Aumenta o número de mulheres CEOs no país

A participação das mulheres nas presidências das empresas brasileiras subiu para 17% em 2022, quatro pontos percentuais acima dos 13% registrados em 2019. Os dados fazem parte de estudo realizado pelo Insper e o Talenses Group, da área de recrutamento, com 381 empresas no país. O levantamento, que será divulgado hoje, também indica que a presença das executivas aumentou entre cargos de vice-presidente, de 23% para 34%; e em conselhos (de 16% para 21%).

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“A pesquisa mostra ainda que, quando a presidência de uma companhia é exercida por uma mulher, há maiores chances de se ter uma alta gestão mais diversa, em relação a gênero e composição étnico-racial”, avalia a professora Ana Paula Rodrigues Diniz, coordenadora do Núcleo de Estudos de Diversidade e Inclusão no Trabalho do Insper. A maioria das empresas ouvidas pelos pesquisadores tem sede no Brasil (74%), na região Sudeste (83%), e conta com mais de 50 funcionários (78%).

De acordo com o relatório, quando a presidência é “feminina”, a proporção de mulheres em postos de decisão pode até quase triplicar - nos conselhos, a quantidade de executivas é 2,7 vezes maior do que nas empresas em que o posto máximo é ocupado por homens.

Na amostra sobre equidade racial nas posições de comando, os números indicam que em companhias em que a presidência é ocupada por um executivo, 90% da liderança é de pessoas brancas - nas chefiadas por mulheres, esse percentual cai para 75%. “Esses indicadores apresentam um reflexo positivo no comprometimento das chefias femininas em ‘equalizar’ as equipes de comando”, avalia Luiz Valente, CEO do Talenses Group. Quando mulheres estão na presidência, provocam um efeito cascata nos cargos de decisão, afirma.

Seguindo uma tendência identificada na pesquisa de 2019, a probabilidade de mulheres serem presidentes de empresas é maior em companhias nascidas no Brasil, de capital fechado e gestão familiar, de pequena estatura ou com até nove funcionários, e atuação no setor de serviços, detalha Diniz. “Sessenta e três por cento das pesquisadas com esse porte são geridas por executivas”, diz.

Vale ressaltar, diz a professora do Insper, que empresas de capital fechado também tendem a ser mais equitativas na composição de gênero das chefias do que corporações com papéis negociados em bolsa. “Entre 2019 e 2022, a participação feminina em postos de liderança nas organizações de capital fechado aumentou em todos os cargos, exceto na vice-presidência”, afirma.

Outra evolução também foi observada na proporção de gestoras nas presidências de organizações de capital aberto, diz. “Em 2019, apenas 1% dessas empresas era presidida por uma mulher. Essa parcela saltou para 7%, em 2022.”


Apesar dos avanços, os especialistas concordam que ainda há muito para ser conquistado, quando o assunto é diversidade de gênero no alto escalão. “Estamos avançando lentamente e a sensação é que andamos ‘de lado’, ao invés de evoluirmos de fato”, afirma Valente.

Ele explica que organizações que estão iniciando o caminho da equidade devem, em primeiro lugar, fazer um diagnóstico interno sobre o tema. Por exemplo, descobrir como a alta liderança enxerga a questão, sugere. “É preciso que a intenção de melhorar venha ‘de cima’”, orienta. “O desejo de mudar, de criar metas e planos de ação são alguns passos que fazem a diferença.”



As evidências apontam para uma correlação entre a existência de compromissos formais de ESG [boas práticas ambientais, sociais e de governança] e a mudança no perfil de gênero das lideranças, lembra Diniz. “Se a empresa possui uma agenda ESG, a probabilidade de uma mulher assumir a vice-presidência é 10% maior do que se a companhia não tiver essa preocupação.”

Planos de “empoderamento” e de igualdade de gênero em curso nas empresas também alavancam a contribuição das mulheres no C-level, lembra Fernando Ribeiro, pesquisador e professor do Insper. “A participação de executivas em conselhos fica cerca de duas vezes e meia maior quando essas ações são instituídas nas organizações, como mostra o estudo.”

Realizada desde 2017, a pesquisa Panorama Mulheres tem o objetivo de mapear a presença de executivas em postos de liderança, analisar os efeitos das presidências femininas na composição, por gênero, dos cargos de decisão, e estudar características de corporações comandadas pelas profissionais.

Leia o artigo original e completo no site Valor Econômico


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