Veja as principais manifestações e protestos na Copa do Mundo do Catar até agora

Além dos jogos entre as seleções, outro elemento que atrai a atenção para a Copa do Mundo 2022 são as manifestações pelos direitos humanos. País-sede do Mundial, o Catar é repleto de problemas em relação às condições de vida para mulheres e pessoas LGBT+. Como em época de Mundial todas as atenções se voltam para a competição, há quem aproveite o momento para chamar a atenção para assuntos fora de campo. 

Reprodução/Twitter @rodolpho

Desde que o campeonato começou, no dia 20 de novembro, houve uma série de protestos por parte de jogadores, torcedores e lideranças políticas (como foi o caso da ministra alemã Nancy Faeser). O principal foi contra a proibição da Fifa de os atletas saírem em defesa da causa LGBT+, algo que era planejado antes do campeonato. Mas também houve críticas a problemas sociais de alguns países participantes, como o caso do Irã e do próprio Catar. Relembre os casos: 

Braçadeira colorida

Algumas seleções europeias tinham o plano de fazer uma manifestação em campo contra as leis discriminatórias no Catar — o código penal do país proíbe a homossexualidade e prevê até apedrejamento como pena máxima. Inglaterra, País de Gales, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Holanda e Suíça queriam que os capitães de cada time usassem uma braçadeira com as cores do arco-íris, símbolo da causa LGBT+, acompanhado da frase "One Love". A ideia era sair em defesa da diversidade e da tolerância. 

Antes disso, a Fifa impediu as manifestações. Informou que o regulamento não permite o uso de braçadeira com as cores do arco-íris e que as seleções que descumprissem a regra seriam penalizadas com cartão amarelo antes mesmo do jogo começar. Uma multa financeira também seria aplicada. As federações dos países recuaram e informaram que não arriscariam seus jogadores. 

Alemães tapando a boca

Mesmo com as proibições, os jogadores fizeram seus protestos. Os alemães aproveitaram a foto da equipe, feita antes da partida contra o Japão, no dia 23, para fazer um gesto de reprovação à Fifa: todo o time colocou uma mão sobre a boca, simbolizando a censura. Enquanto isso, nas arquibancadas, a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, usava a tal braçadeira que havia sido banida. Ela chegou a publicar uma foto nas redes sociais em que aparece usando o acessório. 

A Federação Alemã de Futebol emitiu uma nota explicando o gesto dos torcedores em campo: "Com a nossa braçadeira de capitão queríamos dar o exemplo dos valores que vivemos na seleção: a diversidade e o respeito mútuo. Junto com outras nações, queríamos que nossa voz fosse ouvida. Não se trata de uma mensagem política: os direitos humanos não são negociáveis. Isso deveria ser óbvio. Infelizmente ainda não é. É por isso que esta mensagem é tão importante para nós. Banir o uso da braçadeira é como calar a nossa voz", dizia o comunicado.

Ingleses ajoelhados

A seleção da Inglaterra também decidiu protestar. No jogo do dia 21, contra o Irã, os ingleses se ajoelharam em campo. O capitão do time, Harry Kane, usou uma braçadeira escrita "Sem Discriminação", essa permitida pela Fifa.

A atitude de se ajoelhar não é novidade — é algo que a seleção inglesa costuma fazer desde 2020, ano do assassinato do americano George Floyd, sufocado até a morte pelo policial Derek Chauvin — o que motivou protestos com a frase "I Can't Breathe". Já a campanha dos ingleses foi batizada de "No Room for Racism" e foi criada na Premier League.

Desta vez, o gesto dos ingleses é uma manifestação é uma crítica à censura da Fifa ao movimento "One Love." Na partida disputada nesta terça-feira (29), o gesto foi repetido, tanto pelos ingleses como pela seleção rival, o País de Gales. 

Eles voltaram a se ajoelhar antes da partida do dia 25, contra a seleção dos Estados Unidos.

Iranianos sem cantar o hino

Na mesma partida contra a Inglaterra, no dia 21, a seleção iraniana fez um protesto por uma causa diferente, mas ainda voltada aos direitos humanos. Em vez de cantarem o hino nacional no início da partida, os jogadores iranianos ficaram calados. Alguns baixaram a cabeça, com o olhar voltado para o chão. O gesto foi entendido como um apoio aos protestos que há meses tomam conta do país.

No Irã, uma mulher de 22 anos foi presa em setembro por não cumprir o código de vestimenta conservador. Mahsa Amini acabou deixando uma mecha do cabelo aparecer, o que é proibido. Segundo o governo iraniano, ela morreu em decorrência de uma doença, mas estava sob custódia da polícia. A família da jovem diz que ela foi vítima de espancamento. 

De acordo com alguns portais, fontes envolvidas na segurança dos jogos na Copa informaram que as famílias dos jogadores do Irã chegaram a ser ameaçadas por causa do protesto silencioso antes da partida. Os atletas teriam sido convidados a participarem de uma reunião com membros da Guarda Revolucionária Iraniana. 

No jogo contra o País de Gales, no dia 25, os iranianos mudaram sua postura e acabaram cantando o hino antes do apito para a partida começar. 

Em defesa de todas as causas

Além dos jogadores, um torcedor também fez um protesto — mas conseguiu se manifestar em defesa de diferentes causas. Na segunda-feira (28), na partida entre Portugal e Uruguai, o italiano Mario Ferri invadiu o campo segurando uma bandeira com as cores do movimento LGBT+ e vestindo uma camiseta com o logotipo do Superman. 

Na frente, a camiseta de Mario tinha uma frase de apoio à Ucrânia ("Save Ukraine"), país atacado pela Rússia. Nas costas, uma mensagem às mulheres iranianas ("Respect for Iranian Woman").

Ele conseguiu correr pelo gramado por 30 segundos, mas logo foi detido. Depois, foi liberado pelas autoridades sem consequências, de acordo com comunicado da diplomacia italiana.

Ferri já é conhecido pelas manifestações durante a Copa do Mundo. No Mundial de 2014, no Brasil, ele invadiu o jogo entre Bélgica e Estados Unidos com uma camisa com a frase "Salvem as crianças das favelas".

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