ARTIGO: 13ª Bienal de Artes do Mercosul é para encher os olhos, a mente e coração

Eu não sei se as pessoas compreendem e percebem a dádiva de ter uma bienal de artes com obras de mais de 100 artistas vindos de 23 países como essa que estamos vivendo e observando com as peças  - literalmente - espalhadas pela capital gaúcha. Como é a característica da Bienal de Artes do Mercosul, algumas das exposições estão realmente nas ruas. Além das áreas públicas externas, mais dez espaços nobres da cidade, com entrada franca, oferecem visitação para o material desta 13ª edição, completando os 25 anos do evento.

MARGS (Todas as fotos são de Renato Martins)

No fim de semana que passou comecei meu périplo pelas instalações, na região do centro de Porto alegre: fui ao Farol Santander, Casa de Cultura Mario Quintana, Memorial do Rio Grande do Sul e Museu de Artes, o MARGS. Um banho de arte para encantar os olhos, a mente - porque ficaremos com tudo isso gravado na memória - e claro, o coração. Porque arte preenche.  



Sim, nem tudo é necesariamente bonito e compreensível, não são obras fáceis de interpretar. Mas às vezes nem é preciso. Se for complicado de entender, melhor apelar para o sentimento, para a sensação, para a emoção. E se não bateu nada, vai para a próxima. Obras não faltam.  



O ambiente da Bienal é um grande encanto: é de se tirar o chapéu para a organização, com a identificação de todas as obras, com os voluntários (em sua maioria estudantes de artes) dando todas as  explicações e informações que ajudam o visitante a compreender essas obras - ainda que não as entenda!



O destaque, obviamente, fica para as obras mais interativas, aquelas em que o visitante participa, interage e intercede na consolidação de sua exposição. Espelhos, telas, luzes, todas aquelas que as pessoas - crianças, então, nem se fala - podem interferir para mudar ou fazer acontecer algo.  


Interação com a obra

Mas não é só isso: a arte movimenta, a arte alimenta, a arte transforma uma cidade. Eu vi um domingo nublado cheio de gente no centro de Porto Alegre, numa Praça da Alfândega que costuma ficar às moscas nos fins de semana, quando não há eventos como este. Tinha fila para entrar no museu. Pessoas entrando e saindo, conversando e comentando o que viam, gente e mais gente prestigiando o evento.




Fora isso, a composição das obras de arte expostas dentro dos prédios históricos da região central, que são verdadeiros obras arquitetônicas, já apresentam um espetáculo à parte. Eles abrigam as peças da bienal mas também são admirados por sua beleza e estrutura.   




A Casa de Cultura, que fora o Hotel Majestic, onde o poeta e escritor Mario Quintana morou por um tempo. O Farol Santander foi o antigo Banco Nacional do Comércio, onde meu avô foi gerente. O Memorial, que era o antigo predio dos Correios e Telégrafos, e o MARGS que era a delegacia fiscal do estado. 


E certamente a 13ª Bienal também deve estar afinadíssima com os outros espaços de exposição, mais modernos, como o Instituto Ling, o Museu Iberê Camargo e o despojado Institudo Caldeira, lugares que eu também vou visitar na próxima fase.




E ainda tem o Cais do Porto, o Paço Municipal e a Casa da Ospa. Temos até o dia 20 de novembro para ver todo esse maravilhoso caminho da arte. Tem tempo. Mas mexa-se. Não perca essa.


No meio disso tudo, ainda teremos em outubro a Feira do Livro, pela primeira vez sem restrições, a maior ao ar livre da América Latina, também nessa mesma Praça da Alfândega que já está animada com tanta arte e cultura. 




Renato Martins, jornalista e professor, editor da Rede #AtitudePositiva.

  



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