ARTIGO: porque o otimismo na chegada de um novo ano não é só uma questão de calendário

Não sou religioso, Já fui. Sei muito bem como é para quem tem crenças: compreendo exatamente como funciona. Mas hoje queria falar também para quem não acredita no divino. Para quem é cético e racional como eu. Para começar, precisamos encarar cientificamente a chegada de um novo ano: completamos sim, mais uma volta em torno do sol. Este "ano", que vem do latim que quer dizer "anel" é justamente por causa desse circuito que fazemos por 365 dias rodeando o astro rei. Então, astronomicamente, temos um recomeçar, um zeramento para iniciar uma nova e inédita jornada.

E o tal Réveillon, que sempre falamos?  Em francês, significa acordar, despertar, que também pode ser encarado como um reinício de tudo. E quer coisa melhor do que essa sensação de recomeço, de deixar coisas velhas para trás? A ciência - não as religiões - diz que o acúmulo de energia parada gera doenças, enfermidades, bactérias, dá chance para vírus oportunistas. E quando chega essa época, tudo que queremos é mexer nessa energia, desprezar o que não se usa ou que não funciona mais e seguir adiante. Ou mesmo, entregar para quem precisa muito mais tudo aquilo que não queremos.

É uma benfeitoria dupla: a gente faz limpeza, organiza as coisas, ganha espaço nas prateleiras, melhora  o ambiente de casa ou do trabalho e ainda faz doações para pessoas que necessitam e ficam muito agradecidas. Eu mesmo faço isso umas duas ou três vezes por ano, e nesse final de 2022 não foi diferente: o prazer de desapegar de uma série de coisas como livros, revistas, papéis, documentos defasados, CDs antigos, DVDs, brinquedos velhos (que hoje estão na mão de crianças carentes super felizes e fazendo um ótimo uso) e muito mais. Limpar, desfazer-se e organizar melhor a vida ajuda sim, nesse sentimento de renovação. A estrada parece mais aberta e mais livre pela frente.

Há ainda um sentido etmológico na palavra Réveillon: a raiz “éveiller”, deriva do latim “vigilia”, que significa “ter força” e “vigor”. Ou seja, a virada de ano novo é um RE-VIGORAR. Vigorar de novo. Esse é o  início de um novo ano que nos inspira tanto.

Então porque não aproveitar essa onda e sacudir a poeira e encarar 2023 como uma nova fase do vídeogame, como uma chance real de fazer e realizar, limpando a sujeira do passado e traçando novos destinos? Uma parte da psicologia também prega que não adianta muito fazer uma lista de resoluções de ano novo se não temos o método definido para alcançar essas metas. Muitas vezes falta fôlego e energia para chegar nos alvos planejados. Portanto, estes mesmos especialistas recomendam incorporar novos hábitos - ou antigos que já perdemos - na rotina do ano que chega. 

O exemplo mais concreto é do peso: depois de beber e comer "todas" nas festas de fim de ano, a gente costuma se impor uma dieta terrivelmente rigorosa a partir do primeiro dia útil e logo ali adiante, desistimos. Se incluirmos em nosso dia a dia um treino leve, uma caminhada, uma pequena de redução de doces ou álcool durante a semana, com liberdades no fim de semana, pode surtir mais efeito. Depois do primeiro degrau alcançado, aí se avança em metas mais ousadas. Hábitos demoram um pouco, mas depois de integrados ao nosso cotidiano, fica bem mais fácil de seguir firme na proposta. 

Portanto, existem vários motivos para apertar o botão de reinício agora em 2023 e aproveitar uma nova onda de energia que vem de dentro da gente. Seja para religião, pela espiritualidade, ciência, psicologia ou simplesmente por amor a nós mesmos, vale sentir esse frescor de renovação. E um grande ano para você!

Renato Martins, jornalista e professor, editor da Rede #AtitudePositiva.





Comentários