Foi exatamente em 13 de março de 2020 que eu e minha esposa decidimos não mais sair de casa. Foram aquelas duas últimas reuniões na rua, visitando clientes e parceiros, e naquela sexta-feira mesmo, optamos pelo resguardo também por causa da minha mãe que iria completar 90 anos e os meus sogros, na casa dos anos 80. O fim de semana já foi em quarentena. E não nos arrependemos até hoje. Nesses três anos, só tivemos dois casos praticamente assintomáticos na nossa família (parentes diretos, dentro de casa) e fora as tristes perdas de colegas, amigos e familiares mais distantes, estamos bem e vacinados até hoje.
A pandemia, oficialmente, começou no dia 11 de março de 2020, quando o diretor geral da Organização Mundial da Saúde, o biólogo Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou oficialmente a presença do coronavírus em todo o mundo. Naquele instante tinham apenas 118 mil casos e pouco mais de quatro mil mortes por covid-19, espalhadas por 114 países do planeta.
Três anos depois, temos 676 milhões e meio de casos, seis milhões e oitocentas mil mortes - sendo e quase 700 mil no Brasil. E podemos dizer, com certeza, que o mundo mudou depois dessa crise sanitária. Assistimos a ação de um vírus respiratório novo, que é capaz de provocar quadros clínicos com impactos muito além dos prejuízos ao sistema respiratório. Felizmente, a ciência esteve em ação todo este tempo e não poupou esforços - e vidas, inclusive - para pesquisar incessantemente o que era esse inimigo e qual a forma de atenuar a sua força.
Médicos e enfermeiros estiveram na linha de frente, decobrindo na marra as técnicas de fazer as pessoas viverem mais, lotando os leitos de UTI e a cada dia tendo um pouco mais de informação sobre a doença e seus sintomas. Até hoje os laboratórios de pesquisa descobrem novas consequências do vírus e indicam aos profissionais de saúde as melhores técnicas para tratar melhor os efeitos da enfermidade.
É bom lembrar que nunca uma vacina foi fabricada em tão pouco tempo. No início de 2021 o mundo começava a ser imunizado. Os mais céticos duvidam da eficácia, mas foi aí que a curva das estatísticas de casos e mortes começou a vergar para baixo. Um estudo revelou que mais de 20 milhões de vidas foram poupadas graças à existência da vacina, somente em 2021. Naquele mesmo ano, o Instituto Butantã afirmou que 96% dos casos de morte por Covid eram de pessoas que não se vacinaram. "Não há outra forma de controlar a pandemia senão pela imunização coletiva", disseram os cientistas. E eles estavam certos. Três anos passados, é exatamente o que estamos vendo.
Cerca de 65% da população mundial está vacinada com duas doses, e 30% receberam doses de reforço. No Brasil, por exemplo, a taxa de mortalidade, que chegou a 201 por 100 mil habitantes em 2021, caiu para 36 no ano passado e, neste primeiro trimestre de 2023 está em três, segundo o painel do Conselho Nacional de Secretários da Saúde.
Os pesquisadores, porém, não consideram a pandemia encerrada. Tudo depende de um cenário global, pois não adianta as coisas estarem mais calmas no país da gente e no outro lado do mundo não. Infelizmente mais de 70 países no planeta aplicaram menos que uma dose de vacina, principalmente no continente africano, onde a imunização é baixíssima.
Mas o que esperar daqui para frente?
Os pesquisadores apostam numa tendência para os próximos anos: a sazonalidade do coronavírus, ou seja, haverá períodos do ano em que as pessoas serão infectadas e haverá mortes. Mas cada vez mais a documentação de casos e acompanhamento desse comportamento do vírus servirá para controlar a doença daqui para diante.
A chegada das vacinas bivalentes é o primeiro sinal do futuro das campanhas de imunização contra a Covid, embora as estratégias para os próximos anos ainda não esteja clara. Uma coisa é certa: a pesquisa, a ciência e a aplicação desses conhecimentos em ações práticas em consultórios e hospitais será fundamental para garantir maior qualidade de vida e combate ao vírus.
Vamos lá, torcendo para o fim da pandemia, e que tenhamos dias melhores pela frente.
Renato Martins, jornalista e professor, editor da Rede #AtitudePositiva.
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