Em queda pelo 3º mês, inflação brasileira é menor que a de grandes economias do mundo

O Brasil registrou em setembro deflação pelo terceiro mês seguido, informou o Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE) na manhã desta terça-feira, com recuo de 0,29% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Mesmo com a queda dos preços desacelerando em relação aos meses anteriores, o cenário que se desenha é que o país continua com a inflação mais baixa do que grandes economias do G20, como é o caso da Turquia (83,5%), Rússia (13,7%), Alemanha (10%), Espanha (9%), Itália (8.9%) e México (8,7%).

Até o momento, Turquia, Rússia, México e Brasil já divulgaram seus índices fechados. Os demais são prévias da inflação de setembro e devem ser confirmados nos próximos dias.


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Para Rafaela de Oliveira Vitória, economista chefe do Inter, a variação negativa de 0,29% está em linha com a expectativa de -0,30% do banco, mas um pouco maior que o mercado que esperava (-0,33%).

Segundo ela, as principais quedas foram nos preços dos alimentos e combustíveis, como esperado. O grupo comunicação também contribuiu de maneira negativa com a redução defasada dos impostos nas tarifas. A boa notícia na análise da decomposição do IPCA foi a desaceleração das medidas de núcleos para 0,42% no mês, contra 0,6% de agosto.

“A difusão também teve nova queda na margem para 62%, a menor nos últimos dois anos. E por fim, a inflação de serviços, que ficou em 0,4% em setembro, mas excluindo passagens aéreas foi de 0,3%, também indica alívio das pressões inflacionárias no setor”, aponta.

Rafaela explica que essas medidas de inflação de serviços, que costumam ser mais resistentes e reagem à política monetária de maneira defasada, começam a mostrar desaceleração e indicam que o Copom teve a decisão acertada em encerrar o ciclo de altas em setembro.

“Em se confirmando a tendência de queda da inflação nos próximos meses, sem surpresas de gastos fiscais expansionistas no próximo governo, o Banco Central pode iniciar a discussão de afrouxamento monetário no primeiro trimestre do ano”, avalia.

Ranking da Inflação

A Rússia continua como um dos países com o maior índice de inflação entre as nações que compõem o G20 – grupo das maiores economias do mundo e a União Europeia. Na sexta-feira passada (7), o Banco da Rússia (BoR) russo divulgou uma queda na inflação para 13,7%.

Segundo o ranking da Austin Rating, a Rússia tem hoje a segunda maior inflação entre esse grupo de países. Neste mesmo ranking, o Brasil se afasta do topo entre as principais economias do mundo e atualmente está na 7ª colocação, atrás da Espanha, Reino Unido e da União Europeia.

Vale ressaltar que no mês passado, o BoR cortou os juros básicos da Rússia em 50 pontos-base, a 7,50% ao ano. Mesmo com a prevalência de forças inflacionárias globais, a entidade citou, em comunicado, a desaceleração dos preços aos consumidores no país, em meio ao esfriamento da demanda doméstica.

Segundo Euzebio Jorge de Souza, professor de economia da Strong Business School, o país passa por uma desorganização da cadeia produtiva por conta das sanções causadas por países da União Europeia e Estados Unidos. “Esse movimento causou uma escassez de produtos importados e obrigou o governo de Vladimir Putin a buscar outros fornecedores, como a China e Índia, além de internalizar a produção de materiais que antes vinham de fora”, explica.

De acordo com o professor, essas ações vêm se mostrando ineficientes para a economia do país e deixando os preços dos produtos mais caros. “Quando isso acontece, a atitude da maioria que governos de outros países tomam é aumentar a taxa de juros. A Rússia fez o caminho contrário”, aponta.



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