Empreender é o maior sonho profissional dos moradores de favelas brasileiras. O desejo é abraçado por 35% dos respondentes de uma pesquisa conduzida pelo Data Favela que foi apresentada durante o Expo Favela Innovation, que começou nesta sexta-feira (17) em São Paulo. O instituto estima que a resposta represente a opinião de 6 milhões de pessoas. Dessas, 68% querem abrir um negócio na própria favela. O índice sobe (79%) quando o respondente tem 50 anos ou mais. "Sempre falam de nossos espaços como local de gente carente, e eu conheço gente potente", disse Celso Athayde, fundador da Favela Holding, na abertura do evento.
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Outros sonhos profissionais com respostas significativas são passar em um concurso público (12%) e conseguir um emprego (10%).
“Brasileiro quer empreender porque não aguenta mais baixar o nariz para chefe autoritário que te julga pela cor, pelo gênero, pelo lugar em que você mora”, afirmou Renato Meirelles, fundador do Instituto Locomotiva, responsável pelo Data Favela.
Os tipos de negócios que moradores de favela mais abrem:
- 15% Restaurante / Venda de refeições
- 10% Cuidado com beleza, saúde e estética
- 8% Comércio/Manutenção de roupas/Acessórios
- 6% Revenda de produtos cosméticos / Comunicação Social / Serviços Domésticos e Limpeza / Sorveterias ou Docerias
As pessoas que moram nas comunidades brasileiras teriam movimentado R$ 202 bilhões em renda própria no ano passado, de acordo com o instituto. O montante é R$ 12,6 bilhões a mais do que em 2021. Aliás, 7,9 milhões de moradores de favelas pretendem comprar móveis para casa nos próximos 12 meses.
Ainda de acordo com o estudo, o maior sonho dos moradores de favela, em geral, é ter uma casa própria (34%), e o índice é ainda maior entre mulheres (38%). Ter um negócio próprio (13%) e ter saúde (10%) aparecem em seguida. Apenas 1% respondeu que quer sair da favela.
Estima-se que 17,9 milhões de pessoas vivam em 5,8 milhões de domicílios em favelas no país atualmente. Atualmente existem 13,5 mil comunidades no Brasil, 500 a mais do que no ano passado. Se as favelas fossem um estado brasileiro, seriam o terceiro maior, perdendo apenas para São Paulo (47 mi) e Minas Gerais (21,5 mi). De toda essa população, em torno de 12,7 milhões são adultos com mais de 18 anos. As informações são do Data Favela, a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pesquisa também apresentou outros dados relacionados ao empreendedorismo, mercado de trabalho e renda. Confira:
- 61% já mentiram o endereço em entrevista de emprego.
- 29% estão desempregados.
- 78% dos trabalhadores da favela já empreenderam, empreendem ou querem empreender.
- Negócios ligados à economia criativa empregam 19% dos trabalhadores de favela (música, artesanato, poesia, produção de sites e videoclipes, entre outros).
- 50% dos moradores de favela empreendem, o equivalente a 5,2 milhões de pessoas acima de 18 anos, mas apenas 37% têm CNPJ.
- 9 em cada 10 moradores de favela possuem conta em banco.
- O meio de pagamento preferido é o dinheiro (62%), seguido por Pix (49%) e cartão de crédito (33%).
Leia a reportagem original no site PEGN
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