, difamações ou injúrias sobre qualquer pessoa, órgãos ou instituições públicas. Não é possível discriminar a mulher ou estimular o preconceito em relação a cor, raça ou etnia.

É tudo muito fácil. Está na lei. É só cumprir.

Que sejamos tolerantes, pacíficos e inteligentes: e busquemos as melhores soluções para as urnas.

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Renato Martins, jornalista e professor, editor da Rede #AtitudePositiva.

  





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