INCRÍVEL: a freira moradora de Porto Alegre que completa 115 anos neste sábado (27)

Neste sábado (27), o dia será de comemoração na Casa de Acolhida Santo Henrique de Ossó, que fica junto à Casa Provincial Santa Teresa de Jesus, na Avenida João Pessoa, em Porto Alegre. Durante a semana, as religiosas que moram no local e os funcionários já preparavam balões, painel de parabéns e até um bolo cenográfico para a festa de aniversário de 115 anos da Irmã Inah Canabarro Lucas. 

A reportagem do site GZH fez uma visita à religiosa. Com um ar observador, a idosa chegou à sala principal em uma cadeira de rodas, perguntando quem estava lá. Não demorou muito, no entanto, para se soltar e até bater palmas ao avistar o bolo preparado para sua festa.

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Arquivo Pessoal


— Muito bonito, muito bonito! — exclamava, animada. 

Irmã Inah nasceu em 27 de maio de 1908, em São Francisco de Assis. Em seu primeiro ano de vida, o Brasil completava 18 anos de República, na presidência de Afonso Pena. Já o Rio Grande do Sul era governado por Carlos Barbosa e o prefeito de Porto Alegre era José Montaury. A freira também é bisneta do General David Canabarro, um dos líderes na Revolução Farroupilha, guerra que se estendeu de 1835 a 1845. 

— Ela é uma pessoa muito resignada, muito conformada, tudo está bom, para ela tudo serve, não é exigente. Ela sempre quer que todo mundo fique feliz em torno dela. É uma convivência muito boa — salienta a Irmã Lucia Ignez Bassotto, diretora da Casa Santo Enrique de Ossó.

Irmã Inah é considerada a pessoa viva validada com mais idade no Brasil pelo Gerontology Research Group (GRG), após a morte de Antônia da Santa Cruz, em janeiro de 2022. Ela tem a mesma idade de  Margarida Blanco Itaqui, na Fronteira Oeste, que teve sua história contada por GZH no início de maio, mas não está registrada no GRG.

Inah também é a mais velha da América Latina e a quinta pessoa  com mais idade do mundo ainda com vida — o ranking mundial é liderado atualmente por Maria Branyas Morera, de 116 anos, que mora na Espanha. 

Entre as freiras,  Inah se tornou a mais velha do mundo depois da morte da francesa Lucile Randon, em janeiro deste ano, aos 118 anos.  

Colorada de coração

Outra curiosidade da vida da religiosa está relacionada ao futebol. A irmã nasceu 11 meses antes da fundação do Internacional, seu clube do coração. No meio da conversa, não segurou a empolgação ao avistar uma das cuidadoras chegando com suas camisas do Inter, bandeira, almofada e a manta de pescoço com o distintivo do clube. Ela também não tira os dois bótons com o símbolo colorado da roupa e faz questão de fazer um pequeno "carinho" nos itens.

— É o time do povo. Do rico, do pobre. Do branco e do preto. De todo mundo. Gente muito boa. Eu gosto do vermelho e do branco. Que nosso Senhor abençoe todos os "internacionais" — diz a freira, enquanto segurava a camisa vermelha com seu nome e completava — O manto vermelho é bonito!

Irmã Inah faz parte da Companhia Santa Teresa de Jesus e não abre mão da rotina de oração, assistindo à Missa presencialmente ou pela televisão todos os dias. Ao longo da vida, foi professora de Português, Ciências e Artes, lecionando na Capital, Santana do Livramento e no Rio de Janeiro. Em julho de 2022, aos 114 anos, recebeu o título de imortal da Academia Luso-brasileira de Letras do Rio Grande do Sul.

No mesmo ano, deu um susto nas companheiras. Em outubro, foi diagnosticada com covid-19, mas logo se recuperou, tornando-se uma das sobreviventes mais antigas da doença. Apesar das limitações de locomoção, visão e audição pelo avanço da idade, apresenta boa saúde e confessa que gosta mesmo é de um docinho após as refeições.  

— Chocolate é uma coisinha muito boa. E doce de leite, bá! É uma maravilha! — comenta, dando risadas quando perguntada se esse seria o seu segredo. 

Irmã Inah diz que não pode faltar doce em sua comemoração. Durante a tarde deste sábado, um pequeno grupo de familiares, amigos e ex-alunos da religiosa estará na casa de acolhida para a celebração. Outros convidados irão no domingo, para evitar uma maior aglomeração. A ocasião será diferente do ano passado, quando ela estava hospitalizada, mas não deixou de cantar parabéns. 

— A lembrança que guardo com mais carinho é estar sempre acompanhada das pessoas amigas, conhecidas, benfeitoras, que me querem bem e eu também as quero. Um agradecimento sincero a todas as pessoas que estão me dando valor. E a bênção de Deus que é o principal. Acho que está tudo bom, graças a Deus — finaliza ela, abanando e agradecendo a visita, enquanto era levada de volta na cadeira de rodas com seus itens do colorado bem firmes no colo. 

Leia a reportagem original e veja fotos no site de GZH

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